Helena.Abro a porta e vejo Stephan, com um de meus cadernos na mão.
Stephan - Você esqueceu. - diz frio, com os olhos vermelhos.
Eu - O que aconteceu com seus olhos? - pergunto já sabendo qual era a resposta, mesmo sabendo que ele não diria.
Stephan - Nada não patricinha. - estende o caderno.
Eu - Ja fui patricinha. Mas agora não sou mais...e você não me conhece para me chamar de patricinha.
Stephan - Legal patricinha. Pega logo o caderno.
Eu - Pra você ir logo se drogar?! Bom garoto...boa sorte nessa vida.
Stephan - Você não sabe qual é a minha vida.
Eu - Legal bad boy.
Stephan - Pega logo garota. - diz irritado.
Pego o caderno de sua mão e ele se vira para ir embora, ouço o som da supervisora se aproximando, estava falando com alguém. Pego na mão de Stephan e puxo o garoto de olhos vermelhos para dentro do quarto, fecho a porta e tampo sua boca.
Eu - Shhh... - sussurro.
Ouço a supervisora dizendo em inglês para um homem desconhecido por mim, que o bebedouro do corredor estava estragado á mais de um mês e que as alunas estavam precisando caminhar, muitas vezes de madrugada, até a maquina do ginásio ou o refeitório, do outro lado do pátio.
Em seguida o som das ferramentas e parecia ter mais gente ali, esta companhia ia demorar a ir embora.
Eu - Vai sair? - pergunto.
Stephan - Vou esperar um pouco...posso?
Eu - Pode. - digo me virando, pego um livro e me sento na cama, encostada nos travesseiros.
Stephan - Gosta de ler?
Eu - Odeio, mas costumo me torturar, fazendo o que não gosto nas horas livres. - digo sarcástica.
Stephan - Engraçada. - diz ironico - Só queria puxar um assunto. - diz bufando e sentando no chão.
Eu - Gosto de palavras. Ler, escrever...essas coisas.
Stephan - Qual o seu preferido?
Eu - Acredito que seja "Quem é você, Alasca?", de John Green.
Stephan - Coincidência.
Eu - Também gosta?
Stephan - Também é o meu preferido.
Eu - Você fuma como ela?
Stephan - Pra morrer?
Eu - Você sabe. É seu preferido.
Stephan - Prefiro saborear.
Eu - Está fumando o errado.
Stephan - E tem o certo para fumar?
Eu - O certo seria não fumar.
Stephan - E quem decide se é certo ou errado? Você?!
Eu - É só um conselho... - digo virando os olhos.
Stephan - Uma pergunta Helena, - olho para ele novamente - você já ouviu falar que se conselho fosse bom, não era dado, era vendido?!
Eu - Espero que você se ferre.
Stephan - Obrigado. - nos calamos e eu volto á ler meu livro.
Alguns minutos mais tarde, os barulhos param e eu abro a porta para averiguar.
Eu - Pode ir bad boy.
Stephan se levanta e sai do quarto, sem dizer nada. Ele é tão metido que chega a me irritar. Observo ele se afastar e em seguida me viro para entrar novamente no quarto, então meus olhos encontram Binho.
Eu - Eu posso explicar.
Binho - Gostaria de ouvir. Posso entrar?
Eu - A Luisa já deve tá voltando, eu quero pegar um ar, quer dar uma volta? Pra conversar? - ele assente.
Fecho a porta, passando a chave e começamos á caminhar.
Binho - Pode começar.
Eu - Ele veio me entregar um caderno que eu esqueci na sala.
Binho - E você convidou ele para entrar e tomar uma xícara de café Helena? - bufo revirando os olhos.
Eu - Posso continuar? Ou você vai me zoar com seus trocadilhos "Chavosos"?
Binho - Você diz "Chavoso" e os trocadilhos são meus?! - ele ri.
Eu - Ele estava com os olhos vermelhos, qualquer tonto saberia que ele fumou e muito. - digo - Ouvimos a supervisora se aproximar, bem na hora que ele tinha se virado para ir embora e eu o puxei para não se encrencar.
Binho - Nossa, que amor.
Eu - Para com esse ciúme besta. Ficamos conversando e na maior parte do tempo, ele me irritava.
Binho - Cuidado, ódio é o sentimento mais próximo do amor.
Eu - Claro que não!
Binho - Você pode amar em grandes porções e pode odiar em grandes porções.
Eu - Qualquer sentimento pode ser sentido em grandes porções.
Binho - Amor e ódio são sentimentos opostos, apesar de muito parecidos.
Eu - Binho! Amor e ódio não tem nenhuma proximidade.
Binho - Você mataria por ódio? - o encaro.
Eu - Não. - digo seca.
Binho - Tem certeza?
Eu - Talvez... - penso.
Binho - E por amor?
Eu - Claro que não, ninguém mata por amor.
Binho - Se uma pessoa matasse alquém que você ama e você tivesse a oportunidade de matar essa pessoa, você mataria?
Penso, faz sentido.
Eu - Como chegamos nesse assunto? - tento mudar de foco.
Binho - Se cuida.
Eu - Stephan e eu não temos nada em comum.
Binho - Os opostos se atraem.
Eu - Podemos esquecer essa conversa?
Binho - Tudo bem.
Ele me abraça e nos sentamos em um banco, perto de um lago, onde tinha também um balanço e alguns brinquedos, uma espécie de parque.
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Esse dia tá longo hein. E essa conversa sobre matar?! O que vocês acham que vai rolar?
E o Stephan? Será que a Helena está esquecendo o Juan? Ela realmente gosta do Binho? O que o Stephan vai despertar em Helena?
Os próximos capítulos prometem meus amores...coisas interessantes vão acontecer no Brasil.
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Filha do Chefe
Novela JuvenilHelena levava uma vida normal. Mas parece que agora tudo vai mudar, a partir do momento em que o pai aparece e leva a garota para "outro mundo".