Um Milhão De Milhas

Família de Nathan no Brasil

Chegamos na casa dos avós de Nathan. Quando estou descendo do carro, um vulto baixinho e rosa, com os cabelos escuros voa em cima de Nathan.

- Poli! - a criança pula no colo de Nathan. Depois disso eu não entendo nada do que ele fala. O sotaque inglês dele está presente no meio do idioma que eu não entendi. É meio anasalado. Ele aponta para mim e fala. A menininha estende uma mão e diz alguma coisa que eu não entendo. Nathan volta a atenção para mim. - Amor, ela está te dizendo oi.

- Oi Poli!, - eu digo no meu idioma e ela fica espantada. - Fiz alguma coisa errada? - pergunto para Nathan.

- Ela é a única que não aprendeu a falar inglês nessa casa. - ele explica e pega a pequena no colo. Levo algumas malas para dentro da casa, que é muito grande e espaçosa, e vejo que Nathan é bem recebido por todos.

Meu rosto pinga o suor do caminho, mesmo com um coque, uma regata e shorts nunca imaginei que suaria tanto. Esse país é muito estranho. Uma hora faz frio, outra hora faz calor.

Coloco as poucas malas no chão e ponho a mão na barriga, sentindo meus bebês se agitarem em mim. Se acalmem, penso. A família de Nathan olha para mim e fala algo que eu não entendo. Depois, uma senhora, que aparenta seus 60 anos, vem até mim e me abraça.

- Você é a Jenna, certo? - ela diz no meu idioma e eu fico espantada.

- Sim! - digo lentamente para que ela entenda a minha pronúncia.

- Você é uma moça linda! - diz e eu percebo um pouco do sotaque brasileiro no meio das palavras em inglês.

- Obrigada! - sorrio. - Obrigada por me receber na sua casa!

- É uma honra! Sou Daniela, avó do Nathan. - ela se vira. - Otto, venha aqui! Conheça a namorada do Nathaniel! - entendo pouca coisa do que ela fala, então vejo um homem de cabelos grisalhos vindo em nossa direção. - Veja como ela é linda!

- Muito prazer, senhorita! - ele diz beijando minha mão, galanteador, isso me fez rir. - Nathan, vamos entrar. Sua tia Juliana está louca pra te ver. - tento pegar algumas bolsas, mas Otto pega as mesmas das minhas mãos. - Não posso deixar essa linda dama carregar as malas pesadas.

- Obrigada! - digo tentando arriscar um português, mas isso arrancou risadas de Nathan.

Quando Nathan entrou, uma jovem de aproximadamente 27 anos, cabelos claros, veio correndo ao seu encontro. Isso não teria problema se ela não estivesse com uma roupa que... Meu Deus, como faltava tecido naquilo! Ela abraçou Nathan e disse coisas que eu novamente não entendi. Nathan enlaçou-me pela cintura e eu me aproximei dele. A garota, que pelo jeito é alguma prima dele, me olha de cima a baixo com uma cara de nojo.

- Muito prazer! - digo estendendo a minha mão em um tom bem metido para mim. - Eu sou a Jenna, namorada de Nathan.

Eu dei um certo destaque nessa última palavra. Só pra ela parar de se jogar para o meu homem.

- Eu sou Nathalie, prima do Nathan. - ela pega minha mão com nojo e eu a aperto como quem diz "Ei, eu não mordo!". Ela se solta da minha mão e beija a bochecha de Nathan, a bochecha não, o canto da boca e depois olha para mim, saindo rebolando. Sinto o sangue ferver nas minhas veias, fecho as minhas mãos mas Nathan as segura.

- Não se preocupe com ela. Ela só quer te provocar, fazer você perder a linha. - ele me abraça e isso me acalma, de certa forma. Vejo que Nathalie me olha discretamente. - Eu amo você. - ele me beija.