Capitulo 37

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Helena.

Stephan - Alexia.

Eu - Quem era ela? - pergunto.

Stephan - Não gosto de falar sobre isso.

Eu - Se você guardar tudo dentro de você, seus fios não vão aguentar e vão se arrebentar.

Stephan - Você leu "Cidades de Papel"? - pergunta virando seu corpo e ficando de frente para mim.

Eu - Não sei o final.

Stephan - Não perdeu nada demais.

Eu - Vai deixar os fios arrebentarem?

Stephan - Eu venho cortando os fios, Helena.

Eu - Por que?! - pergunto indignada.

Stephan - Ela era, como você...tinha olhos claros, eram azuis, meio transparentes de tão claros e seu cabelo era escuro, preto, brilhava, era liso e um pouco longo, quando ela estava pensando em algo importante, colocava  a longa franja atras da orelha. A pele Dela era clara, muito, mas tinha cor. Quando ela ficava envergonhada, corava e quando estava triste, se calava. Eu era louco por ela e ela me amava.

Eu - O que aconteceu?

Stephan - Ela não fazia nada de errado, era politicamente correta. Ela foi a melhor pessoa que eu já conheci na vida. Ia à igreja aos domingos de manhã e muitas vezes me levava junto. - meu coração aperta - Ficamos dois anos juntos é um dia ela desmaiou, no meu colo...- ele fecha os olhos e prende os braços ao corpo como se estivesse sentindo o corpo dela - eu a levei ao hospital, o médico disse que ela estava doente, que era tarde é que não tinha mais o que fazer. O cabelo Dela começou a cair e ela começou a ficar cada vez mais fraca, mas o sorriso Dela continuou sendo o mais lindo do mundo. Até que um dia, de madrugada, eu estava na sala de espera e os médicos começaram a correr pelos corredores, minutos depois, me deram a pior notícia que eu já recebi e algumas horas mais tarde, eu vi a garota que eu amava, sendo enterrada, da maneira mais graciosa possível. Ela parecia um anjo, ela era um anjo. - fico boquiaberta.

Eu - Sinto muito...

Stephan - Ela fazia tudo certo Helena, as pessoas procuravam por ela quando precisavam de ajuda, ela era boa e prestativa, era inocente e obediente. - ele suspira - Mas olha o que aconteceu com ela. Qual o sentido de ser bom? Existem pessoas ruins no mundo e foi ela quem morreu. Pra que seguir regras se no final vamos estar todos mortos?!

Eu - Pra que quando estivermos mortos, alguém que nos amou enquanto vivos, possa dizer coisas boas sobre nós e nos chamar de anjo.

Stephan - Você não tem raiva do destino?

Eu - Tenho. Às vezes. Não sempre. - respiro - Estamos em uma pequena viajem de férias chamada de "vida" e quando tudo acabar, a única coisa que restará, serão as lembranças. Cabe a você escolher, pelo o que quer ser lembrado.

Stephan - Pelo o que você quer ser lembrada Helena?

Eu - Quero apenas que lembrem de mim, de uma forma boa. Já estarei satisfeita.

Stephan - O que aconteceu com ele?

Eu - Ele salvou a vida do meu pai.

Stephan - Eu não devia...

Eu - Ele levou um tiro...eu estava em São Paulo, estava brava, e não falava com ele a meses. Ele entrou em coma e quando eu soube, voltei para o Rio de Janeiro, passei a partir daí, todos os dias no hospital ao lado dele e no único dia em que eu sai, ele acordou e ele havia perdido a memória parcialmente. Não se lembrava de nada que havia acontecido nós dois anos que antecederam o acidente, inclusive, não se lembrava de ter me conhecido e ainda não lembra.

Stephan - E você resolveu fazer um intercâmbio e se afastar da pessoa que você ama?!

Eu - Eu vi ele com outra. Eu decidi fingir que nós não nos conhecíamos, porque quero que ele se apaixone por mim. Antes do acidente, ele era uma espécie de funcionário do meu pai, então ele disse que não poderia ficar com a filha do chefe dele. Mas agora era diferente, meu pai não era mais chefe dele.

Stephan - Você mentiu para um garoto que perdeu a memória?! Helena você é má.

Eu - Eu sei. E agora a memória dele está voltando e eu tenho medo do que pode acontecer quando ele se lembrar de mim.

Stephan - Foi bom poder conversar com você.

Eu - Foi. Mas... - olho no celular e vejo que já passa de uma hora da manhã - tá tarde, precisamos descansar.

Stephan - Te acompanho até o seu quarto.

Eu - Obrigada. - agradeço e começamos a caminhar em direção aos dormitórios.

Caminhamos até o alojamento e Stephan, me acompanha até a porta do meu quarto.

Eu - Obrigada, mas não precisava vir até aqui.

Stephan - Mais tempo com você patricinha.

Eu - Não sou patricinha Stephan. - digo quase irritada.

Stephan - Pode ser...mas você irritada é fofa. - me surpreendo com sua resposta.

Eu - Boa noite. - digo.

Me viro para entrar, mas Stephan segura meu braço com cuidado e me puxa para perto de seu corpo. Nossos rostos ficam extremamente perto, sinto sua respiração calma, totalmente contrária à minha, que estava cada vez mais ofegante. Stephan tenta colar nossos lábios, se aproximando lentamente ainda mais se fosse possível, do meu rosto.

Eu - Não posso... - digo fechando os olhos e sinto um beijo ser depositado em minha testa.

Stephan - Boa noite...patricinha.

Ele se afasta e eu abro lentamente meu rosto, respiro fundo e por último solto um suspiro. O que está acontecendo comigo?!

Entro no quarto e Luísa já está dormindo em sua cama. Tomo um banho frio e visto meu pijama, deito e rolo por horas, pensando em tudo e fantasiando meu futuro, sem saber com quem. Até finalmente o céu clarear e o despertador de Luísa tocar. Madruguei, passei a noite em claro, pensando em detalhes talvez inúteis, que tem me perturbado em quantidades exageradas. Eu só queria que tudo fosse simples. Só queria que Juan tivesse chegado na última chamada para entrar no avião...

Dois meses depois...

Acordo com o som de meu celular. Olho para a tela e vejo a foto de meu pai.

Ligação ON.

Eu - Pai? Aconteceu alguma coisa?

Pai - Oi filha, na verdade sim, mas não se desespere.

Eu - O que aconteceu? - pergunto me levantando.

Pai - Sua mãe me ligou, pediu que te avisasse... - ele pausa, parece procurar coragem para me contar algo ruim - seu avô foi internado, está muito mal, acreditam que desta vez ele não volte... - meus olhos se enchem de lágrimas - ela imaginou que talvez você quisesse ver ele.

Eu - Sim. - digo quase sem voz - Eu vou voltar.

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Comentem bastante. O que vocês acharam da história de vida do Stephan?! Pesado hein.

Filha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora