Julho de 1942
— É melhor que isso seja bom — disse Dieter assim que entrou na casa de Quinn, passando como um raio pela mulher sem cumprimentá-la.
— Peço desculpas, Quinn — Ágata falou ao ficar de frente com a garota. Ela tinha um olhar triste no rosto. — Você sabe o que está acontecendo...
Quinn suspirou e assentiu. Ela ouvira no rádio no dia anterior que o cerco de Stalingrado iria dar início naquele dia. Coincidentemente, Finn marcara a reunião do clube anti-Hitler para aquele dia. Quinn sequer tinha ideia de como seus amigos arranjaram tempo e nervos para visitá-la.
— Eu sei. — Ela abraçou Ágata rapidamente, antes de segui-la para a sala de estar, onde Finn, Wagner e Dieter as esperavam, agitados.
Ela não podia colocar em palavras o quanto estava feliz em ver os outros membros do clube juntos em sua sala depois de tanto tempo. Finn cumprira sua promessa em menos de uma semana, o que significava que ela tinha que ir ao encontro das donas de casa, mulheres de militares, de Strausberg na semana seguinte, mas Quinn não se importava.
— Você escolheu um maldito dia para esse reencontro, Quinn — Dieter disse com um sorriso arrogante. Ele apontou para o rádio enorme ao seu lado. — Posso?
Dieter não esperou resposta e ligou o aparelho sem permissão. Quinn e Finn se entreolharam, preocupados. Dieter sempre fora muito impulsivo, mas pelo jeito a guerra havia piorado essa característica. Ágata apenas lançou um olhar de desculpa à Quinn.
— O Führer anunciou que o cerco à Stalingrado começa hoje — dizia o locutor. — A guerra prossegue sem precedentes pelo território soviético. Enquanto isso, a ofensiva estadunidense cresce no lado oeste do continente. Ainda há alertas de ataques aéreos Aliados em cidades próximas a Berlim e outras cidades importantes do Reich.
— Cidades próximas? — murmurou Finn, parecendo confuso.
Ela sabia muito bem o que isso significava. Strausberg poderia ser uma das cidades atingidas pelos bombardeios ingleses. Logo, haveria agentes da SS inspecionando os porões das casas da cidade. Rachel estava em perigo. Quinn estava em perigo se eles a pegassem.
— Vamos ouvir — sussurrou Ágata quando Dieter pensou em responder Finn.
— O cerco de Stalingrado — o locutor retomou o assunto, pigarreando. — O Führer está liderando ele mesmo a ofensiva, que pode continuar por meses seguidos. Pelas batalhas que vêm acontecendo nos territórios da URSS, não parece que eles desistirão tão cedo. O cientista político, Victor Klausmann, diz que...
Uma voz sobrepôs a do locutor:
— A invasão alemã é um erro. Hitler não aprendeu com Napoleão, não? Nós tínhamos um pacto anti-agressão com a URSS e se continuássemos assim, a Europa estaria aos nossos pés. O Reich está a caminho da derrota, é o que digo. Nós vamos perder essa guerra.
O queixo de Quinn caiu, e ela tinha certeza de que seus amigos estavam tão surpresos quanto ela. Alguém criticando o governo em uma transmissão ao vivo para todo o país? Talvez o mundo estivesse finalmente caminhando para um final feliz afinal, ela pensou.
— É... — o locutor fez. Obviamente, ele não estava esperando tal resposta. Quinn sentiu pena de quem quer estivesse chamado o cientista político para dar a declaração: todos os membros da estação seriam severamente castigados após o incidente. — Enceraremos nossas transmissões por hoje. Mas lembre-se que os nossos inimigos não são apenas os soviéticos. Os Aliados estarão à espreita para bombardear nossas casas e matar nossas famílias. A guerra ainda está longe de terminar. Bom dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
1942
FanfictionLucy Quinn Fabray era como todas as outras mulheres que tinha orgulho em pertencer ao Reich: tinha os olhos verdes, os cabelos loiros e namorava com um oficial do exército alemão. Só havia um pequeno problema: ela não queria ser isso.