Capítulo vinte e um - Necessidades

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N/A: Novamente quero agradecer a todos que continuam lendo a estória, frequentemente comentando e me ajudando/motivando. Esse definitivamente é um capítulo de transição na estória, a partir daqui farei capítulos mais longos e mais "sombrios" sem deixar a leveza, claro. Estamos caminhando para o final da estória e eu pretendo passar o máximo de emoção para vocês sem acelerar muito as coisas para que não percam o sentido. Eu espero que apreciem a leitura assim como eu aprecio escrever ele. Não esqueçam de deixar suas opiniões e sugestões. Até sábado!

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Os ventos eram gélidos naquela manhã - pelo menos é o que eu achava. Há muito tempo a temperatura deixou de ser um problema para mim - as árvore ao redor da cidade balançavam suavemente enquanto as incontáveis gotas nocauteavam suas folhas, o céu estava coberto por uma camada de nuvens cinzentas que indicavam que aquele seria um longo e chuvoso dia. A cidade estava quieta - dias de chuva sempre davam uma sensação de calma em todos - exceto por algumas poucas crianças que se molhavam na chuva, deliciados enquanto corriam ao redor aos risos. Os humanos nunca me agradaram, desde a época em que eu fazia parte deles, a infância para Alec e eu nunca havia sido fácil mesmo antes de tentarem nos queimar naquela fogueira, mesmo antes de Aro nos dar uma nova oportunidade e de assassinar todos naquela noite. Olhar as crianças rindo abaixo apenas me fazia sentir o quanto eu fui privada das coisas mais simples, o que hoje já não importa mais, eu era extremamente grata pela vida que tinha, não mudaria nada. As crianças abaixo eram tolas, mas a tolice delas me faziam melancólica, eu queria ter sido tola igual a elas.

"A primeira vez que a vi, foi através da mente de um nômade que passou pela vila onde você e Alec viviam. Você era quase do tamanho dessas crianças. O seu dom já era aparente na época, coisas ruins aconteciam àqueles que não eram bons com você ou sua família, mas aqueles que os tratavam com respeito, sempre ganhavam coisas. A população temia. É por isso que eles decidiram matá-los" - A voz de Aro era suave e calma, mas ficava mais profunda e sombria ao chegar na parte da minha quase morte - "Algum tempo depois eu soube do que queriam fazer com vocês. Eu estava com tanta raiva. Como alguém poderia sequer pensar em fazer mal a você? Eu estava furioso, fui para a Inglaterra no mesmo instante, não poderia deixar que isso acontecesse, você estava quase morta quando eu cheguei lá, eu estava transtornado com tudo aquilo, nem ao menos pensei antes de matar todos eles, como eles ousavam tentar tirar a vida de vocês? Quando eu a transformei, eu não tinha certeza de que iria ser o suficiente. Seu coração estava tão fraco, ele quase se rendeu. Eu estava desesperado, por alguns segundos você não se movia e eu achava que era tarde demais, mas então a transformação começou e mesmo que você estivesse em dor, eu estava tão aliviado" -Ele sorriu suavemente para mim enquanto eu ouvia atentamente a estória - "Eu a fiz viver novamente, mesmo quando você tinha todos os motivos para não querer isso..."

"Eu não poderia estar mais grata se quisesse. Eu não poderia me arrepender de estar aqui e de ter essa vida mesmo se eu dedicasse toda a minha existência a isso. Você me deu uma nova oportunidade, uma vida, um lar, uma família, algo pelo qual vale a pena estar viva. Você salvou o meu irmão e isso já é mais do que suficiente para eu ser eternamente grata" - Eu o interrompi, enquanto sorria para ele. Eu poderia estar morta há muito tempo atrás, invés disso eu estava bem, eu era parte de uma família, eu tinha o meu irmão e a pessoa que amava ao meu lado. O que mais poderia ser melhor?

Aro sorriu para mim enquanto olhava nos meus olhos, tentei demonstrar através deles o quanto eu me sentia grata por tudo. Enquanto a chuva caía lá fora e os risos das crianças subiam até meus ouvidos, eu percebi que o que os humanos me privaram não foi apenas o privilégio de correr na chuva e rir, mas também o de ouvir as crianças rindo na chuva enquanto sorria para Aro.

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