Casa de Bonecas

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"Todos pensam que somos perfeitos, por favor não deixe que vejam através das cortinas." Vamos ver quem vai ser peça na brincadeira de amar. Certamente eu. Espera, eu já estou apaixonada e sou uma peça do jogo do amor.
Nathan e eu não temos AQUELA amizade de antes. Mesmo morando juntos. Ashley tem frequentado muito a casa de Nathan, muitas vezes tenho que tentar dormir em meio aos gemidos vindos do quarto dele. Minha vida anda difícil. Ashley joga na minha cara que está com meu melhor amigo, todos os dias.
Estamos afastados e eu estou sofrendo muito com isso. Pensei inúmeras vezes em alugar um apartamento e sair dali, ver se assim eu sofro menos, mas a mesada nunca é o suficiente. Além disso, Nathan é uma ótima pessoa para se dividir apartamento, por mais que seja um cretino. Um dia Nathan me pegou pesquisando um apartamento em um lugar um pouco distante de Miami. Foi a discussão mais séria que tivemos. Os palavrões jorravam da minha boca e, então, fui para o meu quarto e chorei as mais amargas lágrimas.
Resumindo: aqui estou eu, no quarto de hóspedes, escrevendo no meu diário, enquanto a festa de Eric é daqui há algumas horas. Ashley e Nathan vão de casal 20 da noite, vou pegar uma carona com Lacey e Wesley, e fazer vela outra vez.
Coloco meu cropped preto e minha calça preta com um salto bege. Meus cabelos ficam presos em uma trança que vai diretamente para minhas costas. Passo delineador e um batom vinho e fico esperando Lacey chegar. Nathan aparece na sala com uma camisa diferente, Ashley é extravagante e mandou ele vestir isso. Ele me olha e diz:
- Você está linda demais. Se continuar assim, eu vou querer trair a Ashley.
- Obrigada, Nathan. - respondo friamente.
- Ainda tá chateada?
- Não, imagina. - respondo irônica. Ele se ajoelha e segura uma das minhas mãos.
- Escuta, você ainda é minha princesa. - ele olha nos meus olhos.
- Não sou não. Nathan, por que você não chama a Ashley e não fala na frente dela que eu sou sua princesa? - digo puxando minha mão. - Já sei, é porque ela já tomou esse lugar. Não seja falso.
Vejo seu olhar chateado e me sinto mal, então Lacey pede para que eu desça.
- Jenna. - ele diz. - Me perdoa, por favor.
- Tá bom. Eu perdoo. - ele me abraça e eu desço em direção ao carro de Wesley. Chego no carro e me seguro para não chorar.
"Ei garota, abra suas paredes, brinque com suas bonecas. Seremos uma família perfeita!" Por mais que eu tente ser forte, isso é mais forte que eu. Aaaargh!
Chego na casa de Eric acompanhada de Lacey e Wesley. Conheço muitas pessoas aqui desde a época que namorava Eric. Confesso que, por mais que ele tenha me traído, ele era um ótimo namorado. Eu amava aquele canalha. Tivemos ótimos momentos, principalmente quando fomos para Londres com a turma, na London Eye principalmente. Lembro-me que, quando estávamos no topo, eu fiquei com muito medo e Eric percebendo isso, me abraçou e me beijou.
- Queria ser digno de estar aqui com você. - ele me diz acariciando meu rosto. Na época, eu não entendia o sentido daquilo e achei bonitinho, mas eu não sabia que teria que ficar longe de parques de diversões, pois lá as pessoas possuem seus segredos mais obscuros. Porém, infelizmente, eu não tenho controle sobre meu futuro, e nenhum erro fica coberto por muito tempo. Foi quando aconteceu o fato mais traiçoeiro, o golpe letal nas minhas costas.
Por fim, vejo Eric e, a maioria dos convidados me olhando torto. Se eu visse a ex-namorada de uma pessoa na festa dela, também olharia torto. Então ele vem em minha direção e me abraça apertado. Nesse abraço, ele me beija e eu permaneci sem reação. Suas mãos estavam descendo mais em meu corpo. Minha cintura, meus quadris, indo para o meu bumbum. Tirei sua mão de lá antes que ele extrapolasse. Empurrei-lhe o presente e disse:
- Feliz Aniversário, Eric!
- Você está uma gata, Jenna.
- Obrigada. Vou comer alguma coisa e sair de perto do Nathan.
- O que aconteceu? Foi por causa da Ash?
- Exato. Não aguento mais ouvir esses dois transando no quarto do lado.
- Entendo. E eles dois estão chegando ali. Fica longe que vai ficar tudo bem. Você precisa de um homem! Desapega, ruiva!
- Desapego sim. Vou comer, tá bom?
- Fica bem.
A desculpa de ir comer foi só para sair de cena depois daquele beijo. Nossa, estava com saudades. Desde que beijei Nathan pela última vez, eu nunca mais tinha beijado alguém. Eu estava com saudades de receber o amor que Eric me dava, estava com saudades de ser tratada com o respeito que mereço. Resumindo: eu queria amor. E não era um amor que poderia ser suprido à base de sexo e mais sexo, até porque sou virgem. Tudo no seu tempo. Eric sabe como é esse amor, e só ele sabe como suprir.
Nathan me viu e me chamou. No mesmo instante, Eric chega, me agarrando pela cintura e me levando para longe. Olhando para trás vejo meu melhor amigo nos encarando. Eric me leva para perto da piscina e eu me deparo com um parquinho e eu lembro desse parquinho.
- Eric, esse é o parquinho que brincávamos quando crianças?
- Sim. E um ótimo cenário para te pedir desculpas.
- Eu já te perdoei.
- Não, eu sei que você já me perdoou.
- O que você quer, filho?
- Eu quero te pedir para voltar comigo, por favor.
- Eric...
- Jenna, me dá uma segunda chance. Eu não aguento mais ficar sem você.
- Eu não tenho certeza. Você já me fez sofrer tanto.
- Jen, eu te peço, por favor. Eu ainda te amo pra caramba.
- Eric, eu não sei o que responder.
- Responda que sim! - ele diz e eu ri. Ouvimos uma movimentação e as gargalhadas de Ashley. Bem, naquele momento eu queria sair correndo, mas já era tarde, Nathan e Ashley estavam lá nos encarando. Nathan me olha com raiva e diz:
- Era aqui que você estava, Jenna? Se pegando com seu ex-namorado?
- Você não me contou do Cheesecake com a vagaba. - rebato. Ui! Quero ver o circo pegar fogo.
- Isso é particular! Eu saio com quem eu quero sair. Eu tenho 26 anos e você 17. Eu tenho idade o suficiente pra ser seu irmão! - ele realmente se irritou e me irritou. Como ele fala assim comigo?
- Verdade. Você tem toda a razão! Só tem idade para ser meu irmão. Você não tem que mandar em mim. NÃO TEM ESSE DIREITO! - saio de lá empurrando Nathan, Ashley e qualquer coisa que estivesse na minha frente.
Com adrenalina o suficiente no sangue para socar a cara de alguém, gritei:
- E, NATHAN, EU FAÇO O QUE EU QUERO DA MINHA VIDA! - dou mais um passo para trás e sinto minha leve queda na água. A água entra nos meus ouvidos e eu me desespero por não saber nadar e por cair na parte mais funda, longe da borda. Tudo o que vejo é um breu e fico inconsciente.
***
Eu não posso dizer não! Oh, os hábitos do meu coração!

Um Milhão De MilhasOnde histórias criam vida. Descubra agora