Red Eyes

Capítulo dezesseis - A salvos

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                                                            ***

Era quase madrugada quando saímos. As ruas estavam vazias, livres de seres humanos que atualmente dormiam em suas respectivas casas esperando para que os raios do sol trouxessem o cansaço de um novo dia. A lua estava estonteante, cheia e sua luz jogava sombras sobre as casas. 

O treinamento acontecia sempre a essas horas, na floresta, logo após as muralhas que cercavam a cidade, geralmente trinávamos quando haviam tempestades e os raios e trovões podiam ofuscar os barulhos das lutas entre os vampiros, mas Amber, como Aro mesmo havia dito, era uma recém nascida com instintos e dessa forma, lutar no primeiro treinamento colocaria tudo a perder.
Felix, Alec, Demetri e Amber me acompanharam até o meio da floresta, onde a única luz provinha das estrelas acima.
"Tudo bem, vamos começar" – Falei suavemente enquanto olhava Amber e os outros – "Primeiro temos que mostra-la a domar seus instintos. Nem tudo o que a natureza do que somos nos ordena é o que devemos fazer. Humanos não são atacados dentro dos muros de Volterra, se fizer isso, estará assinando sua sentença de morte" – Informei e ela assentiu – "Ótimo. Caso você tenha algum poder, ele ainda não se manifestou, hoje vou ensina-la a domar seus instintos e caso isso influencie, tentaremos descobrir seu dom" – Sorri enquanto a rondava.
"Eu entendi" – Sua voz parecia tensa.
"Demetri é um rastreador, ele pode encontrar qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo caso já os tenha visto" – Sorri sutilmente para Demetri que piscou para mim – "Felix tem uma força extraordinária, meu irmão Alec pode cortar todos os seus sentidos, você não passará de uma carcaça, sem olfato, visão, nenhum sentido" – Ela olhou para ele.
"E quanto a você? Tem algum dom?" – Ela perguntou.
"Oh sim. Eu posso criar uma ilusão de dor excruciante, como ser queimada viva, a intensidade varia conforme meu humor" – Eu sorri maldosa e ela assentiu.
"Acho que não é algo que eu queira experimentar" – Ela sorriu.
"Não, não é, mas não deve se preocupar com isso desde que a segurança dos Volturi não seja afetada" – Eu insinuei e ela apenas sorriu.
"Claro"
Demetri e Alec trocaram olhares rápidos e tomaram seus lugares ao redor de Amber enquanto Felix veio ao meu lado.
"Vamos testar seus reflexos agora. Feche os olhos e siga seus sentidos para descobrir onde vão ataca-la, isso é bastante útil quando não estiver com alguém olhando suas costas numa batalha" – Eu afirmei e ela fez o que pedimos.
Demetri foi o primeiro a se mover, correndo em direção a ela e batendo em seu braço.
"Foco" – Pedi.
O próximo foi Alec, batendo em cheio em uma de suas pernas.
"Siga os cheiros, ouça os sons" – Pressionei.
Seguimos no mesmo durante horas, até que Amber conseguiu deter os avanços de Alec e Demetri o suficiente para se destacar.
"Você fez bem hoje, seus reflexos estão sendo muito bons, com certeza não levará mais do que uma nova sessão para dominar isso" – Assegurei e ela sorriu agradecendo-me.
"Obrigada Jane".
A caminhada de volta ao castelo foi silenciosa, quando Amber se aproximou das portas a parei.
"Não se force a dominar tudo o que for ensinado de forma imprudente, os sentidos irão se acalmar, você saberá lidar com seus novos sentidos avançados, tudo irá melhorar" – A confortei enquanto ela sorria para mim e apertava minha mão suavemente.
"Obrigada Jane" – Ela sorriu novamente e entrou.
"Mas o que foi isso, temos um coração bondoso aqui" – Demetri riu a passar por mim.
"Cale a boca" – O empurrei.
                                                                       ***
"Então, como foi sua caminhada com Sulpicia" – Perguntei enquanto Alec e Demetri me acompanhavam pelos corredores.
"Nada mal, Renata correu no segundo de Alec apareceu e fomos deixados sozinhos. Ela parecia preocupada com alguma coisa" – Ele confessou.
"Preocupada?"
"Sim, como se alguma coisa a tivesse afetado, não sei, ela não entrou em detalhes, mas disse que o clima no castelo entre os mestres não está nada bem" – Ele deu de ombros – "Achei que mestre Aro havia contado algo a você"
"Não, na verdade a estranheza estava perceptível na forma como estavam se comportando na sala do trono. Não contem a ninguém, mas Aro me deixou encarregada de Amber por algum motivo. Não sei os detalhes, mas algo está causando desconfiança" – Terminei olhando para eles.
"Não confio tanto assim na recém nascida, mas mestre Marcus sabe o que está fazendo, certo? Ele não traria perigo a si mesmo" – Alec se pronunciou.
"Não seria a primeira vez" – Demetri completou.
"O que quer dizer com isso?" – Balancei a cabeça em confusão.
"Sobre mestre Marcus. Não seria surpresa caso ele estivesse arquitetando perigo a si próprio, aconteceu antes, na batalha contra os romenos, Vladimir e Stefan" – Vladimir e Stefan eram problemas, devido a ascensão dos Volturi ao lugar que antes pertencia a eles, sempre havia rancor.
"Vladimir e Stefan não foram vistos em muito tempo, perderam todas as batalhas que tentaram contra nós e não acredito que consigam ser tão tolos ao tentarem novamente" – Alec sorriu.
"Bom, há sempre possibilidades. Desde que os Volturi dizimaram seu clã, Vladimir e Stefan buscam vingança, não admiraria que tentassem isso de novo" – Ele terminou.
De fato, não era uma possibilidade tão distante, mas os poderes dos guardas e a organização dos Volturi eram praticamente inquebráveis, seria tolice de qualquer um tentar algo contra o poder dos mestres. Não haviam chances.
"Mestre Marcus não estava tão entusiasmado com a perspectiva de sobreviver as batalhas" – Alec confessou.
"Não sejam bobos, mesmo que houvesse uma nova batalha e Mestre Marcus tentasse algo, não iriamos deixar, certo?" – Ambos assentiram rapidamente. Não, mestre Marcus estava a salvo, assim como todos os Volturi, não é mesmo?
                                                           ***

"Acha que podemos confiar em Amber?" – Aro perguntou enquanto estávamos na biblioteca. Os primeiros raios de sol começavam a aparecerem ao longe entre as montanhas. Eu estava sentada em uma das poltronas enquanto Aro deixava seu livro de lado.
"Não há o que dizer sobre isso. Ela parece constantemente assustada e reprime emoções, parece definitivamente uma recém nascida perdida" – Dei de ombros o olhando.
"Bom, temos tempo para descobrir" – Ele sorriu.
"Parece preocupado com alguma coisa" – Franzi o cenho.
"Apenas assuntos vagos" – Ele tentou me confortar, mas eu apenas levantei uma sobrancelha, após dois minutos ele cedeu.
"Marcus procurou sobre novos vampiros recém nascidos que possam ter sido transformados pelos mesmos que assassinaram os pais de Amber e a transformaram, acharam dois, ambos foram mortos algumas horas depois" – Ele deu de ombros.
"Arrependimento, medo ou inutilidade aos planos dos vampiros criadores?" – Eu perguntei.
"Não tenho as respostas. Contatamos os Cullen para que procurassem a fonte dessas transformações já que ocorreram na América, suspeitam de uma vampira chamada Victória, parece que houve uma briga entre os Cullen e alguns nômades que resultou na morte do companheiro dessa vampira que agora quer matar a humana do menino Edward. Algo como um acerto de contas" – Ele informou e eu apenas balancei a cabeça.
"Essa humana apenas causa problemas para nós. Só espero que dessa vez se ela escapar, criem coragem para transforma-la" – Sorri – "Ou mata-la"
Aro sorriu
"Não seja rancorosa Jane"
"De qualquer forma, ficarei de olho" – Eu assegurei.
"Seja quem for, não parece querer algo bom, seja cuidadosa" – Ele pediu e eu assenti ao deixar a sala.
Estávamos realmente a salvos?