Um Novo Começo

Lembranças

Passei o resto do dia com Anne, ela soube exatamente o que falar como sempre, fomos até o final da praia onde começava a mudança entre areia e as camadas rochosas que separavam o mar do oceano, subimos até a rocha mais afastada e mais alta -onde costumávamos ir quando eu morava aqui- e gritamos bem alto todos os palavrões que pudessem ser proferidos pra os dois. Ficamos lá mais um bom tempo, até que a mãe dela ligou perguntando que pizza queríamos -a tia dani sabia que eu estava por aqui e sabia que amava pizza, era como uma segunda mãe- fomos até sua casa -depois de eu ter ligado para meu pai avisando- e eles como sempre me trataram muito bem, perguntando sobre minha mãe e o divorcio, são provavelmente as únicas pessoas que não me sinto desconfortável de falar sobre, talvez o fato de conhecer eles desde que eu era pequena ajude nisso - minha amizade com Anne começou durante a pré escola e desde então viramos inseparáveis, até esse ano, mas vejo como mesmo a distância não muda nada em uma amizade verdadeira-. Quando ficamos no quarto dela depois da pizza ela começou a me contar o que tinha rolado até agora, já que com toda a confusão de traição, não tínhamos parado pra conversar mesmo, então ela começou a contar sobre uma festa que teve na casa da Bianca, onde o Erick acabou bebendo mais do que costume e começou a chamar por mim; segundo ela teve vários vídeos dele chorando e dizendo que me amava ainda e aquilo me acertou como uma bola no estomago, ele tinha sido meu primeiro amor, namoramos durante dois anos e uma minuscula parte de mim ainda restringia um sentimento por ele, mas foi abafada após tanta decepção e dor que ele me causou, fazia cerca de cinco meses que tudo tinha acontecido quando eu me mudei, cinco meses desde que eu tinha feito 16, ou seja quando completou exatamente dois anos de namoro já que ele tinha o feito nos meus 14, o aniversario mais triste e mais feliz da minha vida respectivamente. vivíamos um relacionamento ótimo, meus pais o adoravam e os dele também, todos achavam que eramos fofos juntos e todo o resto de 'contos de fadas'. Só que no fatídico dia antes do meu aniversário, fui visitar ele em sua casa, seus pais não estavam, mas eu sabia onde ficava a chave reserva e quando abri a porta eu me deparei com a cena mais humilhante, onde meu namorado estava sobre a garota mais desejada do colégio e sem roupa, mas diferente do que aconteceu com Chris -que eu sai dali na hora- eu fiquei paralisada vendo aquela cena na minha frente, eles não perceberam de imediato minha presença ali e ouvi tudo que não precisava ouvir naquele momento; que aquilo acontecia a muito tempo e que ele não precisava mais de mim, quando soltei meu grito horrorizado não pude ouvir a resposta dele, mas continuei imóvel, mesmo querendo sair fugindo pro mais longe possível daquilo, minhas pernas não ouviam o comando da minha cabeça e enquanto Erick tentava se desculpar e ela com seu sorriso sarcástico explanado no rosto eu sai do meu torpor e sai, corri pra tão longe que acabei me perdendo, mas antes de recobrar os sentidos e procurar pela minha casa, parei em um parque de criança, e sentada no balanço desabei a chorar, meu celular não parava de tocar com Erick e minha mãe preocupados de onde eu estava, quem me achou foi Anne, ligou pra minha mãe -que já sabia do acontecido- e pediu pra me deixar dormir na casa dela, eu virei uma noite chorando e com os olhos inchados e 70 ligações e 200 mensagens de Erick -sem brincadeira- foi como eu comecei meu dia de aniversário, aquilo matou um pouco da inocente 'eu' pois eu nunca esperava tanta dor causada por alguém que eu amava extremamente -e que tecnicamente deveria me amar também- foi o pior dia da minha vida; Quando abri a porta de Chris eu vi aquela cena se repetindo na minha cabeça fiquei desnorteada, e a unica coisa que me veio na cabeça foi de como eu não deixaria aquilo acontecer de novo, então tudo que pude fazer foi sair o mais rápido dali, e agora isso me atormentava duplamente, será que eu era o problema? 

-Alô? - disse Anne estralando os dedos na frente do meu rosto - tem alguém aí? Terra chamando Claire.

- Eu to bem - falei 'voltando' a realidade- é só que me fez lembrar de tudo e...

-É, eu percebi que você ficou fora do ar, por pelo menos uns cinco minutos - ela disse rindo, mas ainda com um ar preocupado- como você se sente de saber disso? 

-Acho que...não sei, realmente não sei -dei uma pausa, mas logo continuei- eu...eu ainda guardo um sentimento por ele sabe? Não faz um ano ainda e por mais que com certeza eu não queira mais nada com ele, isso ainda mexe comigo.

-Normal amiga, ele foi importante pra você, mas agora vida que segue, querendo ou não você tem outras pessoas pra se preocupara agora -ela disse com seu sorriso torto afetuoso.

Ela tava certa eu tinha muito mais com o que me preocupar.

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Quando conversamos sobre tudo, eu disse que precisava ir, porque ainda era o fim de semana com o meu pai e dormir na casa dele fazia parte do trato, afinal eu tinha pulado um fim de semana, o seu Torn se ofereceu pra me levar pra casa, mas como eram só duas quadras eu falei que não precisava e fui indo de boa pra casa, mas aquela coisa sobre Erick não saia da minha cabeça, enquanto minha cabeça tava longe -como sempre- eu esbarrei em algo..alguém 

-Uff...descul...Erick?!! -falei tentando recuperar o ar- o que você ta fazendo aqui?

-Humm, aqui é a minha casa se você não se lembra -ele disse apontando pra casa um pouco mais a frente dele- o que você ta fazendo aqui?

Me senti uma idiota completa, eu acabei pegando o caminho pra casa dele sem querer

-Eu, err...tava vindo da casa da Anne, mas acho que me perdi -uma desculpa muito esfarrapada.

-Sei -ele disse completamente casual como se tivesse acreditado naquela farsa- quer que eu te ajude?

Eu não precisava de ajuda mesmo, mas depois daquilo não tinha muito o que fazer senão aceitar.

-Claro, seria bom -forcei um sorriso.

Ficamos em silencio durante um bom tempo, até que ele puxou assunto:

-Como ta sendo a vida na nova cidade? -falou mexendo nos cabelos morenos, claro sinal de que estava nervoso. Tentei ser compreensiva.

-Ah, esta boa, é bom recomeçar -eu quase soltei uma gargalhada, recomeçar, até parece.

Ele assentiu; ficou mais um momento de silencio, até que eu parei, e motivada com todo meu meu emocional ridiculamente abalado e falei:

-Por que você me traiu? -aquela pergunta que eu nunca tinha feito pra ele, exatamente por saber que era ridícula. A expressão dele mostrou surpresa e ele claramente não tinha o que falar.

Eu não 'ligava' no momento mais porque ele tinha feito, mas precisava desesperadamente saber se o problema era comigo, porque todos faziam isso comigo? Nesse momento eu comecei a chorar e ele instintivamente me abraçou, então veio tudo, contei sobre meu novo -ex- namorado, eu nem sei mesmo o porquê de ter feito, só senti que isso traria alguma explicação pra ele. Após ouvir tudo ele me abraçou de volta e pediu desculpas pelo o que tinha feito.

- Eu fui um completo idiota Claire, e aposto que esse cara -ele disse vacilante, como se doesse- também se sente assim, o problema não esta com você, tenha certeza.

E aquilo bastaria, como um peso enorme retirado das suas costas. Com certeza era o fim, se eu não o tivesse beijado.

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OIIIIIIII, tudo bom???? Não acredito que voltei a escrever depois de quase 2 anosssssss. Eu tava relendo esses dias, e fiquei com vontade de terminar, acho que ninguem mais acompanha isso né? Mas de qualquer forma espero que gostemm, votem e comentemm