Capítulo III

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Por Isabella

Já fazem dois meses desde o dia que transei com aquele idiota e até hoje me pergunto como Scott consegue ter um amigo tão babaca! Ele e Clara foram morar juntos uma semana após a visita que fizeram em meu apartamento, para todos pareceu loucura, mas eles estavam felizes e era isso que importava, marcaram a cerimônia de casamento para a primeira data disponível na igreja, e desde então a vida de minha amiga se resume em preparações para o casamento. O grande dia estava chegando, e ouvia ela lamentar que o vestido teria que sofrer mais mudanças, já que sua barriga estava começando a aparecer. Ela estava linda e o sorriso dos dois cativava a todos. Fui até Londres algumas vezes, mas não vi Adam em nenhuma oportunidade, agradeci por isso, não seria bom ver ele, muito menos depois do que ele fez no último dia que ficamos. Mas no último mês algo me fez ter o receio de ter que vê-lo mais vezes. Minha menstruação atrasou, e comecei a sentir muito enjôo, não quis ir ao médico ou fazer algum exame. Até que fui ajudar a provar os últimos doces para o casamento de Clara e...

- Desculpa Clara, mas só de olhar esses doces tenho vontade de vomitar! – Falei triste.
- Estamos na mesma então, só de sentir o cheiro... – Ela respondeu rindo.
- São muito frescas vocês, deveria ter vindo com o Brown provar, certeza que não iria enjoar. – Scott debochou comendo uma pequena porção de doces da demonstração.
- Coisa de grávida amor. – Clara riu, segurando a mão dele.
- Quando ele nascer, vamos fazer uma confirmação de votos do casamento, assim você prova vários doces também amor. Mas o Bella... – Scott ia falando quando os deixei sozinhos e corri pro banheiro. Voltei um tempo depois, bastante pálida e com medo do que estava por vir.
- Você tem que ir no médico. – Scott disse me olhando.
- Eu estou bem, é só uma virose. – Falei sentando novamente com eles.
- Virose que dura 9 meses? – Clara me perguntou curiosa.
- Clara eu não to... – Tentei falar, mas Scott me interrompeu.
- Você está grávida? – Perguntou perplexo.
- Não, claro que não. – Neguei veementemente.
- Ok... Vamos fazer um teste de farmácia então. – Clara sorriu, aquele sorriso de "te peguei mocinha".
- Eu já falei que não estou grávida.
- Se você não está, não custa fazer Bella. – Scott disse, percebendo que Clara queria muito.
- Isso mesmo, é desejo de grávida! Quero que a Bella faça um testa de farmácia, confirmando que meu filho aqui, vai ter um primo! – Falou rindo.
- Mas...
- Mas nada, não quero que meu filho nasça com cara de teste de farmácia, né amor? – Perguntando dando selinho em Scott .
- Saindo daqui, passamos em uma farmácia! – Ele sorriu convencido.

Fiquei o restante do dia emburrada, na verdade com medo da resposta que teria. Fomos até a farmácia mais próxima e depois para o apartamento dos dois. Entrei e fui até o banheiro, alguns minutos depois voltei com o teste em mãos e entreguei pra Clara.

- Então? – Ela sorriu curiosa.
- Não tive coragem de olhar.
- Deixa de ser medrosa, deixa eu ver. – Foi a vez de Scott arrancar a bula da minha mão. - Aqui diz que... Que cor ficou Bella?
- Azul, por que?
- Azul, azul.... – Falou lendo algo. – Parabéns amor, vamos ter um sobrinho, a Bella está grávida! – Comemorou.
- Eu estou? – Perguntei confusa.
- Eles vão nascer perto Bella, como nós sonhávamos! – Clara me abraçou feliz, e logo Scott se junto a ela.
- Que cara é essa Bella, gravidez é legal! – Clara disse.
- Quando não se vai ter um filho sozinha, no meio da tua faculdade, talvez seja!
- Hey, a gente te ajuda em tudo. – Scott disse segurando minha mão.
- Obrigado. – Falei um pouco chorosa, talvez pelos hormônios, ficamos conversando mais algum tempo, não conseguia prestar muita atenção, olhei o relógio e agradeci a deixa, para conseguir ficar sozinha. - Acho que tenho que ir, não quero perder o ônibus e preciso chegar cedo em casa. Amanhã tenho prova. – Justifiquei.
- Você tem certeza? – Clara pareceu preocupada.
- Tenho, não precisa se preocupar. – Disse abraçando minha amiga, e me despedindo de Scott .

Entrei no ônibus e fiquei observando a paisagem do lugar, queria chegar logo em casa e ir até a praia caminhar um pouco, tentar esquecer ou achar a solução para os problemas que estavam me envolvendo. Conversar com Clara me fazia sentir algo bom, mas naquele momento preferia ficar sozinha. Mesmo sem tocarem no assunto, percebi que Scott e Clara queriam me perguntar de Adam e quando eu contaria pra ele. Não queria ouvir essa pergunta, pois não saberia a resposta.
Scott era amável, querido e atencioso, mas Adam nunca foi assim, e ainda me fez sentir uma vergonha enorme diante dos dois. Sempre fui fechada, reservada e não gostava de me aproximar, talvez por medo de ser rejeitada. Vivi por anos uma paixão platônica pelo cara que hoje eu carregava um filho, e sentia-me envergonhada por isso. Não era algo que eu queria sentir, não era um sentimento que eu gostava de ter, mas verdade era que eu amava Adam desde o momento que o vi pela primeira vez em um vídeo no youtube. E agora carregava dentro de mim um ser indefeso e que não tinha culpa de nada. Scott disse que ele era um pouco problemático com garotas, me perguntei o que seria o motivo, pesquisei na internet algumas vezes, mas na mídia contavam poucas coisas, seus pais morreram quando ele era pequeno e foi criado pelos avós. Talvez por ser amigo, Scott tentava justificar o comportamento dele aquele dia, mas era injustificável. Tentei apagar da mente aqueles momentos, mas agora com a criança que carregava, tive a certeza que teria que superar, pois jamais conseguiria esquecer.

Cheguei em casa, tomei um banho demorado e comecei a conversar com Clara, sobre tudo que eu estava sentindo. Ela me aconselhou a contar logo tudo paraAdam, pois ficou algumas semanas sem saber o que fazer quando descobriu a gravidez, e todo medo e angústia que agora eu sentia, ela também havia sentindo, e só passaram quando ela contou para o pai do bebê. Resolvi que não tinha nada a perder e seria melhor contar logo, antes de tomar qualquer decisão em relação minha vida e meu futuro.
Sem coragem de discar seu número em uma ligação, afinal ele não havia me dado o número e sim Scott , falando que deveríamos conversar, achei melhor enviar uma mensagem.
"Oi Adam, é a Isabella (a menina que morava com a namorada do Scott em Brighton), precisava falar com você, mas teria que ser pessoalmente, teria como você vir até aqui, ou marcarmos em algum lugar de Londres? É importante. Xx"

Preferi me descrever como "a menina que morava com a namorada do Scott ", do que falar o que eu realmente achava que era para ele, uma qualquer que ele transou e se divertiu um pouco, antes de pegar a tal Emma. Sentia uma raiva absurda ao lembrar desse nome, e talvez com os hormônios duplicados todo sentimento parecia duplicar também.
Esperei dois dias, reenviei a mensagem outra vez, e nada. Então achei melhor ligar do que esperar ansiosa e agoniada por uma resposta dele.

- Alô? – Atendeu um tempo depois.
- Oi. – Mordi o lábio, sentindo meu estomago revirar.
- Quem ta falando? – Perguntou com voz de sono, olhei para o relógio, já passava das 14 horas.
- É a Isabella, amiga da Clara... – Comecei a explicar e então ele me cortou.
- Ta, sei quem é, o que você quer? – Falou grosso.
- Falar com você, pessoalmente. Tem como?
- Olha Bella, até tem, mas to meio enrolado essa semana, pode ser semana que vem?
- É importante Adam, é bem importante. – Falei com medo, quase chorando.
- Fala então.
- Por telefone é complicado.
- Pessoalmente não vai rolar. Ando ocupado.
- Ok. Se você prefere assim... Bem eu to grávida e você é o pai. – Falei com raiva, quem ele pensava que era pra ficar me humilhando. Imediatamente ouvi um barulho de algo caindo e a ligação foi interrompida.

Resolvi largar o telefone e preparar algo para tentar comer, selecionei uma lista de médicos, e comecei a ligar para saber sobre horários e valores. Precisava começar meu acompanhamento, mesmo sendo uma gravidez nenhum pouco planejada, já amava a criança que estava dentro de mim. Algumas horas depois ouvi a campainha tocar e fui atender a porta, era ele.

- O que você acha que está fazendo? Quer brincar de casinha como a tua amiga? Escolhe outro trouxa, porque não to afim de ser pai não!
- Você está doido? – Perguntei enquanto fechava a porta, e o deixava entrar.
- Não, não estou. Doida é você achar que eu sou igual o Scott e que vai ganhar na loteria igual tua amiguinha ganhou.
- Do que você está falando? – Perguntei incrédula.
- Do óbvio! Vocês duas armaram pra cima de mim e o idiota aqui caiu! Mas eu não vou ser babaca igual meu amigo. Não sirvo pra ser galinha de ovos de ouro.
- Eu nunca quis nada teu, só contei da gravidez, porque achei que era teu direito saber.
- Ah conta outra. Ta muito claro pra mim o teu jogo. Tua amiga tem tudo que quer, grana, casa bonita, carro, marido famoso, e você quer o mesmo. Olha o tamanho desse apartamento, meu quarto é maior que isso! E é isso que você quer né? Conforto!
- Você ta querendo dizer que a Clara deu um golpe no Scott e eu estou querendo fazer o mesmo com você? – Não conseguia acreditar no que ele estava dando ao entender, depois de tudo, ter que passar por aquilo, era demais pra mim.
- Eu não estou querendo dizer isso, eu estou afirmando! É obvio que ela deu um golpe nele, e você invejosa tentou fazer o mesmo! É dinheiro que você quer? Ó, eu te dou dinheiro! – Falou tirando várias notas da carteira! – Usa pra tirar essa coisa de dentro de você e sumir da minha frente! Sua vadia golpista! – Ele começou a falar vários xingamos e então sem pensar dei um tapa em seu rosto.
- Vai embora daqui, desaparece, some! – Falei chorando e tocando nele o dinheiro que havia tocado em mim. Ele sorriu em deboche, pegou mais algumas notas e tocou no chão da minha porta, saindo em seguida.
- Não adianta se fingir ofendida, vamos ser objetivos, você quer dinheiro e eu estou disposto a te dar. E até perdoar esse tapinha. – Riu debochado. – Quanto você quer?
- Eu quero que você vá embora, pode ter certeza que meu filho nunca vai ter um pai como você.
- Ué, mas você não disse que tinha certeza... – Ele ria, parecia debochado e nervoso ao mesmo tempo, os olhos e o bafo indicavam que estava completamente bêbado.
- Prefiro morrer do que ver meu filho ter um pai idiota.
- Se é que existe filho ai dentro né.
- Tem razão, não existe, agora pode ir.
- Eu não sou trouxa, e se tiver alguma coisa ai dentro e existir possibilidade de ser minha, é melhor acabar logo com isso, porque se você vier me chantagear ou contar pra imprensa, eu torno tua vida um inferno!
- Pode ficar tranquilo, se depender de mim, você nunca mais vai me ver ou ouvir falar da gente.
- Agora vai se fazer de ofendida, bem teu tipinho mesmo.
- O que você sabe de mim, pra falar assim comigo? Você é um mimado, só não vou falar que é filhinho de papai, porque não tem pai! – Cuspi com raiva. Ele não respondeu, apenas me olhou com ainda mais ódio, largou uma quantia alta de dinheiro no sofá e saiu.
Juntei todo o dinheiro e coloquei em um envelope, pediria para o Scott devolver na primeira oportunidade que tivesse, aos poucos a ficha do que acabara de acontecer começou a cair, e um misto de sentimentos ruins tomaram conta de mim, a única coisa que eu conseguia fazer era chorar, me senti uma completa idiota, me culpei por ter transado, por ter amado ou sentido qualquer coisa boa, aquele homem não merecia, e a única coisa que eu queria dele era distância. Não poderia contar pra Clara as exatas palavras que ele usou, essa história já tinha merdas demais, e uma briga entre a banda não faria bem. Olhei para barriga com a certeza de que daquele dia em diante eu não estaria mais sozinha, teria aquela criança e ela seria apenas minha. Era capaz de amar por mil se fosse preciso, e faria o impossível pelo sorriso do pequeno ser que carregava dentro de mim. 

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