Capítulo 35

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Helena.

Abro a porta e vejo Stephan, com um de meus cadernos na mão.

Stephan - Você esqueceu. - diz frio, com os olhos vermelhos.

Eu - O que aconteceu com seus olhos? - pergunto já sabendo qual era a resposta, mesmo sabendo que ele não diria.

Stephan - Nada não patricinha. - estende o caderno.

Eu - Ja fui patricinha. Mas agora não sou mais...e você não me conhece para me chamar de patricinha.

Stephan - Legal patricinha. Pega logo o caderno.

Eu - Pra você ir logo se drogar?! Bom garoto...boa sorte nessa vida.

Stephan - Você não sabe qual é a minha vida.

Eu - Legal bad boy.

Stephan - Pega logo garota. - diz irritado.

Pego o caderno de sua mão e ele se vira para ir embora, ouço o som da supervisora se aproximando, estava falando com alguém. Pego na mão de Stephan e puxo o garoto de olhos vermelhos para dentro do quarto, fecho a porta e tampo sua boca.

Eu - Shhh... - sussurro.

Ouço a supervisora dizendo em inglês para um homem desconhecido por mim, que o bebedouro do corredor estava estragado á mais de um mês e que as alunas estavam precisando caminhar, muitas vezes de madrugada, até a maquina do ginásio ou o refeitório, do outro lado do pátio.

Em seguida o som das ferramentas e parecia ter mais gente ali, esta companhia ia demorar a ir embora.

Eu - Vai sair? - pergunto.

Stephan - Vou esperar um pouco...posso?

Eu - Pode. - digo me virando, pego um livro e me sento na cama, encostada nos travesseiros.

Stephan - Gosta de ler?

Eu - Odeio, mas costumo me torturar, fazendo o que não gosto nas horas livres. - digo sarcástica.

Stephan - Engraçada. - diz ironico - Só queria puxar um assunto. - diz bufando e sentando no chão.

Eu - Gosto de palavras. Ler, escrever...essas coisas.

Stephan - Qual o seu preferido?

Eu - Acredito que seja "Quem é você, Alasca?", de John Green.

Stephan - Coincidência.

Eu - Também gosta?

Stephan - Também é o meu preferido.

Eu - Você fuma como ela?

Stephan - Pra morrer?

Eu - Você sabe. É seu preferido.

Stephan - Prefiro saborear.

Eu - Está fumando o errado.

Stephan - E tem o certo para fumar?

Eu - O certo seria não fumar.

Stephan - E quem decide se é certo ou errado? Você?!

Eu - É só um conselho... - digo virando os olhos.

Stephan - Uma pergunta Helena, - olho para ele novamente - você já ouviu falar que se conselho fosse bom, não era dado, era vendido?!

Eu - Espero que você se ferre.

Stephan - Obrigado. - nos calamos e eu volto á ler meu livro.

Alguns minutos mais tarde, os barulhos param e eu abro a porta para averiguar.

Eu - Pode ir bad boy.

Stephan se levanta e sai do quarto, sem dizer nada. Ele é tão metido que chega a me irritar. Observo ele se afastar e em seguida me viro para entrar novamente no quarto, então meus olhos encontram Binho.

Eu - Eu posso explicar.

Binho - Gostaria de ouvir. Posso entrar?

Eu - A Luisa já deve tá voltando, eu quero pegar um ar, quer dar uma volta? Pra conversar? - ele assente.

Fecho a porta, passando a chave e começamos á caminhar.

Binho - Pode começar.

Eu - Ele veio me entregar um caderno que eu esqueci na sala.

Binho - E você convidou ele para entrar e tomar uma xícara de café Helena? - bufo revirando os olhos.

Eu - Posso continuar? Ou você vai me zoar com seus trocadilhos "Chavosos"?

Binho - Você diz "Chavoso" e os trocadilhos são meus?! - ele ri.

Eu - Ele estava com os olhos vermelhos, qualquer tonto saberia que ele fumou e muito. - digo - Ouvimos a supervisora se aproximar, bem na hora que ele tinha se virado para ir embora e eu o puxei para não se encrencar.

Binho - Nossa, que amor.

Eu - Para com esse ciúme besta. Ficamos conversando e na maior parte do tempo, ele me irritava.

Binho - Cuidado, ódio é o sentimento mais próximo do amor.

Eu - Claro que não!

Binho - Você pode amar em grandes porções e pode odiar em grandes porções.

Eu - Qualquer sentimento pode ser sentido em grandes porções.

Binho - Amor e ódio são sentimentos opostos, apesar de muito parecidos.

Eu - Binho! Amor e ódio não tem nenhuma proximidade.

Binho - Você mataria por ódio? - o encaro.

Eu - Não. - digo seca.

Binho - Tem certeza?

Eu - Talvez... - penso.

Binho - E por amor?

Eu - Claro que não, ninguém mata por amor.

Binho - Se uma pessoa matasse alquém que você ama e você tivesse a oportunidade de matar essa pessoa, você mataria?

Penso, faz sentido.

Eu - Como chegamos nesse assunto? - tento mudar de foco.

Binho - Se cuida.

Eu - Stephan e eu não temos nada em comum.

Binho - Os opostos se atraem.

Eu - Podemos esquecer essa conversa?

Binho - Tudo bem.

Ele me abraça e nos sentamos em um banco, perto de um lago, onde tinha também um balanço e alguns brinquedos, uma espécie de parque.

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Esse dia tá longo hein. E essa conversa sobre matar?! O que vocês acham que vai rolar?

E o Stephan? Será que a Helena está esquecendo o Juan? Ela realmente gosta do Binho? O que o Stephan vai despertar em Helena?

Os próximos capítulos prometem meus amores...coisas interessantes vão acontecer no Brasil.

Filha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora