Capítulo seis - Novo cargo

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  Os raios solares começaram a se infiltrar por entre as nuvens que há essas horas já não possuíam tanta magnificência e quase não apareciam no céu levemente iluminado. O sol levantava-se no horizonte majestoso e implacável ofuscando os pequenos e brilhantes diamantes que outrora iluminaram o céu escurecido. Um novo dia acabara de começar e em breve os cidadãos de Volterra acordariam dando início a sua rotina de sempre.
O baile tinha visto seu fim há algumas horas atrás e enquanto alguns dos convidados já haviam se retirado tanto do baile quanto da "cidade protegida" outros optaram por se hospedarem-se mais alguns dias no palácio – para a grande felicidade de Aro, a família Cullen eram alguns do que optaram por ficar –, aproveitando-se da hospitalidade dos Volturi.
Eu estava atualmente passeando pelos corredores, verificando a segurança do castelo – eu simplesmente não confiava em ninguém, principalmente em hospedes de famílias talentosas. Zombei internamente.
"O que está fazendo?" – A voz de Demetri surgiu ao meu lado e eu revirei os olhos.
"Vejo que a sutileza e capacidade de apresentar-se sem muita cerimônia não foram qualidades obtidas por você na imortalidade" – Zombei.
"Ei! Vamos com calma Jane" – Sorriu de lado em uma expressão que para qualquer outra pessoa se mostraria cativante.
"Eu estava apenas passeando pelos corredores e verificando se algum de nós não estivesse queimado no chão de mármore antes de você me interromper" – Falei vagamente e continuei andando.
"Você é assustadora" – Suspirou ele – "Lembre-me novamente dos motivos pelos quais eu a amo"
"São infinitos, mas dentre os principais, eu sou sua namorada, é seu dever amar-me" – Sorri.
"Oh sim, claro" – Voltou a andar comigo.
"Algum progresso com Heidi?" – Perguntei. Embora o principal motivo de estar com Demetri fosse obter algum reconhecimento de sentimentos por parte de Aro, Demetri sempre foi um grande amigo e eu realmente desejava sua felicidade.
"Não há muito que dizer, só se passaram algumas horas desde que declaramos nosso amor eterno uns aos outros" – Ele piscou – "Ela não deu muitos sinais, para falar a verdade, ela nem ao menos me notou" – Suspirou derrotado e eu parei o olhando. Eu simpatizava com a dor de Demetri, era parecida com a minha. Só que no meu caso Aro era apenas irritantemente teimoso e... Lindo. Sacudi a cabeça suavemente. 'Foco Jane!'
"Não se deixe abalar por isso Demetri, como você mesmo disse passaram-se apenas algumas horas. Ela virá eventualmente" – Sorri e tentei o meu melhor para abraça-lo e transmitir algum conforto.
"Obrigado Jane" – Sussurrou no meu ouvido e me abraçou de volta. Fomos interrompidos pelo barulho de uma garganta.
"Interrompo algo?" – Meu corpo inteiro arrepiou-se ao ouvir o som daquela voz e tenho absoluta certeza de que se meu coração batesse, ele estaria a ponto de sair por minha boca. Desvencilhei-me de Demetri.
"Não mestre" – Demetri respondeu e eu apenas o encarei. Aqueles olhos vermelhos tinham a capacidade de enxergar facilmente as coisas mais ocultas. Nossos olhos se encontraram e um milhão de estrelas explodiram no espaço.
"Espero que este tipo de comportamento não venha a se tornar algo comum" – Repreendeu em um tom seco. Franzi o cenho e o olhei.
"Desculpe-me senhor, mas a que comportamento se refere?" – Minha voz saiu mais fraca do que achei que sairia. Efeitos de Aro.
"Este tipo de comportamento querida Jane. Não é porque estão em algum tipo de relacionamento que poderão expô-lo entre os corredores como um casal de adolescentes humanos" – Falou ele duramente sem ao menos olhar-me mais. Dentro de suas esferas vermelhas leitosas encontrava-se algo, um sentimento, dor? Angustia? Raiva? Frustração? Não saberia explicar.
"Não acho que estamos a este ponto, senhor" – Falou Demetri e eu apenas suspirei. Calado Demetri!
"Ousa contrariar-me Demetri?" – Seu tom de voz não se alterou. Continuava calmo e leve, duro, mas ao mesmo tempo suave. Era fascinante e perigoso. Droga Demetri!
"Não senhor" – Ele foi logo se desculpando. O pânico em sua voz era quase palpável.
"Assim espero" – Sorriu ele, mas não atingiu seus olhos. – "Jane, avise aos principais membros da guarda de elite que quero uma reunião com todos na sala do trono em no máximo vinte minutos. Estejam lá" – Ordenou a mim, me olhou, mas seus olhos não me viam. Focou em algo atrás de nós. Olhei para trás bem a tempo de ver Lady Sulpicia virar o corredor. Olhei novamente e Aro tinha partido na mesma direção. Não estava preparada para a quantidade de dor que este simples ato trouxe e ofeguei um pouco.
"Jane, você está bem?" – Demetri perguntou preocupado.
"Sim, estou" – Menti bem e mesmo com dor eu sorri para ele. – "Vamos, temos que avisar aos outros".
***
"A divisão dos trabalhos e horários mudarão" – Aro começou assim que chegamos à sala do trono. Caius e Marcus apenas assistiam. – "Como fazemos a cada século, meus irmãos e eu mudaremos de guardas pessoais" – Encarou a todos nós.
Aposto que será eu a escolhida para ser guarda de Aro. Sorri para meus pensamentos.
"Jane Volturi" – Aro me chamou e eu automaticamente dei um passo à frente o olhando. Levou tudo de mim para não ir até ele e o abraçar. – "Minha querida, você possui qualificações mais que suficientes para atuar como chefe da guarda de elite e como uma das guardas pessoais" – Ele disse normalmente e eu não pude deixar de me sentir orgulhosa. Vamos Aro, diga que serei sua guarda pessoal. – "Por esta razão você ficará como guarda pessoal de Marcus" – O sorriso que eu começara a alimentar em meus lábios caiu imediatamente. Marcus? Nada contra mestre Marcus, ele é como um anjo para mim, mas eu queria mesmo era estar com Aro.
"Mestre" – Falei em uma mistura de confusão e frustração. Aro percebeu de imediato.
"Algum problema com isso, querida?" – Perguntou. Desgraçado!
"Não senhor, nenhum" – Respondi submissamente e subi os degraus que me separavam dele, mas ao invés de ficar no trono do meio, fui para o lateral a sua direita e coloquei-me de prontidão ao lado de mestre Marcus.
"Ótimo" – Falou duramente e voltou a encarar a multidão.
No final a divisão ficou entre Renata como protetora de Caius, Alec de Aro e eu de Marcus. Fuzilei Alec com o olhar e ele se encolheu.
"E por último Demetri e Heidi trabalharão junto como guardas e trarão nossa alimentação" – Terminou Aro sorrindo para ambos e por um segundo jurei que seus olhos pousaram em mim. Ele sabe sobre a atração de Demetri por Heidi. DESGRAÇADO!
"Vocês estão dispensados" – Terminou ele sentando em seu trono e logo depois começando a rotina de tribunal.
***
"Eu não tive culpa" – Sussurrou Alec pela décima vez desde que saímos da sala do trono.
"Eu sei" – Rosnei. Aro estava me evitando. Afastou-me de Demetri e dele. O que eu iria fazer?
"E mesmo assim continua irritada" – Suspirou ele.
"Não é você, irmão, sei que não teve culpa alguma. O problema é ele" – Rosnei – "Ele está me evitando Alec, me afastando. Tudo o que eu menos queria que acontecesse está acontecendo. Ele está me empurrando" – Sentei na poltrona perto da janela. Estávamos na biblioteca do castelo esperando novas ordens.
"Sinto muito irmã" – Suspirei. Eu sabia que ele sentia.
"Sabe o maior problema? É que eu achei que ele iria agir como alguém sensato e lidaria melhor com a situação. Ele age como se nunca tivesse acontecido nada. O que de fato não ocorreu, mas não é o ponto" – Frustrei-me. Eu precisava arrumar esta situação. – "Preciso de uma forma de confirmar que ele sente algo por mim. Preciso de um motivo Alec, apenas um motivo para não desistir de tudo" – Supliquei.
"Marcus" – Disse ele.
"Hm?" – Perguntei sem entender.
"Você precisa ter uma garantia de sentimentos. Mestre Marcus vê laços de sentimentos entre as pessoas" – Ele sorriu e eu também.
"É claro! Sou guarda pessoal dele agora, posso ir vê-lo" – Sorri largamente – "Irei fazer isto agora mesmo. Obrigada irmão" – Beijei sua bochecha e sai da biblioteca.
Sim Aro, eu teria tudo.

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