Helena.
Olho de relance para o homem escorado na parede, com o celular na mão, bem vestido, arrumado...
Eu - Vou. Eu aposto que lá, eles vão ao menos me contar a verdade.
Digo e subo as escadas.
Mãe - Helena! - chama.
Entro em meu quarto, não quero morar em uma favela, mas eu não quero ficar aqui. Sei que posso sofrer, mais o que pode acontecer?! Eu vou.
Pego minhas coisas, tudo o que é importante e quase todas as roupas, coloco tudo em duas malas médias e uma mochila, tento pegar o máximo de coisas, inclusive meus eletrônicos, sapatos e etc. Troco de roupa e desço com tudo.
Eu - Pode me ajudar? - pergunto ao meu..."novo pai".
Xx - Claro. - ele pega algumas coisas, a maioria na verdade.
Mãe - Helena...
Eu - Tchau.
Pai - Filha... - reviro os olhos e saio batendo a porta, o homem coloca as coisas no carro em frente á grande casa e me manda entrar e enfim da a partida.
Xx - Tudo bem? Quer conversar?
Eu - O que você acha? - digo de forma irônica.
Xx - Okay. - diz baixo prestando atenção na rua.
Eu - Qual seu nome?
Xx - João Pedro Guerra, mas me chamam de JP. Se quiser me chamar de pai eu também aceito.
Eu - João. Ta? - digo marrenta.
João - Ta.
Eu - Onde estamos indo?
João - Aeroporto e depois, Rio de Janeiro.
Fico em silêncio e começo a pensar em como vai ser daqui pra frente. No aeroporto, compramos as passagens, despachamos as minhas malas, ele nem tem mala, só uma mochila mesmo, João devolve o carro alugado e logo estamos embarcando, me sento na janela e viro para a mesma, meio que me despedindo da minha querida São Paulo. Algumas lágrimas começam a cair de meus olhos e João fica encomodado, percebo que ele vai me dizer algo e apenas lhe faço um sinal, preciso chorar, não sei nem ao certo por qual dos motivos ou talvez por todos, mas sei que preciso.
[...]
Percebo que acabei dormindo quando João me acorda, levanto e ele pega a bolsa que estava acima de nossas cabeças. Saimos do avião e toco meu rosto, percebendo que está inchado. Pegamos as outras malas, me viro para ele e pergunto:
Eu - Vamos como? De transporte público? - pergunto conformada, vou tentar me acostumar com minha, "nova vida".
João - Não.
Eu - É tão perto assim pra ir de pé? Eu tenho malas, não muito leves. - digo.
João - Vamos de carro Helena.
Eu - Hum.
Saimos do aeroporto e ele pega a chave de um carro na mochila, deve ser um carro rebaixado, lá em SP, chove desses naquelas favelas.
Me surpreendo quando ele aperta o botão na chave e as luzes de um Skyline Gtr preto, nossa...
Eu - Belo Skyline. - digo e ele me olha surpreso, colocamos as malas no carro.
João - Não sabia que se interessava por carros.
Eu - Conheço bem... esse é um...
João - 2015.
Eu - Isso.
Ele dirige, praticamente voa baixo. Percebo que chegamos á favela, ao ver uma grande quantidade de casas empilhadas, pequenas, inacabadas, triste. Ele abre a janela, elas tem película bastante escura, ao abrir vejo garotos armados, impossibilitando a entrada, um deles chega perto da janela e diz:
Xx - Que bom que voltou chefe! - eles se cumprimentam, chefe?
João - Depois nois conversa.
Xx - Falow.
Ele sobe rapidamente o morro de barro.
Eu - Chefe?
João - Dezesseis anos se passaram, o garoto favelado que tua mãe namorou cresceu. A gente muda de cargo nesse tempo.
Eu - O que você é aqui? Uma espécie de traficante famoso?
João - Não, eu sou dono do morro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filha do Chefe
Teen FictionHelena levava uma vida normal. Mas parece que agora tudo vai mudar, a partir do momento em que o pai aparece e leva a garota para "outro mundo".