Novembro de 1942
— Sam! — exclamou Quinn, surpresa, avançando os metros que a separavam do marido e o abraçando com força. — Você está de volta! Isso é...
— Não parece que você está feliz com isso — observou Sam com um olhar curioso ao se soltar da mulher.
Hans engoliu em seco e murmurou uma desculpa para sair da sala de estar. Seu rosto estava muito vermelho e Sam provavelmente notou que uma conspiração se formara enquanto ele estivera na guerra. Ele estreitou os olhos e fitou Quinn com um olhar desconfiado.
Sam estava de volta. Era difícil de acreditar nisso. Quinn sempre esperara ter tempo para colocar Rachel para fora de casa antes que o marido chegasse. Ela nunca pensara que Sam fosse chegar adiantado em meio a uma guerra. Imaginou que precisariam dele o máximo possível no front antes que ele partisse.
— É claro que estou feliz, Sam — respondeu Quinn, beijando os lábios do marido suavemente.
Beijar Sam não era nada como beijar Rachel. Beijar Sam não estava na sua lista de afazeres daquele dia. O que ela planejara era um dia nos braços de Rachel, ao lado dela na cama, abraçada a ela o tempo todo. Sem as empregadas para interromper seus momentos e muito menos Sam voltando para casa. Beijar Sam depois da semana que tivera com Rachel era quase um insulto.
Sam pareceu notar que Quinn não estava em seus melhores dias e afastou a mulher gentilmente. Sua expressão era de dor, mas Quinn duvidou que fosse por causa da cabeça enfaixada ou da perna quebrada.
— Você está bem? — ela perguntou de mansinho. — Nunca disse o que tinha acontecido com você nas cartas que mandava. Você não imagina o quanto deixou o grupo preocupado.
— Estava trabalhando em um escritório e uma bomba caiu perto. — Sam deu de ombros, fingindo desinteresse. — Caíram tijolos em todo mundo. Alguns morreram, outros ficaram muito feridos, tanto que foram mandados para casa imediatamente, e eu e outros dois soldados, que ficaram levemente feridos, nós nos recuperamos um pouco. Schuester decidiu nos enviar para casa depois.
Quinn passou a mão na cabeça do marido carinhosamente. Sam parecia desligado em relação ao que acontecera, mas seu corpo não apresentava o mesmo desinteresse. Assim que ela encostou-se à faixa que encobria seu cabelo loiro, ele a afastou instintivamente, deixando um semblante de dor invadir seu rosto. Sam estava bem mais machucado do que aparentava, tal como Ágata e Finn previram.
— Estou bem — garantiu Sam, parecendo uma criança. — Assim que eu tomar um banho, conto a você sobre os últimos meses.
Quinn assentiu e ajudou o marido a subir as escadas para o quarto que dividiam. A cama estava feita, como se ela não dormisse lá há dias (o que era verdade), mas Sam não notou isso. No fim do corredor, Hans e Evelyn assistiam os dois com olhares apreensivos. Ela se livrou de Sam dizendo que iria preparar o jantar e correu para as empregadas.
— O que faremos? — indagou Evelyn num sussurro alarmado. — Rachel... Ela... Sra. Evans, isso é...
— Digam a ela que Sam está de volta — respondeu Quinn no mesmo tom urgente. — Que eu a visitarei assim que tiver tempo. Se Rachel quiser ir embora, pressione-a para que fique. Um dia ou dois, é só o que preciso.
— Sra. Evans, não é só de uma ameaça que está lá fora — retrucou Hans, seriamente. — É o seu marido. E ele está aqui dentro! Rachel não precisa do seu adeus, ela precisa de comida para conseguir sair daqui e encontrar um lugar seguro.
Mas Quinn sabia que Rachel nunca iria embora antes de falar com ela uma última vez. Ela não iria, se tivesse que escapar. Além disso, precisava ver Rachel. Precisava dizer a ela que a amava, que Sam agora não era nada para ela a não ser um grande amigo — mesmo que ele não soubesse disso. Quinn saíra do porão a pouco mais de vinte minutos e ela já sentia falta de Rachel. Como sobreviveria os anos em que a guerra continuaria sem ela? Parecia uma missão impossível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
1942
FanfictionLucy Quinn Fabray era como todas as outras mulheres que tinha orgulho em pertencer ao Reich: tinha os olhos verdes, os cabelos loiros e namorava com um oficial do exército alemão. Só havia um pequeno problema: ela não queria ser isso.