XXII -Lorena

199 25 11
                                    

As aulas com o quinto ano tinham seu lado bom e seu lado ruim. Os alunos eram muito espertos, independentes e bagunceiros, mas era com eles que ela podia aplicar os golpes mais legais. Ela estava cansada, eles eram bons! Respirava rápido para tentar recuperar o fôlego enquanto caminhava para o refeitório. Era em dias como esse que ela gostava do fato de ele estar a céu aberto. Estava muito calor. Algumas nuvens se formavam acima de sua cabeça, mas ainda assim estava calor.

-Veja só quem está cansada! –Um de seus alunos falou.

Lorena adorava ter essa conexão com os alunos, ser mais do que uma professora, ter certa intimidade com eles.

-Está parecendo minha avó! –Noah provocou. –E ela está morta há quinze anos!

Ambos os meninos riram.

-Ora, calem-se, ou vou fazer com que suem como porcos na próxima aula!

-É exatamente isso que queremos!

-Então talvez eu deva aplicar algum tipo de prova teórica para vocês. O que acham?

Os meninos se entreolharam.

-Sabemos que isso é um blefe –Noah falou. –Sei que mal tem as chaves das salas que pode usar.

-Não seja tão folgado, Noah, ou eu peço para a professora Perrie aplicar teoria junto a mim.

Noah fez uma careta.

-A aula dela é insuportável!

-Mas ela é muito bonita!- O outro menino comentou.

Lorena fingiu que estava passando mal.

-Por favor! –Ela pediu.- Continuem a me insultar! Não suporto garotos falando sobre isso!

-Mas é verdade, não é Noah?

O menino não respondeu. De repente estava parado na frente de Lorena, atrapalhando sua passagem, sem se mexer.

-O que foi agora?

Lorena seguiu o olhar dele e ficou tão paralisada quanto o menino. As princesas Thaila e Tâmara estavam paradas próximas à árvore-alvo com Dave e Isabelle. O menino acenava para que Lorena se aproximasse. Ela levou um tempo para conseguir tirar os pé do chão e dar alguns passos nervosos. Sobre o que era? Poderiam ser tantas coisas. Chegando mais perto ela pode ver que Isabelle estava chorando. A única coisa pior do que o sorriso malicioso de Tâmara era a falta dele.

-Queremos falar com Gary. E com você –Tâmara falou. –Agora.

-Dave –Thaila chamou. –Por que não leva Isabelle para a casinha azul? Falaremos com Gary e então levaremos-no até ela. Sim?

Dave assentiu e Isabelle apoiou o rosto cheio de lágrimas no ombro dele. Juntos, eles foram até a casinha azul. O menino teve tempo de lançar a prima um olhar que dizia que estava tudo bem. Ele queria conversar.

-O que houve? –Lorena perguntou.

-Falaremos sobre isso na sala do diretor, se não se importa -a ignorância de Tâmara era irritante.

Lorena foi guiando as princesas até a diretoria cercada de olhares e de um silêncio desconfortável. De repente o dia estava mais frio do que alguns segundos atrás. Ela bateu na porta e colocou a cabeça para dentro. Gary estava sentado na sua poltrona mexendo em alguns papeis.

-Lorena! Entre. Veio para chegar até seu quarto? Receio que tenha que esperar. Estão limpando...

-Não é isso –ela interrompeu o diretor.- Temos visitas.

Érestha- Castelo de Vidro [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora