Londres 24 de agosto de 1940
— Bom dia — disse Victor, se aproximando do balcão. — Vocês por acaso teriam esse remédio?
Victor tirou do bolso de sua calça uma receita de papel bege com uns rabiscos.
— Deixa eu dar uma olhada senhor — disse o atendente, pegando o papel e tentando decifrar qual era o remédio. — Bem, não estou conseguindo entender o resto da receita. Deixa eu só dar um pulo lá dentro para falar com o meu chefe.
O atendente foi em direção a uma porta no final do balcão e abriu colocando metade do seu corpo para dentro e a outra metade para fora, e poucos segundos depois ele voltou com a resposta.
— Temos sim, o senhor vai querer levar?
— Sim, por favor — respondeu Victor, tirando do bolso uma nota lilás de 20 libras esterlinas e entregando para o atendente.
O atendente abaixou para pegar o remédio enquanto um homem muito estranho entrava na farmácia. Ele estava vestindo o uniforme militar, porém estava velho, desgastado e até com alguns rasgos. Seu cabelo estava grande e sua barba malfeita, e pelo seu caminhar parecia arrastar de uma das pernas.
— Pronto está aqui seu remédio — disse o atendente, entregando uma sacola de papel para Victor, junto com seu troco.
— Obrigado — agradeceu Victor, pegando a sacola e seguindo em direção a saída.
Assim que ele virou de costas o homem que estava vagando entre as prateleiras retirou uma Walther P-38 e apontou para a cabeça do atendente.
— Me passa o dinheiro! Agora!
Ele segurava a arma em sua mão direita, enquanto esticava a outra para poder pegar o dinheiro.
Victor parou no meio do caminho e deu meia volta.
— Não faça isso — disse Victor, vendo o homem segurar uma pequena sacola de papel com todo o dinheiro do caixa.
— Vá embora rapaz, eu não quero te machucar — disse o homem.
— Eu sei que as coisas ficaram difíceis esse ano, mas o que o senhor está fazendo só vai piorar as coisas.
— Piorar as coisas?! E tem como piorar! — exclamou ele, apontando a arma na direção de Victor. — Você não tem noção do que a guerra faz com as pessoas!
— Abaixe essa arma — alertou Victor.
— E se eu não abaixar, vai fazer o que? Ou melhor e se eu resolver atirar na cabeça desse rapaz o que você vai fazer?!
Ele apontou a arma para cabeça do atendente.
— Esse será meu último aviso — disse Victor, semicerrando os olhos.
— Que se dane! — gritou o senhor, apertando o gatilho da arma.
No instante que o gatilho foi pressionado um som estridente de um trovão ecoou por todo aquele local, e milésimos de segundos depois Victor deu um tapa na mão do senhor fazendo com que a trajetória da bala desviasse da cabeça do atendente, criando assim um buraco na parede.
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A MALDIÇÃO DE RADIUS (EM REVISÃO)
MaceraVictor nasceu em Londres, no ano de 1878 d.c. Quando completou dez anos mudou-se com sua família para uma aldeia chamada de Tupã, no alto das montanhas do Canadá. Assim que chegou fez amizade com Kauane, uma garota de muita personalidade, e Cobi, um...