Capítulo 22 Ana - Certeza...

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Assim que Peter entrou naquele avião eu tive certeza...

Certeza de que não conseguiria mais viver sem ele, ou Steph.

Certeza de que devia ter me entregado a ele na noite passada.

Certeza de que seriam os três dias mais longos da minha vida.

Agora deitada na banheira, essa certeza se faz mais pronunciada. Nunca pensei ser tão dependente de alguém como sou dos dois. Eles são tão importantes pra mim quanto meus objetivos de vida.

Não sei como isso aconteceu, nem quando aconteceu. Simplesmente aconteceu.

Na primeira vez que os vi, naquele quarto do clube. Tive certeza que minha ESCOLHA de entrar naquele quarto não teria volta. É incrível como o inconsciente avisa a gente quanto estamos prestes á fazer uma escolha que muda nossa vida para sempre.

O meu, avisou... "Mas já era tarde para mim". Eu já estava rendida a atração que sentia por eles. Não tinha como voltar atrás.

Minha semana estava sendo de longe a mais irritante de todas.

Primeiro; Peter viaja, sinto uma saudade dele que faz meu peito apertar.

Segundo; não avisa que chegou bem. Nem ao menos liga aquela porra de celular, pra dizer que está vivo. Poxa, ele fez uma viagem de mais de 10 horas! Ele não foi à esquina comprar café, ele foi para o Rio de Janeiro.

Esse é outro ponto que me irrita. Essa história que ele contou, de que tinha que levar uns documentos para minha mãe pessoalmente, estava muito mal contada. Que documentos eram esses que ele não podia enviar por transportadora?...

Terceiro; depois de ficar em casa esperando Peter dar o ar da graça e perder toda a manhã na faculdade, discuti com meu orientador. Na verdade agora olhando bem friamente a situação, o problema foi que eu estava frustrada e acabei descontando no orientador, que por sua vez me fez refazer parte do meu artigo. Mas no fim, ele tinha razão eu tinha que me aprofundar mais em algumas coisas. Passei boa parte da semana consertando e lendo para melhorá-lo.

Quarto; e talvez mais difícil ponto, eu estava sexualmente excitada e frustrada. Durante esses três dias em que Peter não estava, eu e Steph dormimos na mesma cama, como sempre, mas apenas isso.

Era estranha essa sensação de ter algo faltando. Sempre que nós deitávamos ou nos beijávamos, parecia que a cama era grande de mais ou faltava alguém para nos observar enquanto nos beijávamos. "Essa sensação não fazia sentido, mas sentimentos não fazem sentido mesmo..."

Sorri lembrando da cara de Peter quando eu beijei Steph, no primeiro dia em que ele estava no Rio. Parecia que ele queria pular dentro da tela, nos amarrar na cama e nos deixar loucas por ele. Tenho certeza que foi isso que ele pensou. Mas ele mereceu, custa deixar o celular ligado.

Só que o que mais estava me irritando era o fato de eu ter deixado as oportunidades de ter um momento mais profundo com Peter passar.

Fechei meus olhos e me permiti relaxar e esquecer um pouco tudo que me consumiu essa semana. A música de Tiago Iorc tocava...

"Ah, quase ninguém vê
Quanto mais o tempo passa

Mais aumenta a graça em te viver, êh

Ah, e sai sem eu dizer
Tem mais do que te mostro
Não escondo quanto gosto de você, êh iêh êh..."

Essa música me fazia lembrar de Peter. Queria ter o corpo grande dele sob o meu. Ter sua boca na minha. Seus dedos dentro mim me alargando. "Como seria ter ele dentro de mim? Todo grande e grosso, me alargando..."

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