Agosto de 1936
A bicicleta de Sam parou na porta da casa de Quinn três horas antes da abertura começar. Ela sorriu de seu quarto quando ele se atrapalhou com as cordas que prendiam a bicicleta nas grades do portão e tocou na campainha, balançando-se nos pés timidamente.
— Eu atendo! — ela gritou do andar de cima, se perguntando se o garoto poderia ouvir aquilo. Quinn passou correndo pelo quarto da mãe, onde ela e sua irmã estavam e pôde escutar risadas debochadas. Quinn as ignorou, apressando o passo.
— Sam! — A voz de Russell ecoou por toda a sala, e Quinn xingou a si por não ter chegado a tempo. Agora, Russell usaria Sam para obter as informações que queria sobre a filha, além de envergonhá-lo. — E o senhor, como está?
— Bem, senhor Fabray — Sam respondeu, a voz saindo como um fiapo.
Observando dos degraus da escada principal, Quinn balançava a cabeça negativamente, tentando controlar o riso diante da expressão de completo medo de Sam. Quantas vezes Quinn já tinha pensado, desde o momento em que o conhecera, o quão adorável Sam era? Provavelmente muitas.
— Russell para você, meu filho — o pai de Quinn disse, puxando Sam para dentro de casa e acenando para que a filha descesse de onde estava escondida. Quinn ajeitou a barra de seu vestido florido e sorriu a Sam.
Infelizmente, Sam tinha medo de fazer qualquer movimento perto de Russell ou que causasse alguma aproximação dele; por isso, Quinn teve de se aproximar e tirá-lo do aperto de ombros que o pai lhe dava e estender seus braços para um abraço caloroso. Ciente de que Russell os observava com um sorriso maníaco no rosto, Quinn somente ficou entre os braços de Sam, acariciando suas costas.
— Alguma coisa? — sussurrou ela quando Russell finalmente percebeu que sua presença não era mais importante no hall da casa e se juntou à mulher e à outra filha para ouvir o noticiário do meio-dia no rádio da cozinha.
— Não — Sam respondeu abatido, puxado pela garota e sentando ao lado dela no sofá confortável dos Fabray. — Todo mundo anda muito animado com as Olimpíadas, no entanto. Levantou os ânimos deles, eu acho. Foi bom.
Quinn assentiu, apertando as mãos de Sam contra as suas, como sempre fazia quando ele mencionava alguma coisa que tinha relação ao exército. Sam nunca contara, mas Quinn sabia que o fazia sentir mais relaxado e apto a dizer qualquer coisa.
As notícias de Sam não tinham mudado na última semana. Elas geralmente envolviam as Olimpíadas e sobre o trabalho dos militares na cerimônia, que o garoto descrevia como "cansativas e difíceis". Sam não deveria nem estar de folga naquele dia — ele só tinha conseguido pois o pai de Quinn falara com seu comandante.
— Eu nunca vi você de terno — ela disse de repente, sabendo que o que acabara de falar viera do nada.
Sam franziu a testa para ela, provavelmente pensando que Quinn era maluca. Depois, olhou para o próprio corpo; ela o seguiu. O terno de Sam era num tom cinza-claro; ele também usava um colete cinza e uma gravata preta. Os sapatos de Sam eram os mesmos dos dias normais de farda, mas tinham um brilho excepcional, pelo menos na cabeça dela. Quinn notou também que o garoto carregava um chapéu-coco, deixado na beirada do sofá quando Sam pegou sua mão.
Os encontros de Quinn e Sam usualmente aconteciam durante o crepúsculo, logo após a saída do garoto do quartel. Quinn o vira com as duas fardas que ele tinha, e gostava muito da tranquilidade que Sam a passava ao usá-las, ao contrário dos outros garotos do exército, cujo objetivo maior impressionar as pessoas com seus "poderes" militares.
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1942
FanfictionLucy Quinn Fabray era como todas as outras mulheres que tinha orgulho em pertencer ao Reich: tinha os olhos verdes, os cabelos loiros e namorava com um oficial do exército alemão. Só havia um pequeno problema: ela não queria ser isso.