XXIV -Dave

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Uma dor de cabeça ameaçava atacar Dave a qualquer minuto, ele sabia. Antecipou-se, massageando a cabeça para evitar.

-Dave! –Lorena gritou quando viu o primo da varanda da diretoria. Ela correu e envolve-o num abraço apertado. Rômulo vinha logo atrás. –Você está bem?

-Sim. Preciso entender o que esta havendo! –ele respondeu.

-Se quiserem eu posso esclarecer tudo da melhor maneira possível.

Dave olhou para a varanda. A princesa Thaila quem dissera aquilo. Ele não queria falar com ela, já trocaram palavras suficientes. Lorena havia dito que ele podia sair. Era com ela que ele queria falar, mas não negou a boa vontade ds princesa. Todos entraram e se sentaram à mesa. Thaila não se demorou a falar.

-Durante o almoço, logo após nós termos descoberto a identidade do meu legado. –Ela apontou para Dave e contou como Tabata havia aparecido e como eles tiveram que confirmar a afirmação dela sobre Isabelle. Contou que Éres decidiu mobilizar parte do exército por precaução e que tornaria o assunto público no mesmo dia que apresentaria Dave para o povo. –Não sabemos quais são as intenções de minha irmã. Francis não ajudou muito nesse ponto... O importante é saber que não há nada com o que se preocupar agora. Por enquanto a decisão de Dave é prioridade. –Ela olhou para o menino. Dave olhou para as próprias mãos. –Você está considerando, não está? Sair de Érestha ou ficar.

-Você não é obrigado a fazer nada –Lorena concluiu. Ela respirou fundo. –Talvez devessemos todos falar com Maria. Explicar a situação para ela.

Ela olhou para Rômulo, que acenou positivamente com a cabeça  e se levantou.

-Vou buscar o comunicador, certo?

Thaila se mexeu, inquieta, na cadeira. Limpou a garganta algumas vezes e encarou as crianças. Rômulo levou um minuto para ir e voltar com o objeto. Era um cubo de cristal com mais ou menos cinco centímetros. Dentro havia a figura de uma mulher num sofá. Havia sido feita a lazer. Ele nem precisou expressar sua confusão com palavras e Lorena já logo explicou para ele. Funcionava como uma chamada de vídeo. Você podia se comunicar com a pessoa retratada a lazer dento do cristal a qualquer momento. Chamava-se comunicador de vidro, mesmo sendo cristal. Dave ignorou complestamente aquela nova infrmação. Lorena posicionou o objeto na ponta da mesa e se sentou na cadeira do diretor- coisa que Riley pensava ser meio que proibido ou ilegal- e chamou pela mãe.

-Mãe?

-Lora, minha filha, você quem está ai?- Uma voz respondeu.

-Sim mãe, sou eu. A senhora está me vendo?

-Não. Eu odeio esse negócio, você sabe disso.

Ouviu-se um barulho e uma imagem começou a se projetar acima do comunicador. Uma mulher de avental cor de rosa e óculos segurando um gato quase careca acenou animadamente para Lorena.

-Olá minha filha! Agora eu te vejo. Como estão as coisas?

-Não sei mãe. Preciso falar com minha tia. É importante. Ela está ai?

-Agora não, mas estará em alguns minutos, eu espero. E como está meu sobrinho?

-Bem, mãe. Ele está bem.

-Boa tarde dona Madalena. –Rômulo apareceu na imagem para cumprimentar a sogra.

A carta de seu pai estava em seu bolso. De alguma maneira, aquilo começava a fazer sentdo e o confundia ainda mais. O pai falara sobre responsabilidades e exigia lealdade. Estava muito claro que ele queria que Dave servisse a princesa. Provavelmente ele pensava que Dave seria um legado de Tâmara, como ele fora um dia. Talvez esperasse que Dave fosse tão bom soldado como ele fora. Era isso o que seu pai queria dele. Era difícil dizer que ia juntar-se à uma causa conhecendo-a por tão pouco tempo, mas ele sentia a energia e o ódio de Tabata. Sentira o medo de Thaila, a insegurança do poderoso rei. E o Mago Roxo queimara diante de seus próprios olhos para passar uma mensagem da rainha. Ele tinha que ficar, tinha que fazer o que Thaila lhe pedisse, tinha que encontrar o fim da guerra. Além de tudo, tanto o Mago quanto seu pai mencionavam muito claramente que ele deeria ser leal à rainha. Não havia dúvidas. Ele ia ficar em Érestha, servir à princesa e orgulhar a memória do pai. A princesa ainda estava muito inquieta na cadeira. Ouviu-se um barulho de campainha vindo do comunicador de vidro.

Érestha- Castelo de Vidro [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora