1952

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Abril de 1952

Dez anos depois de manter Rachel em seu porão, Quinn já tinha desistido de encontrá-la.

Ela e Sam procuraram por quase todos os países que faziam fronteira com a Alemanha, mas nenhum sinal de Rachel. Quinn contatou o antigo amigo dela, Noah, que morava na Inglaterra desde 1938, mas ele também não sabia do paradeiro de Rachel.

— Ela amava você, sabia? — ele disse quando Quinn fora encontrá-lo em Londres. — Ela tinha visto você duas vezes e amava você. Nunca entendi esse sentimento. Mas era real e Rachel passou tanto tempo tentando escondê-lo que a deixou louca.

— Ela estaria aqui se não fosse por mim — admitiu Quinn com desprezo. — Ela estaria viva se não tivesse se apaixonado por mim. É tudo culpa minha.

Noah pareceu horrorizado com o pensamento dela.

— Não! Não pense assim! Mesmo que não se apaixonasse por você, ela teria ficado na Alemanha. Rachel... Ela gostava de confusão. Lutaria até o último suspiro contra Hitler. Ninguém era páreo para ela. — Noah sorriu tristemente. — A culpa não é sua, por favor, não passe o resto da sua vida pensando assim.

Quinn assentiu. A conversa mudou de rumo, mas ainda era sobre Rachel. Noah contou sobre os anos que vivera com ela enquanto Quinn dividiu histórias dos meses em que Rachel ficara em sua casa. Ela não ficou envergonhada ao contar sobre os beijos e as noites de amor que as duas compartilhavam. Sentiu orgulho de si ao pensar nisso, no quanto chorara ao fazer sexo com Rachel pela primeira vez e na naturalidade da conversa entre ela e Noah.

Ele também contou que se apaixonou por uma inglesa linda pouco depois de chegar ao país. Chamava-se Mercedes Jones e os dois estavam casados desde o início de 1940. Tinham dois filhos, e Quinn conheceu a família Puckerman em um jantar organizado por Noah dois dias antes de sua partida. Sam os adorou e Beth pareceu gostar da companhia do filho mais novo deles.

Mesmo que Quinn estivesse longe de Rachel, ela fizera novos amigos em outros países e adoraria manter contato com eles. Rachel continuava invadindo a sua vida de diversas maneiras diferentes, mas não era como se Quinn estivesse se sentindo mal por isso. A sua amada judia ainda estava em algum lugar lá fora, e isso era tudo que bastava.

***

Setembro de 1952

Quando decidiu escrever tudo o que conhecia de Hitler, a guerra, Rachel e Sam, Quinn Fabray estava na França. Os franceses ainda não eram muito receptivos em relação aos alemães, o que ela dava completa razão, mas escrever sobre seus melhores e piores anos embaixo da Torre Eiffel era bem melhor que escrever em um café reconstruído de Berlim.

Ela não sabia muito bem de onde aquela ideia tinha vindo. Quinn gostava de escrever, gostava de jogar seus sentimentos em uma folha de papel e deixá-lo lá para sempre. Sua formação na faculdade era jornalismo, afinal de contas, mas o casamento com Sam e os deveres de ser a mulher de um oficial nazista nunca lhe deram tempo para que exercesse a profissão. Quando a guerra terminou, ela se candidatou para algumas matérias em jornais diversos como um hobby, mas a paixão por escrita voltou com toda a força após isso.

Quinn continuou escrevendo. Após a visita aos Puckerman, ela se trancou no escritório e escreveu por horas a fio, raramente parando para comer algo. Ela queria escrever sua história, a história de Rachel, repassar por aqueles meses de 1942 outra vez e pouco importava se 80% da população mundial odiava o amor que sentia por Rachel, ela queria mostrá-lo para o mundo.

Parte da mente de Quinn pensava que, talvez assim, Rachel voltaria para a Alemanha, que ela apareceria do nada em uma noite de autógrafos e as duas se beijariam dramaticamente na frente de cem pessoas, incluindo Judy, Beth, Sam e Chloë, e todos aplaudiriam o amor verdadeiro delas. Ela ainda tinha esperança de que Rachel estava escondida em algum lugar.

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