Mars 2

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Mars 2

O mais alto dos cavaleiros sorria, um sorriso de alegria.

­Debaixo dos mantos escuros, os cavaleiros usavam armaduras de corrente e cobertos por um tecido branco com mesmo símbolo, um infinito formado por duas luas lado a lado.

Todos eles cavalgavam a mesma raça de montaria, Coranos. 

Coranos eram animais de carga, com pernas grossas e carcaça corpulenta, não importava a raça, todos sempre tinham uma aparência intimidadora. Com alguns de seus ossos saindo de sua pele e ficando expostos do lado externo. Seus olhos se estendiam como monóculos e se moviam independentes um do outro.

Mars estava para dizer algo quando Edruss deu um passo a frente.

– Mars. – Falou Edruss num tom calmo que fez com que todos olhassem para ele. Se as queimaduras em seu rosto e braço doíam ninguém poderia dizer, ele estava quase que sereno.

– O que?

– Corre. – e com isso Edruss se atirou sobre o primeiro cavaleiro, o maior deles, com mais que dois metros de altura.

Eu deveria correr. Só que Mars não correu, ele assistiu seu primo derrubar o canino gigantesco de sua montaria, e brutalmente esmurra-lo no rosto.

Ou eu ajudo ou eu corro. Mars então se vira para correr, ao virar ele viu a irmã no chão. Maldição Kalli, se eu morrer a culpa e sua.

Quando Mars se vira de volta o canino gigantesco esta de pé, segurando Edruss sobre sua cabeça com as duas mãos, ele joga seu primo no chão a sua frente como se este fosse um saco de grãos.

Edruss mal cai e se levanta pronto para continuar.

– Chega. – Falou um dos dois outros cavaleiros, que segurava uma besta armada e apontada na direção de Edruss. O outro já estava com sua espada desembainhada.

– O que em nome do maldito Eru vocês acham que estão fazendo? – Falou o gigante cavaleiro. – Por que você me atacou?

Por que eles não atacam? Será que eu me enganei?

Mars não sabia o que responder, a resposta errada poderia custar sua vida. Edruss olhava para ele confuso. ­

– Menino, não viemos aqui para lhe fazer mal, fomos enviados para salvá-los. – Falou o líder.

Claro que sim, e adivinhou que estaríamos em perigo. Mas se eles não querem nos matar o que querem?

– Quem são vocês? – Perguntou Mars.

– Nós somos conhecidos como a Fraternidade Branca.

­Se eu perguntar como ele sabia que estaríamos em perigo e ele não tiver pensado numa boa resposta eu perco a vantagem dele achar que estou sendo enganado. E melhor fingir que acredito neles.

– Como vocês sabiam do fogo? – Edruss perguntou ainda ódio em seu olhar. Cala a boca seu idiota.

– Não sabíamos do fogo. Sabíamos apenas que nossa missão era resgatar o Paramor dos Hysku de um complô contra sua vida.

– Sabiam como? – Perguntou Edruss.

– Você não vai acreditar em mim se eu te falar.

Claro que não vou, porém você não tem que saber disso.

– Sabiam como? – Edruss perguntou novamente. – E lhe aviso, a resposta errada vai lhe custar a vida.

Sonhador conturbado, esse idiota vai nos matar.

O cavaleiro não respondeu, ele apenas desembainhou sua lâmina, e caminhou na direção de Edruss.

– Minha espada. – O gigantesco canino entrega sua espada a Edruss. – Olhe nos meus olhos, eu não sou seu inimigo, se duvida de minha palavra é seu dever usar a espada. Mas se você acredita em mim, estamos perdendo um tempo precioso.

Mars observou que o cavaleiro com a besta, continuava com ela apontada para Edruss. É um truque.

­– Eu acredito nele Edruss, devolva a espada. – Falou Mars.

– Mas você falou...

– Esquece o que eu falei e escuta o que eu estou falando agora, devolve a espada.

– E se você estiver errado novamente.

Seu cretino, seu eu estiver errado novamente é por que eu estava certo na primeira vez.

– Me obedece Edruss, devolve a espada.

Edruss ignora Mars e retorna seu olhar ao líder do grupo.

– Eu não vou perguntar outra vez. – Era o mesmo tom calmo de antes. Ele quer matar alguém, matar ou morrer e o caminho mais simples para ele.

­– Uma profecia de Myr.

Mal o cavaleiro proferiu suas palavras outro Corano passou pelos portões caídos da vila, trazendo consigo uma carroça, que era dirigida por um velho canino de sangue tão misturado que era impossível encontrar qualquer característica de qualquer uma das grandes Linhagens. No seu pescoço o velho tinha uma enojadora cicatriz que ia de orelha a orelha.

– Edruss, olha. – Mars falou quase em súplica. – Eles não trariam uma carroça se não tivessem planos para nos resgatar com vida. – Eles nos querem vivos por hora, seja esperto e finja acreditar na mentira, ou seja burro e acredite nela.

Mas Edruss já tinha decidido, com um grito de guerra, ele se lança ao líder. Antes de alcançar seu segundo passo, um dardo em seu peito o derrubou de joelhos ao chão. Sangue escorria de sua boca, mas seus olhos eram o mais assustador de tudo, seus olhos tinham sede, um desejo soberano de morte, que seria saciado antes que seu último suspiro fosse dado.

Edruss se levantou usando a espada como apoio, e caminhou na direção do líder. Ele Deu cinco passos, no sexto outro dardo encontrou seu estomago.

Mars não esperou seu primo cair ao chão, ele correu deixando sua irmã para trás. Me desculpa Kalli.

Sem olhar para trás ele ouviu o galopar se aproximando. Era o som da morte, quanto maior, mais perto. É minha vez. Seus olhos estavam abertos só que ele não via para onde ia, não existia mais nada em seu mundo, apenas o som do galopar, cada vez mais alto.

Eu não quero morrer.

Foi quando sentiu o golpe na cabeça, foi quando seu mundo caiu aos seus pés.

Não assim. Pensou antes de ser engolido pelo nada.   

Rainha do GeloWhere stories live. Discover now