Um mês depois...
Sentada em minha cadeira atrás da mesa que foi um dia de meu pai, trouxe um sentimento de casa. De ter encontrado finalmente meu lugar no mundo.
Engraçado como a vida pode nos surpreender e trazer coisas boas em pouco tempo. Se alguém, há mais de dois anos atrás, tivesse me dito que eu iria estar casada, grávida de gêmeos, a frente da empresa que foi de meu pai, eu diria que essa pessoa estava consumindo alucinógenos.
Mas minha vida tinha se tornado tudo aquilo que nunca pensei pra mim. Eu tinha uma família, dois amores e a M&M, a empresa de meu pai.
Eu sempre quis ter uma empresa, a minha empresa, mas nunca pensei em reaver a empresa de meu pai. Hoje vejo que deveria sim, ter pensado nisso. Faz todo sentido. Ninguém melhor que eu pra seguir com ela.
Passei a mão em minha barriga, não acreditava que já tinha se passado oito meses. Logo meus filhos estariam conosco.
Foi difícil aceitar a gravidez. Não que estivesse infeliz com ela. Mas sabia que seriam dias difíceis com duas crianças em casa e uma empresa para tocar.
O que me consolava era saber que Steph me apoiaria e me ajudaria em tudo. Ela dividiria comigo até a tarefa de amamentar. Peter com certeza seria o melhor pai do mundo. Sabia que podia contar com meus amores.
Era incrível ver como Steph se empenhava com tudo que dizia respeito a nós, nossa casa, a nossa família.
Nosso casamento foi perfeito. Tudo como tinha que ser.
Viro-me na cadeira e olho a estante de meu pai. Agora tinha uma foto do nosso casamento, o sol batia no fundo deixando a foto iluminada, todos sorriam e se olhavam. Tinha uma foto nossa grávida, essa nós tiramos em casa, foi mamãe quem tirou para nós. Estávamos os três empolgados no dia que montamos o quarto dos gêmeos. Mamãe aproveitou o momento em que Peter levantou minha blusa e junto com Steph beijou minha barriga. Essa foto era a minha preferida, nela víamos claramente o amor e a alegria estampados nos rostos de todos.
Tinha trazido uma foto minha e de Emy, quando éramos crianças. Uma foto de mamãe e papai e uma foto de mamãe e Dindo. Todos estávamos felizes naquelas fotos.
Pousei meus olhos na foto de minha irmã. Como ela era diferente naquela época. Era realmente feliz. Como em Nova York, ou na Rússia. Agora ela só transparecia tristeza.
Sabia o que ela estava fazendo. Estava se punindo. No fundo ela achava que merecia sofrer e ficar sem o amor da vida dela, pela escolha errada que fez.
O som do telefone na minha mesa me tirou do devaneio.
--Sim Cibele.
--Sua irmã na linha um.
--Pode passar.
--Alô, Ana?
A voz de Emy era ofegante. Cansada.
--O que houve Emy?
--Não acho a documentação de alvará dos bombeiros.
Eu sorri minha irmã era uma negação para administrar qualquer coisa. Mas era a pessoa mais talentosa que eu conheço.
--Na pasta preta, onde diz "documentos".
--Já olhei não está lá.
Eu pensei um pouco.
--Pegue pasta na mão.
Ouvi um barulho.
--Peguei.
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Escolhas...
RomanceSíntese Todos nós um dia nos vimos frente a uma escolha. Se formos pensar bem, todos os dias fazemos escolhas. Algumas insignificantes, outras que mudam nossas vidas para sempre. Com Ana, Stephanie e Peter foi isso o que aconteceu. Um encontro...