Capítulo quatro - Deixando ir

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Aro sondou minha mente, retirando de lá cada pequeno e intimo detalhe que um dia já ousou passar por ela.

Acredito que quando estão a ponto de descobrir algo sobre nós que nem nós mesmos estamos prontos para admitir, isto nos faz sentir coisas que antes acharíamos absurdas, no meu caso eu sentia medo.

"Jane" - suspirou Aro e seu tom de voz mostrava claramente sua grande confusão. Abri os olhos que nem ao menos sabia que havia fechado e foquei em seu rosto que apresentava uma mistura de confusão e choque. Olhei para ele tentando encontrar alguma pista do que ele estava pensando, mas não achei nada, aquilo fez com que eu entrasse em crise, meus olhos encheram-se de veneno e eu desviei o olhar do seu.

"Jane, me explique o que eu acabei de ver'' - Falou sem emoção aparente.

''Mestre eu posso totalmente explicar" - Tentei, mas o que diabos havia para se explicar? Como se explica a pessoa que deveria ser seu chefe que você o ama?

"Jane isso não é apropriado" - Aro claramente buscava pelas palavras corretas.

"Eu sei, eu sei" - Concordei apressadamente - "Mas não consigo evitar como me sinto Aro, você sabe disso, você viu em meus pensamentos o quanto eu tentei parar de... de pensar em você desta forma, mas eu não consigo e agora você sabe e eu realmente, realmente sinto muito" - Soltei em um fôlego só, maravilhada de que ele conseguiu compreender o que havia sido dito.

"Jane querida, você é tão jovem" - Suspirou ele levantando-se. - "Isso não é o que eu esperava desta noite"

"Ora, por favor, eu deixei de ser uma criança a pelo menos um milênio atrás Aro, eu sei o que eu quero e neste momento é você" - Consegui dizer. Era absolutamente irritante a maneira que ele se referia a mim, como se eu fosse uma criança e ele um adulto dizendo-me que eu deveria me comportar melhor.

"Bem você não pode me ter" - Disse ele agora mais duro. Eu sabia o que aquilo significava. Rejeição.

"Você não me quer" - Compreendi.

"Não" - Sua voz era firme, mas seus olhos demonstravam uma dor tão grande que me fez lutar.

"Eu não acredito nisso" - Retruquei.

"Isso não faz de minha declaração menos verdadeira" - Lutou ele.

"Bem, então olhe nos meus olhos e diga que não me quer" - Revidei agora em pé de frente a ele que nem por um segundo olhara para mim.

"Jane isto é ridículo" - Riu ele.

"Ora, então faça" - Falei segurando seu rosto e olhando-o nos olhos - "Diga Aro"

Ele virou-se e enquanto se afastava falou por cima do ombro.

"Incidentes como esses não serão tolerados Jane, espero que tenha entendido"

E então a realização me bateu. Ele não havia dito.

Tudo bem Aro, dois podem jogar este jogo.

Red EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora