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[ZAYN MALIK]

Preocupação. Este era o meu estado de espírito neste preciso momento. Conduzia o mais rápido que conseguia mas o caminho até sua casa parecia durar horas, quando são apenas alguns minutos. Eu não sei o que se passou mas não me parecia nada de bom. Quando cheguei sai rapidamente do meu carro indo a correr até a entrada e tive sorte porque a porta não estava trancada. Subi as escadas vendo que não estava ninguém cá em baixo, dirigindo-me para o seu quarto. Não havia barulho algum nas redondezas, talvez se tivesse acalmado, porque não ouvia o seu choro, entrei no seu quarto, não a via, ficando ainda mais preocupado, vi a porta da casa de banho aberta, apressei-me e pude sentir o meu coração parar de bater quando vi o seu corpo frágil deitado no chão, os seus olhos fechados enquanto o seu braço esquerdo estava completamente cortado e mutilado de todas as formas possíveis e o sangue ainda escorria.

-Care?! O quê que tu foste fazer!- Grito ajoelhando-me perto dela e em movimentos rápidos tentei ajuda-la, ela estava inconsciente mas o seu coração ainda batia. Agarrei na primeira toalha que me apareceu à frente e envolvia à volta do seu braço, apertando com força para tentar parar a hemorragia ou pelo menos atenuar a quantidade de sangue que saía dos seus cortes.

Agarrava o seu corpo contra mim, pressionando a minha mão contra o seu braço, agarrando a toalha enquanto peguei no telemóvel, que estava no meu bolso, e liguei para o 112. Comecei a dizer-lhes o que se passou e enervava-me porque eles pareciam demasiado calmos para o que estava a acontecer, ela podia morrer! Indiquei-lhes a morada, desligando logo de seguida e segurava-a contra mim fazendo sempre pressão sobre o seu braço. Sim, eu sentia medo. Muito medo. Eu tinha que a salvar, não iria aguentar perde-la!

-Care...fica comigo, não te quero perder, eu amo-te- Sussurrava beijando a sua testa lentamente, sentindo umas lágrimas escorrerem pelo meu rosto e limpei-o rapidamente.

Ainda sentia o seu coração bater, mas a sua pele estava demasiado pálida, e o seu corpo não reagia, ela tinha perdido demasiado sangue. Tinha receio de ter chegado tarde demais. Eu não podia negar, tinha-me apaixonado por esta rapariga, desde que cortamos relações que não consigo parar de pensar nela a cada segundo da minha vida, tudo me faz lembrar os momentos que já passamos juntos, e perde-la, aqui, nos meus braços, não está nos meus planos. Ela é forte, eu sei que vai conseguir superar isto.

Podia ouvir o barulho estridente da ambulância, enquanto observava o seu rosto. A toalha, antes branca, já estava repleta de vermelho, tal como o chão da casa de banho e a minha camisola. Agarrava nos meus braços vendo os enfermeiros entrarem no quarto. Ajudei-os no que pude, mas eles acabaram por tratar de tudo, deitando-a na maca e travando a hemorragia no seu braço e observo-os levarem-na para a ambulância. Respiro fundo, eles iria tratar dela, agora não podia fazer nada. Teria que avisar a sua mãe e ir para o hospital, mas antes queria limpar pelo menos o sangue que tinha nos meus braços e aquele que estava no chão da sua casa de banho. Limpei aquilo rapidamente, lavei as minhas mãos, troquei de camisola, ao encontrar uma que me pertencia no seu armário, e fui diretamente para o hospital, no meu carro. Quando lá cheguei tive que permanecer na sala de espera, avisei a sua mãe, que ficou preocupada e me disse que já estava a caminho.

Não conseguia parar de andar de um lado para o outro, tanto estava sentado como dois minutos depois já estava no outro canto da sala, olhando pela janela, a ver se distraia a minha mente. A sua mãe, Marie, quando chegou estava tão preocupada quando eu. Tentei acalma-la e assegurar-lhe que iria ficar tudo bem. Nem eu tinha certezas disso mas, teria que me segurar a alguma coisa, eu acreditava na sua força.

Então esta era a razão?! Sentei-me no sofá da sala de espera quando descobri as fotos e os vídeos que circulavam na Internet. Os dois aparecíamos neles. É claro que me senti um pouco atingido também, era a nossa vida pessoal, e agora estava espalhada pelas redes sociais. Suspiro lentamente passando as mãos pelo rosto, a sua mãe também acabou por ver as fotos, visto que andavam por todo o lado. Não sabia quem tinha sido o cabrão a fazer isto, mas teria que fazer alguma coisa. Não agora. Agora só me queria concentrar nela, e preocupar-me com a sua saúde e o seu bem-estar, mas mais tarde alguém iria pagar por isto.

Fiquei sentado e observava a sua mãe, que estava perto da janela, a olhar atentamente lá para fora. Imagino como ela devia estar, quando lhe contei ela confessou-me que não sabia que a Carol tinha estes problemas. Ela sabia que a sua filha tinha problemas com a comida e que já a tentou levar a um psicólogo, mas ela não quis meter lá os pés. Passado umas boas 2 horas de espera um médico veio até nós para nos dar novidades.

-São os familiares da Caroline May?- Ele perguntou olhando para a folha que tinha nas suas mão, assentimos e ele prosseguiu.- Conseguimos parar a hemorragia a tempo e suturamos os cortes no seu antebraço, e outros que tinha no seu corpo, num estado menos grave mas poderia ganhar alguma infeção, e esses pareciam bastante recentes também. Fizemos-lhe uma transfusão para reequilibrar os níveis de sangue no seu corpo e agora ligamos-la ao soro para obriga-la a se alimentar. Aconselhava-a a contactar algum psicólogo para a sua filha, devido aos seus problemas com a anorexia e com a auto-mutilação, para que algo deste género não volte a se reproduzir...Podem me seguir até ao seu quarto, peço-lhes apenas que não façam barulho, ela está a descansar, ainda está muito fraca. – Concorda-mos com o médico e seguimos-lo até ao quarto onde ela estava. Sorri de imediato ao vê-la deitada naquela cama de hospital. Ela poderia não estar no seu melhor mas sorria porque estava viva, isso para mim já era um milagre depois de todo o sangue que perdeu. Olho a sua mãe a começar a chorar de felicidade ao vê-la e sorri de leve dando-lhe um abraço.

-Tenha calma, vai ficar tudo bem, prometo-lhe- Sussurro para a Marie não fazer muito barulho, para a Care puder descansar- Eu vou cuidar bem da sua filha e tudo vai voltar ao normal.

-Obrigada Zayn, és um amor de rapaz- Ela abraça-me limpando as lágrimas e sorri olhando-a, sentando-me depois numa cadeira. – Eu vou buscar qualquer coisa para comer às máquinas, assim apanho um pouco de ar, queres alguma coisa? – Olho-a e nego agradecendo na mesma, vendo-a sair do quarto, agarrei o telemóvel e suspiro baixo ao ver, em qualquer rede social a que fosse, as nossas fotos espalhadas por todo o lado, e imensos vídeos. Desliguei o telemóvel quando olhei para a Carol, vendo-a acordar aos poucos e a ficar aflita, tentando tirar as agulhas e os pensos que tinha nos braços.

-Hey...Care, tem calma, eu estou aqui..- Digo levantando-me indo rapidamente até ela- Não te preocupes, eu estou aqui...-Sussurro agarrando as suas mãos lentamente para ela parar e pude observar os seus olhos a olharem para mim, e quando ela finalmente percebeu e se relembrou do que tinha acontecido a sua expressão mudou, os seus olhos tornaram-se lacrimejantes, e ela parecia ter medo ou sentir-se culpada pelo que aconteceu. – Shh...não chores,agora está tudo bem – Digo envolvendo os meus braços à sua volta, com cuidado, abraçando-a carinhosamente, beijando a sua testa de seguida. – Não voltes a fazer algo parecido, por favor...não suporto a ideia de te perder.- Acabo por dizer quando o nosso olhar se cruzou novamente, juntei os nossos lábios num beijo lento e apaixonado e podia ouvi-la a pedir desculpa imensas vezes, em pequenos sussurres. Assegurava-lhe que tudo iria ficar bem e para, sobretudo, não chorar mais, eu queria vê-la feliz. Limpei lentamente as suas lágrimas acariciando o seu rosto, e puxei uma cadeira, sentando-me assim perto da sua cama.

Olho a sua mão agarrar a minha rapidamente, parecia que tinha medo que fosse embora ou que não me voltasse a ver.

-Desculpa pelas fotos, eu tentei fazer de tudo para ninguém as ver, foi por isso que tivemos que nos afastar...mas alguém as publicou na mesma...- Ela dizia com a sua voz rouca e fraca enquanto percebia o quanto ela se sentia culpada e arrependida.

-Care aquilo não importa agora, não te preocupes, tens que descansar...- Assenti olhando-a, entrelaçando lentamente os nossos dedos e pousei os meus lábios na sua mão, num pequeno beijo. – A tua mãe só foi buscar algo para comer e não deve demorar, não quero que ela te veja assim triste, está bem?- Sorri de leve olhando-a assentir e voltar a encostar-se confortavelmente na cama, enquanto sentia os seus dedos acariciarem a minha mão devagar.

Care || Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora