Outubro de 1941
Por dois anos, Rachel Berry escapou das tropas alemãs. Por dois anos, Rachel conseguiu o incrível feito de fugir dos nazistas. Na guerra, tudo se tornava mais confuso, menos o faro da Gestapo e da SS em relação aos judeus, mas ela fugia deles milagrosamente. Às vezes ela contava com a ajuda de um alemão contra o regime de Hitler, embora tivesse passado a maior parte dos últimos dois anos em becos e sótãos de casas abandonadas, tendo que viver de pães roubados.
Rachel não tinha ninguém. Todos os dias, ela se perguntava se tomara a decisão certa ao escolher não ir embora com Noah para a Inglaterra. Enquanto dormia com um cobertor fino e rasgado, ela imaginava se o melhor amigo estava feliz e distante do terror que a Alemanha se tornara para os judeus. Rachel nem se preocupava com sua saúde e autoestima, somente se importava com Noah e mais outra pessoa, que a fizera cometer essa loucura toda de ficar na Alemanha nazista.
Quinn Fabray.
Rachel sempre pensava nela. Todos os dias, imaginando como ela estaria, se já tivera um filho, se seu marido já tinha ido para a guerra, se ainda morava na mansão dos pais em Berlim. Pensar que Quinn estava a poucos quilômetros dela, confortável em sua vida de alemã pura, fazia o estômago de Rachel revirar.
Talvez Noah estivesse certo, ela pensou em uma noite chuvosa de 1940. Talvez tivesse se apaixonado por Quinn Fabray, de fato.
A percepção de tal fato quase a levou à loucura. Mulheres não deviam se apaixonar por outras mulheres. Muito menos ter aquela conexão mágica que a fazia encontrar com Quinn em momentos cruciais de sua vida. Aquilo era muito improvável.
Ela sabia que a comunidade homossexual alemã era consideravelmente grande antes de Hitler assumir o poder — o pai de Rachel, Hiram, vivia falando sobre isso em casa —, mas ela nunca tivera contato com nenhum homossexual enquanto Shelby e Hiram estavam vivos. O assunto era tratado em casa como algo normal, embora, quando Hitler fora eleito chanceler, as conversas sobre diminuíram gradativamente.
Rachel odiava que aquilo estivesse acontecendo com ela em um período tão horrível na humanidade. Ela era uma judia que se recusava a sair do país de origem, já não era o bastante na sua vida? Ela não precisava sair por aí andando com uma estrela preta na manga da sua camisa para piorar sua situação.
E fora pensando em Quinn Fabray que ela fora presa, em outubro de 1941.
Rachel nunca fora de andar distraída pelas ruas, principalmente depois que passara a viver escondida em uma cidadezinha perto de Berlim, chamada Strausberg. Morava na saída da cidade, debaixo de um viaduto abandonado em construção, e tinha plena certeza de que ninguém a encontraria ali.
Pelo menos tinha até ver Quinn Fabray, seu marido e mais uma criança de mais ou menos cinco anos caminhando entre as árvores que cercavam a parte de baixo do viaduto quando voltava da sua corrida matinal para roubar comida.
Rachel se escondeu e não deixou que a família a visse. Nunca encontrara Quinn com alguém antes, e ela não tinha ideia de como o marido dela era. Podia ser um nazista exaltado que chamaria imediatamente seu pelotão para levá-la a um campo de concentração.
Observou-os montar um piquenique a poucos metros de onde suas coisas estavam, e ficarem lá pela tarde toda. A forma de como Quinn e Sam tratavam a menina dizia a Rachel que ela poderia ser filha deles, contudo ela sabia que isso seria fisicamente impossível.
A garota teria por volta dos cinco anos, o que sugeria que Quinn tivesse dado à luz em 1938, e Rachel tinha certeza que a mulher não estava grávida em sua visita a mansão dos Fabray em 1937 (Rachel também fuçara na seção social dos jornais de Berlim para saber mais sobre os Fabray à época). Lembrava-se vagamente de um jornal que dizia que a irmã mais velha Fabray estava grávida naquela época. Portanto, algumas horas mais tarde, Rachel sugeriu a si mesma que a menina era a sobrinha de Quinn.
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1942
FanfictionLucy Quinn Fabray era como todas as outras mulheres que tinha orgulho em pertencer ao Reich: tinha os olhos verdes, os cabelos loiros e namorava com um oficial do exército alemão. Só havia um pequeno problema: ela não queria ser isso.