Capítulo 3

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Helena. 

Olho de relance para o homem escorado na parede, com o celular na mão, bem vestido, arrumado...

Eu - Vou. Eu aposto que lá, eles vão ao menos me contar a verdade.

  Digo e subo as escadas. 

Mãe - Helena! - chama.

  Entro em meu quarto, não quero morar em uma favela, mas eu não quero ficar aqui. Sei que posso sofrer, mais o que pode acontecer?! Eu vou. 

  Pego minhas coisas, tudo o que é importante e quase todas as roupas, coloco tudo em duas malas médias e uma mochila, tento pegar o máximo de coisas, inclusive meus eletrônicos, sapatos e etc. Troco de roupa e desço com tudo. 

Eu - Pode me ajudar? - pergunto ao meu..."novo pai".

Xx - Claro. - ele pega algumas coisas, a maioria na verdade. 

Mãe - Helena...

Eu - Tchau. 

Pai - Filha... - reviro os olhos e saio batendo a porta, o homem coloca as coisas no carro em frente á grande casa e me manda entrar e enfim da a partida.

Xx - Tudo bem? Quer conversar?

Eu - O que você acha? - digo de forma irônica. 

Xx - Okay. - diz baixo prestando atenção na rua.

Eu - Qual seu nome? 

Xx - João Pedro Guerra, mas me chamam de JP. Se quiser me chamar de pai eu também aceito. 

Eu - João. Ta? - digo marrenta.

João - Ta. 

Eu - Onde estamos indo?

João - Aeroporto e depois, Rio de Janeiro.

  Fico em silêncio e começo a pensar em como vai ser daqui pra frente. No aeroporto, compramos as passagens, despachamos as minhas malas, ele nem tem mala, só uma mochila mesmo, João devolve o carro alugado e logo estamos embarcando, me sento na janela e viro para a mesma, meio que me despedindo da minha querida São Paulo. Algumas lágrimas começam a cair de meus olhos e João fica encomodado, percebo que ele vai me dizer algo e apenas lhe faço um sinal, preciso chorar, não sei nem ao certo por qual dos motivos ou talvez por todos, mas sei que preciso. 

[...]

  Percebo que acabei dormindo quando João me acorda, levanto e ele pega a bolsa que estava acima de nossas cabeças. Saimos do avião e toco meu rosto, percebendo que está inchado. Pegamos as outras malas, me viro para ele e pergunto:

Eu - Vamos como? De transporte público? - pergunto conformada, vou tentar me acostumar com minha, "nova vida".

João - Não. 

Eu - É tão perto assim pra ir de pé? Eu tenho malas, não muito leves. - digo. 

João - Vamos de carro Helena. 

Eu - Hum. 

  Saimos do aeroporto e ele pega a chave de um carro na mochila, deve ser um carro rebaixado, lá em SP, chove desses naquelas favelas. 

  Me surpreendo quando ele aperta o botão na chave e as luzes de um Skyline Gtr preto, nossa...

Eu - Belo Skyline. - digo e ele me olha surpreso, colocamos as malas no carro.

João - Não sabia que se interessava por carros.

Eu - Conheço bem... esse é um...

João - 2015.

Eu - Isso. 

 Ele dirige, praticamente voa baixo.  Percebo que chegamos á favela, ao ver uma grande quantidade de casas empilhadas, pequenas, inacabadas, triste. Ele abre a janela, elas tem película bastante escura, ao abrir vejo garotos armados, impossibilitando a entrada, um deles chega perto da janela e diz:

Xx - Que bom que voltou chefe! - eles se cumprimentam, chefe?

João - Depois nois conversa. 

Xx - Falow. 

  Ele sobe rapidamente o morro de barro. 

Eu - Chefe? 

João - Dezesseis anos se passaram, o garoto favelado que tua mãe namorou cresceu. A gente muda de cargo nesse tempo. 

Eu - O que você é aqui? Uma espécie de traficante famoso? 

João - Não, eu sou dono do morro. 


Filha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora