Capítulo XXII

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Não consigo fazer nada durante a aula, na verdade nem tirei os meus materiais da mochila. Meu cérebro parece um pedaço de carne sendo passado no moedor. Já tomei dois anador e nada faz com que essa dor desapareça. Estou tendo um ataque de ansiedade, só pode, o que aconteceu durante a manhã de hoje está me tirando do sério.

Os cortes na barriga da Maria Augusta estão me fazendo surtar, afinal que diabos era aquilo? Primeiros os roxos, agora isso! Estou realmente achando que essa garota pode estar sofrendo algum tipo de tortura física. Preciso falar com ela, preciso ouvir uma explicação sua, porque agora eu já estou envolvido e não vou conseguir relaxar enquanto não souber o que está acontecendo.

_Maurício, qual é o valor da hipotenusa? – a voz do professor Theodoro me tira do transe, estão todos olhando para mim, menos a Maria Augusta, claro.

_O quê?

_A hipotenusa, qual o valor?

Olho para o quadro e vejo vários triângulos, porém não faço a mínima ideia de qual ele se refere.

_Não sei!

_Ótimo, você está mesmo prestando atenção na minha aula! – ironiza.

_É obvio que não estou prestando atenção na sua aula, é óbvio que não estou interessado e é mais óbvio ainda que você sabe disso!

Alguns alunos riem, outros ficam espantados com a minha resposta, mas de todo isso traz um resultado: Maria Augusta se vira para trás, olhando para mim pela primeira vez desde que saiu da minha casa.

_Obrigado pela sinceridade Villario e pode ter certeza que vou ser bem sincero na hora de lançar as suas notas também!

_Estou contando com isso! – reviro os olhos, ele bufa.

Theodoro vai até o seu diário e anota alguma coisa, eu resmungo um "vai a merda" baixinho. Pedro se vira em cima da minha mesa.

_O que deu em você?

_Minha cabeça está explodindo!

_Pede para ir embora então! Você enlouqueceu, nem eu falo assim com ele, Theo é implicante, agora você está marcado!

_Estou pouco me lixando.

_Me surpreende muito essa sua atitude Mauricinho.

_Não me irrita mais, por favor!

Ele volta a olhar para frente e o professor volta a passar matéria no quadro. Todos continuam o que estavam fazendo antes, exceto ela. Magu continua me encarando e espero que esteja bem claro na minha expressão que precisamos conversar. Não dura muito, ela volta a ser indiferente em seguida, olhando novamente para o quadro negro.

O tempo antes do recreio passa rapidamente depois do meu pequeno escândalo e quando o sinal bate eu aviso para os garotos que não vou sair.

_Vou ficar aqui na sala porque estou morrendo de dor de cabeça!

_Ok, esquisitão! – fala o Pedro saindo rápido do lugar, ele provavelmente quer encontrar sua nova garota.

_Você quer que eu pegue comida para você? – pergunta Vinicius.

_Não, obrigado! – só quero que todos saiam.

Felizmente a sala se esvazia depressa, até sobrarmos só eu e aquela pessoa.

_Sai daqui! – Maria Augusta abre a boca assim que percebe que estamos sozinhos, porém continua sentada da mesma forma, reta e olhando para o quadro.

A Detestável Letra MOnde histórias criam vida. Descubra agora