Já havia se passado três dias dês que eu tinha encontrado o Lobo nas margens do rio Yhalu, toda tarde ia à caverna levava comidas e remédios e madeira para um fogo improvisado.
Hoje não era diferente, atravessei a pequena ponte que levava a caverna, um caminho que já me era familiar.
- Oou! Garoto, pronto para!- desmontei com agilidade apesar do longo vestido- Evo, fique aqui!
Peguei as sacolas de pano, onde estava a carne, água e o remédio.
- Olá Lobo, como está essa tarde?
Ele já estava muito melhor de quando o achei, ainda não forçava a perna ferida mas arriscava dar algumas voltas pela caverna, acredito que mesmo estando machucado seu repouso mais parecia ser um cativeiro.
Mesmo com minha profunda dedicação, não havia conquistado sua confiança. Mas creio que seja pelas duas vezes que o enfeiticei, então não podia culpa-lo.
Me ajoelhei na frente da fogueira improvisada, e um por um, tirei o conteúdo da saco.
— Venha aqui, lhe trouxe uma coisa muito boa, quer ver?
Enquanto falava com ele, enchi a vasilha de barro com água fresca do rio e na outra coloquei uns pedaços de miúdos que consegui roubar de uma das caçadas do meu pai.
—Não tolo, não é a carne!— o lobo grunhio como filhote ao sentir o cheiro da carnê— isso aqui...— mostrei o colar de cura que eu havia esculpido, na noite passada— Ele ajuda curando ferimentos e afastando os espíritos da morte.
Era um simples talismã em que os antigos do meu povo acreditavam que se fosse feito da forma correta e dependendo da fé em que era esculpido, salva até o mais doente dos enfermos. Que minha determinação seja o suficiente, que a vontade de viver desse ser seja maior e mais forte que o rugido da morte.
Cum uma pequena prece, que finalizava o ritual, de joelhos me arrastei até onde o lobo estava e passo as pequenas cordinhas pelas suas orelhas pontudas, até estar no lugar certo no seu pescoço.
Sorri ao ver que o colar quase desaparecia por causa do pelo espeço. Afaguei atrás das orelhas, por alguma razão sentia o desejo de lhe acariciar e tirar um pouco da solidão dos seus olhos, fiquei imensamente feliz quando ele inclinou a cabeça em direção aos meus dados na sua bochecha buscando mais carinho, e fechou os olhos, inclinei-me para ele e beijei sua testa preta.
— Vá comer, deve estar com fome.
Indiquei as cumbucas perto das minhas coisas, uma com água e a outra com o reto da caça que não aproveitarmos.
Observei-o se alimentar, enquanto devorava um maçã.
***
— Deixa-me ver, fique quieto ou puxo seu pelo.
Com minha ameaça, ele finalmente ficou quieto. Melhor assim, o machucado estava começando a querer inflamar, por conta de alguns pelos que entravam na ferida. Então com meu pequeno punhal cortei todo o pelo em volta do machado e novamente fiz o curativo, coloquei as ervas que não deixariam infectar, e com o colar de cura, amanhã com certeza ele já estaria melhor novamente.
— Você vai sobreviver — sorri divertida, junto tudo que trouxe e me levanto —Nos vemos manhã?
Só que minha pergunta saiu mais como uma afirmação, não corrigi– de alguma forma sabia que ele estaria alí– apenas caminhei em direção de Evo que me esperava do lado de um carvalho pacientemente, e parti em rumo ao chalé sentido o peso do olhar do lobo nas minhas contas.
![](https://img.wattpad.com/cover/86097342-288-k528406.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Lobo que Eu Amo [Revisão]
FantasiEm um pequeno chalé no vale, vive uma garota sonhadora. Zeya Nowmas, é uma moça que dês se muito cedo se vê na obrigação de criar os irmãos menores, depois da morte da mãe. Com um pai que não os ama, e que não aceita seus dons, a vida é um pouco com...