Capítulo 4

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Helena. 

  João, ao chegar no topo do morro, para em frente à uma grande casa e aperta em um controle, fazendo com que o portão se abra. Perto das outras casas, essa é uma mansão. Escuto o ronco de uma moto, bastante alto, olho pelo espelho retrovisor e vejo uma grande moto, preta, reconheço um pouco pelo seu designe, é uma Kasinski.

Eu - É uma Kasinski preta, que modelo?

João - Comet 250. Onde é que tú aprendeu o nome dessas coisas? - reviro os olhos, disfarçando. 

Eu - É bonita. 

João - É uma 2016.

Eu - Gtr. 

  Ele me olha surpreso, a moto entra e em seguida nós.  O portão começa a fechar e pego minha mochila no anco de trás enquanto João desce. Abro a porta e saio. O garoto na moto desce e tira o capacete, mas não percebe minha presença, caminho até o porta- malas e o abro. 

Xx - Voltou cedo. - eles se cumprimentam com um toque de mãos. 

João - Pensei que fosse ser mais difícil. Mas ela é marrenta. 

Xx - E isso é bom? - acho que João respondeu com um sinal ou com a cabeça, porque não escutei a resposta, tiro as duas malas e uma bolsa do porta malas - Cadê a mina?

   Fecho o porta-malas com força, fazendo barulho e atraindo a atenção dos dois, em seguida puxo as malas e digo caminhando:

Eu - Bela moto. - elogio, solto as malas e paro os observando - É aqui? - pergunto. 

João - É, deixa que a gente leva as malas.

Xx - Qual o seu nome? - pergunta. 

Eu - Helena Sati. 

João - Helena Sati Guerra. - resmunga.

Eu - Não é o que o meu RG diz. 

Xx - Tá bom. - ele ri - Desculpa aí JP, mas ela só te puxou na teimosia né, porque com todo o respeito, ela é uma gata. 

João - Não abre o olho pra ti ver! - diz e ri, empurrando com força a bolsa no peito do homem que parece ter uma idade aproximada da sua. 

Xx - Meu nome é Heitor, eu sou braço direito desse cara aí.

Eu - Hum. 

João - Vem conhecer tua nova casa. - ele diz e abre a porta. 

 A casa é toda branca, paredes, piso e teto de gesso, decoração básica, quase nenhuma, típico de uma casa masculina. Sofá marrom, assim como o hackie da sala, sem flores ou papel de parede, nem mesmo um tapete no chão ou uma mesa de centro, na cozinha, que fica ao lado, separada apenas por uma meia parede, sem banquetas, apenas o balcão branco com mármore em cima, adivinha, marrom. Cozinha básica, um armário, pia, um micro-ondas, fogão pequeno e geladeira. Ao lado uma mesa de madeira pequena com quatro cadeiras, percebo uma porta de correr, de vidro que da vista para a praia, gostei dessa parte, parece ter uma churrasqueira lá fora, porém para nisso, o corredor é normal, sem espelho, quadros ou qualquer coisa do tipo, nem um móvel. As portas de madeira, grandes e brancas, a casa é totalmente sem graça. Lampadas normais, nenhum detalhe. Até o gesso é simples no teto. 

Eu - Nossa... - digo boquiaberta. 

João - Qual o problema? 

Eu - Nenhum, apesar de eu apostar que na sua geladeira, só tem bebidas e dois pacotes, um de queijo e outro de presunto, não esqueçamos do potinho de margarina. E no armario aposto que tem no minimo dois pacotes de macarrão instântaneo. 

João - Nada a ver. - olho para ele.

Eu - Com licença. - digo, caminho até o armário, abro e percebo que tem mais do que dois pacotes de macarrão instântaneo, tem no mínimo cinco ali - Então...- vou até a geladeira, como eu havia dito - Só pra avisar, eu tenho dezesseis anos, sou menina, estou em fase de crescimento e acostumada a comer direito, o tipo de comida que não vem em um pacotinho , em uma caixinha de papel ou isopor. Okay? - ele coça a cabeça e eu fecho a geladeira.

João - Calma, não vai passar fome. 

Eu - Sem contar que nunca vi uma casa mais sem graça, não tinha nenhuma mulher pra te ajudar a decorar isso aqui não?! - Heitor ri. 

João - Ta, chega de me esculachar. O quarto de hospedes é na primeira porta do corredor. 

Eu - Vou me surpreender se tiver um espelho. - digo e caminho com as minhas coisas ouvindo Heitor gargalhar.

  Entro no quarto e como já suspeitava, não tem um espelho. Suspiro, tem um guarda-roupas e uma cama, nossa, até que tem bastante coisa, estava quase me convencendo de que teria que deixar as roupas nas malas. Olho ao redor procurando a porta do banheiro e nada. Atá. Saio do quarto ouvindo o som da televisão. Encontro os dois sentados no sofá. 

Eu - Podemos conversar? - pergunto séria, colocando as mãos na cintura e os dois me olham, acho que com medo do que irei dizer, se arrumam rapidamente no sofá. 

João - Senta. - aponta o sofá. 

Eu - Não obrigada. - digo - Olha só, eu até gostei da casa e etc, mas, sem querer parecer mimada ou metida, convenhamos e concordemos, que eu vou morar com um homem, só um homem, - dou enfase em "só" - sendo que eu o conheci hoje. Então, eu não posso ficar passando pelo corredor de toalha, nem nada disso e eu não vou ficar me vestindo no banheiro sempre. Então, acho que podiamos decidir o que eu preciso, pra que você tente me ajudar, porque eu vou morar aqui. - sorrio. 

  Eles ficam estáticos. 

João - Faz uma listinha do que você quer...

Eu - Precisa. - corrijo. 

João - Precisa, - repete - e depois eu resolvo. 

Filha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora