Kallissa 3

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Kallissa 3

Pelas frestas de sua barraca, Kallissa assistia seu pai cavalgar sempre para longe dela.

Mesmo sua barraca estando montada sobre as costas largas de um gigantesco porem achatado animal de seis patas, mesmo que ela soubesse que a montaria de seu pai nunca sairia de sua visão, no seu peito ela o via indo embora. Em algum lugar do passado ela o perdeu.

Não foram nos anos de alegria, quando ele a carregava nas costas, e corria pelos corredores de seu castelo, rindo, brincando. Foram tantos anos, mas ela piscou e quando abriu novamente os olhos a alegria tinha indo embora, junto com brincadeiras, junto com os risos, junto com Alex.

A guerra contra os Leopardos havia terminado, e os selvagens foram praticamente extintos, mas o custo de vencer a guerra foi alto demais, ela não perdeu apenas seu irmão mais velho, quando ela perdeu Alex ela também perdeu seu pai.

– Você vai casar com ele? – Mars perguntou de seu lado da barraca, cercados por tantos livros que quase faziam um pequeno forte. Ele tinha dois livros abertos em seu colo, ele tinha o habito de conversar com ela sem nunca olhar para ela diretamente, se ele realmente lia enquanto falava, ou se era apenas uma desculpa para não fitar seus olhos ela não tinha ideia. Quem sabe os dois.

– Eu não sei.

– Edruss e um idiota, e você vai ser uma idiota de abrir mão do seu direito de sucessão para ser uma wokam.

– Não e tão simples.

 – Você gosta dele e isso?

Kallissa não queria responder, ela não sabia o que responder.

– Me diz, e por que ele e bom com a espada, ou e por que ele e belo e forte? Ou seria o conjunto? Como nosso pai tão bem colocou, o conjunto das qualidades dos Hysku, burrice, obediência e brutalidade.

Foi então notou, que cada dia que passava Mars ficava mais parecido com sua mãe. O mesmo pelo branco neve, imaculados pelo preto que era tão comum em todos os outros. Até mesmo seus olhos de um azul tão claro que parecia ser branco. É por isso que ele sempre usa chapéus, para esconder de todos sua beleza andrógina.

 Isso também explicava muito as roupas negras e sombrias que Mars usava. Exageradas, como as dos vilões das peças.

O trompete tocou lhe dando um susto. O som significava apenas uma coisa.

– Nós chegamos! Nós chegamos! – Mars gritava subitamente feliz e eufórico, derrubando suas pilhas de livros ao correr para fora da barraca puxando Kallissa com ele.

Do lado de fora, ao lado do Domador que guiava o Baddok, ela avistou as quatro torres. Não muito depois, vislumbrou os muros da cidade. Por fim, as casas. Milhares e milhares de casas que se estendiam como um oceano de concreto e madeira, engolindo todo o horizonte à sua frente.

– É maravilhosa!... – ela sussurrou encantada. – Eu não tinha ideia.

– Mais de um milhão de habitantes. Basília é a maior cidade do mundo conhecido. – explicou o Domador, com orgulho.

– Na verdade, a capital de Tróferos é a maior cidade do mundo conhecido. – esclareceu Mars, tão logo passou por debaixo da cortina. – Me levanta.

Kallissa o pegou e o colocou montado sobre seus ombros.

– Os felinos são polígamos. Isso tem ajudado com sua taxa de natalidade. Enquanto que a nossa é de cinco por cento, a deles está perto dos nove. – concluiu Mars.

– Meu nobre, perdoe-me por lhe contradizer, mas somos e sempre seremos os maiores. Nossa glória é conhecida por todos, assim meu pai me falou, como o pai de meu pai falou para ele. Todos conhecem a verdade da gloria de Caltos.

Rainha do GeloWhere stories live. Discover now