(POV Logan)
Na manhã seguinte, tento ligar no celular da Jenna várias vezes, mas não fui atendido. Procurei-a no seu dormitório, mas não a achei. Resolvi ligar para a única pessoa que deve saber sobre ela, por mais que eu o odeie. Peguei sua agenda e achei o número dele.
Eu não consigo entender o porquê de ela ter se irritado, apenas lhe disse a verdade. Apenas. Cinco toques no telefone foram suficientes para que ele atendesse, a conta de telefone vai vir mais cara, mas eu espero que dê certo.
(POV Nathan)
Estava acordado há um tempinho, Sarah ainda dormia do meu lado. De repente, ouço o meu celular tocar e fico procurando-o no meio das nossas roupas jogadas, pego-o e vejo o código de área, se eu não me engano é de Connecticut. Atendo e ouço a voz rouca.
- Alô? - digo com a voz sonolenta.
- Nathan? - ele diz.
- Sim, sou eu. Quem é? - levanto-me da cama.
- Oi, é o Logan. Eu queria te pedir uma ajuda, é sobre a Jenna. Eu acho que ela está meio chateada comigo.
- O que aconteceu?
- Ela foi na casa de uns amigos meus pra conversar sobre um trabalho que ela ia fazer com eles e, segundo ela, foi estuprada.
- O QUE? - grito.
- Eu discordo disso. Ela aceitou beber vinho com eles, logo, ela quis.
- Logan, ela não quis! Você ficou louco?
- Eu só fui realista! - ele diz e eu sinto o sangue ferver nas minhas veias.
- Cara, não me diga que você falou isso pra Jenna...
- Eu falei, e isso que deve tê-la deixado chateada. Você tinha razão, ela é amarga às vezes.
- Não é amargura, você está errado! Logan você não percebe a gravidade do que você disse?
- Qual é a gravidade? Eu só disse o que era verdade! - ele diz e eu sinto uma leve vontade de ir até Yale para socar a cara dele novamente.
- Ela estava bêbada, Logan! Você acha que se ela tivesse culpa e se ela gostasse disso, ela teria reclamado? - digo. - Realmente você não conhece a Jenna.
- Você não tem direito de falar isso.
- É claro que tenho, você não a conheço direito! Você é daquele tipo de pessoa que compartilha aquilo que vê e se diz jornalista, sem fundar as próprias opiniões. Para de ser ridículo, tenta se redimir, se ela tiver em um bom dia, é capaz de ela te perdoar.
- Eu queria saber por que a Jen ficou tão abalada com isso.
- Não é a primeira vez que isso acontece com ela.
- Como assim?
- Isso já aconteceu com ela quando ela tinha 16 anos. A mãe dela tinha acabado de se casar. O padrasto dela nunca passou alguma confiança para ela. Ele a olhava de um jeito muito estranho, não era aquele carinho "de pai", era como se ela não fosse a filha da mulher que ele acabara de casar e sim uma prostituta que ele desejasse. Alguns meses depois, ele passou a visitar o quarto dela todas as noites. A Jen me contava que ela não se sentia mais segura dentro da sia própria casa, e o pior, quem lhe causava isso era o homem que deveria lhe passar segurança na ausência do pai.
- O pai dela morreu? - Logan diz.
- Até onde eu sei não. Ele se separou da mãe dela, e preferiu ficar com o cachorro.
- Que horror! Mas continue a história.
- Bem, ela me contava o que estava acontecendo todos os dias. Eu até tentava avisar a família dela sobre o que estava acontecendo e o quão grave era, mas ninguém me dava ouvidos. Mas teve um dia que, quando eu tinha duas primeiras aulas seguidas com a turma dela, ela chegou atrasada, cabisbaixa. Quando ela se sentou logo percebi que algo não estava de acordo com ela, então o namorado dela, na época, foi até ela, tentou saber o que estava acontecendo, e ela chorou no ombro dele. Tentei prosseguir com a aula, mas tive ir com os dois para fora da sala. Foi quando ela me contou: Ela havia sido estuprada pelo padrasto. - digo ouvindo a tomada de ar de Logan.
- Nathan, eu não sabia disso! Mas como aconteceu?
- A mãe dela tinha saído de casa e o padrasto dela estava em casa. Ela acabara de chegar da escola, pelo o que eu me lembro, era um dia muito importante para ela, pois tinha se tornado a capitã das Cheerios. A Jenna foi beber água e o padrasto dela começou a dizer coisas horríveis para ela, a imobilizou e tapou a sua boca. Ela ficou encurralada na bancada da cozinha, tanto é que a Jenna evita se aproximar daquele lugar. Por isso que ela está brava contigo, não foi culpa dela agora, assim como não foi culpa dela quando a mãe dela se casou com aquele cara nojento. Ainda bem que, depois disso a mãe dela denunciou o cara e ele foi preso.
- Cara, eu juro que eu não sabia! Eu tenho que me desculpar com a Jenna, mas como?
- Tenta conversar com ela, Logan. Vai que ela te escuta. - ouço Sarah chamar o meu nome com uma voz sonolenta. - Logan, eu preciso ir. Cara, qualquer coisa me liga.
- Tudo bem, te falo o que acontecer. Muito obrigado, Nathan. - desligo o telefone e vou até Sarah.
...
(POV Jenna)
Passo a noite no hospital, logo depois de fazer o Boletim de Ocorrência. Pego meus exames e volto para o consultório para conferir o resultado.
- Bom, Jenna, você está bem. Só vou te receitar um remédio para prevenir outra doença, tá? - disse a médica. Concordei.
Saí do consultório e fui até uma padaria que já estava abrindo, bebi um capuccino e chamei um táxi. Chegando em Yale, caí na minha cama e dormi. Quando acordei, fui pegar os livros do próximo semestre e acabei me encontrando com Logan.
- Jenna, eu preciso conversar com você! - ele diz. - Por favor!
- Logan, esquece isso! - digo.
- Nathan me contou o que aconteceu com você. Eu sinto muito por não ter te ouvido! Me perdoe! - ele diz e eu vejo lágrimas em seus olhos. O abraço bem forte.
- Tá tudo bem! - digo. - Tá tudo bem...
- Jen, me perdoa?
- Sim, te perdoo.
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Um Milhão De Milhas
RomantizmJenna Arlington é filha única desprezada pelos pais desde a separação deles. Ela possui amizades improváveis, porém fiéis. A vida da jovem de 17 anos passa por várias revira-voltas e poucas oportunidades aparecem para ela. Então ela decide não despe...