Capítulo VIII

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Por Isabella

Ver aquela cena na casa dele me fez lembrar de todas as suas atitudes desde sua primeira rejeição e mais que isso, me fez lembrar de como fui fraca em não resistir as suas investidas. Adam me dominava de uma maneira absurda e eu precisava lutar contra isso.
Cheguei na casa de Clara e desabei chorando, não conseguia explicar o que havia acontecido. Tomei algum tipo de calmante, me acalmei um pouco e então contei tudo para ela e Scott . Eles tiveram calma e resolveram não tocar no assunto durante aquele dia, porém no outro, ambos o defenderam dizendo que Adam havia mudado e por medo de errar novamente, deveria estar assumindo a criança, pois isso era o correto a fazer.
- Bella, se ele fosse querer algo a mais com a Emma já teria tido, eles se conhecem desde sei lá, os 10 anos? E outra, ela é rodada o suficiente para ter ficado com ele e vários outros. – Scott disse.
- Ela disse que não! Sempre gostou dele, mas que respeitava seu jeito de ser, coisa que eu nunca fiz.
- O Adam é apaixonado por você e com certeza ele não quer nada com a Emma. - Scott respondeu em um tom de obviedade. - Isso que você me disse é muito mentira, eu mesmo já vi ela ficando com vários, ainda mais agora que os pais estão falidos.
- Ela disse que ficava, mas... – Acabei contando detalhadamente tudo que ouvi entre a conversa dos dois.
- Ela é uma esperta isso sim, ta querendo prender o Adam porque sabe que ele tem grana e pode comprar tudo que ela pedir.
- Acho que não, mas não quero saber disso, quero é distancia dele. – Falei irredutível.
- Tomara que Alice não seja tão teimosa.
- Eu não sou teimosa, eu só não fico me iludindo com o Adam como você sempre fez.
- Bella, ele tem medo de amar. Pela primeira vez na vida eu vi o Adam falando que ama alguém, ele sempre teve medo de machucar vocês duas.
- Ás pessoas não mudam do nada Scott, e ele não mudaria em tão pouco tempo.
- Foram 2 meses Bella, a vida dele mudou drasticamente e eu acho que ele ta aprendendo a demonstrar sentimentos, por favor, tenha paciência.
- Eu tenho paciência, mas não quero ver ele.
- Então você vai ter que se esconder amiga, o Adam acabou de mandar mensagem avisando que está vindo pra cá. – Foi a vez de Clara falar, meu estomago revirou, meu coração apertou, queria conseguir fugir, mas não poderia me esconder para sempre, pois o veria muito, afinal ele era e estava se fazendo presente, como pai de Alice.

Seguimos conversando mais um tempo até ouvir a campainha tocar, script>document.write(Danny) abriu a porta e apenas de um tapinha nas costas de Adam que logo foi em direção Alice.

- Oi... – Falou me olhando, em seguida pegou Alice que sorriu ao ver o pai. – Que saudade meu amor. – Disse dando beijos nela.
- Nós temos que ir no mercado, fiquem a vontade. – Scott disse pegando a bolsa de Petter, enquanto Clara acompanhava o marido levando o pequeno.

Eles saíram nos deixando sozinhos, levantei indo em direção ao quarto, mas Adam se colocou em minha frente, ainda segurando Alice.

- Acho que ninguém aqui é criança e precisamos conversar. – Ele disse sério.
- Acho que eu não tenho nada para falar com você.
- Olha Isabella, ontem você estava de cabeça quente, eu sou o tipo de pessoa que faz muita merda de cabeça quente, então resolvi respeitar a sua decisão, mas não vou perder vocês duas e ficar de braços cruzados.
- Primeiro, você não perdeu nós duas, porque nunca nos teve, segundo... – Tentei pensar em mais alguma coisa, mas nada vinha em minha mente.
- Segundo você esta sendo uma cabeça dura, e com ciúmes de uma criança que não interfere em nada nosso relacionamento, muito menos o amor que eu tenho por minha filha. Criança essa que eu nem sei se é minha filha, porque Bella francamente, eu sei muito bem como Emma é, e de santa ela não tem nada.
- Sabe? Então por que pediu pra ela não fazer besteira e ficou todo preocupado.
- Porque eu conheço a Emma bem o suficiente para saber que ela iria ficar lá mais tempo se não ouvisse o que queria.
- Que bom que vocês se conhecem, já podem casar, se conhecem e vão ter um filho. – Disse um pouco mimada.
- Que ótimo ver você tão madura, enquanto eu tenho mil problemas e só queria poder estar com vocês duas.
- E não pode?
- A única culpada de não estarmos na minha casa agora...
- Não vem falar que sou eu, porque o idiota aqui é você, foi você que mandou eu abortar e não me ajudou.
- Mas que porra, você vai me culpar de tudo, sempre! Alias, quer saber? Você tem razão, eu sou o culpado, por minha culpa todo mundo que fica perto de mim se machuca ou morre, então por favor, eu amo demais essa pequena aqui pra ver ela machucada, você eu já machuquei e bem não quero ver ninguém mais morrer. Melhor a gente se afastar logo.
- Do que você esta falando? – Perguntei sem entender.
- Das pessoas que chegam na minha vida e morrem.
- O Scott sempre fala que você passou por traumas na infância, mas nunca diz o que são esses traumas, o que é afinal?
- Acho que se eu nunca contei é porque não quero falar disso.
- Mas eu quero saber.
- Eu queria que você estivesse na minha casa, junto com a nossa filha, mas querer não é poder.
- Você parece ter doze anos falando essa frase ai.
- Que frase?
- Querer não é poder. – Cruzei os braços e sentei, ele fez o mesmo segurando Alice, que olhava para os dois, como se estivesse tentando acompanhar o que falávamos e resmungava algo incompreensível, mas que certamente seria algo parecido com "calem a boca e cresçam" se ela conseguisse falar.
- E eu estou errado?
- Não sei, mas você esta fugindo do assunto.
- Talvez porque eu não queira falar sobre isso.
- Talvez se você falasse eu entenderia um pouco.
- E ia adiantar, você só iria se afastar.
- Do jeito que você fala, parece que matou alguém.
- Quase isso. – Disse triste.
- Para Adam, você esta me assustando. – Retirei a Alice de seus braços, que chorou em seguida e voltou para o colo dele.
- Eu não sou um assassino, eu só, bem, é complicado Bella. Eu prometi que nunca mais amaria mulher alguma, que elas seriam apenas minha diversão, para não acontecer o que aconteceu com meu pai. Também não queria ter filho, com medo dele passar o que eu passei e por isso só me relacionava com mulheres onde o único objetivo era o sexo, Emma era assim, meio ninfomaníaca, nós transávamos, mas era só isso, nunca passei uma noite inteira com ela como passei com você.
- De que adianta passar a noite comigo e depois mandar embora.
- Eu fui um idiota, mas estava achando tudo tão estranho, não quis te mandar embora depois de transarmos e gostei de dormir contigo, sempre tinha muitos pesadelos, mas naquela noite dormi feito pedra.
- Pelo tanto de droga que usou. – Respondi braba.
- Só se a droga fosse teu perfume né, porque a única coisa diferente que fiz foi ficar sentindo teu cheiro a noite toda.
- Idiota. – Disse sem saber o que falar e com medo de ser convencida por ele, sabia que era completamente dominada por aquele homem. – Continua tua história ai...
- Atrevida. – Ele riu mordendo o lábio. – Enfim, depois daquilo, naquela vez que eu fui na tua casa, nós parecíamos namorados e minha vontade foi sair correndo.
- Obrigado, nossa, meu ego foi lá em cima agora, ta vendo ele? Ta mais alto que a tua cobertura. – Falei debochada e magoada ao mesmo tempo.
- Da pra me deixar falar?
- Fala.
- Obrigado, querida. – Disse debochado. – Sai correndo com medo do que eu estava sentindo, porque parecia muito bom. Então eu me convenci que você tinha alguma coisa, alguma mandinga na pepeca, algo assim. – Falou sério enquanto eu cai na gargalhada.
- Eu coei café na minha calcinha e dei pra você tomar.
- Sério? – Perguntou apavorado, me fazendo rir ainda mais.
- Claro que não né, sou irresistível mesmo.
- Não duvido... – Enfim, posso terminar? – Perguntou e eu concordei com a cabeça. – Inventei aquela desculpa besta só pra te machucar e se afastar de mim e fui idiota mais uma vez.
- E conseguiu. – Senti meus olhos lacrimejarem.
- Consegui. – Falou triste. – E consegui ser pior ainda quando descobri da Alice, acho que eu nunca senti tanto medo na minha vida, nem quando vi... – Fez uma pausa. – Quando vi meu pai matar minha mãe. – Disse como se tirasse um peso de dentro de si.
- Você o que? – Falei em choque.
- O que você ouviu Bella. Eu tinha pouco mais de três anos, segundo os psicólogos que me levaram como foi um trauma muito grande, acabei nunca esquecendo disso. Meu pai tinha saído pra trabalhar e ela tinha me colocado pra dormir, então ouvi um barulho vindo do quarto deles e fui ver o que estava acontecendo. Eles pareciam gritar, hoje óbvio entendo que estavam transando. A vadia da minha mãe estava transando com um cara que eu não conhecia. Quando perceberam que eu estava assistindo a cena, me deram algumas moedas pra comprar bala. Só que o mercado ficava longe e eu era pequeno, não poderia ir sozinho. Contudo ela não pensou nisso, pensou só no prazer dela. Meu pai acho que já estava desconfiado, voltou pra casa pouco tempo depois que havia saído, encontrou ela na cama com o cara, eu fui atrás dele e acabei vendo tudo. Ele atirou nela, depois no cara, e depois se ajoelhou até onde eu tava e mandou que fosse chamar um vizinho, eu fui sair correndo pra chamar, mas ouvi outro barulho de tiro e quando voltei pro quarto encontrei ele caído cheio de sangue. Depois disso não lembro de muita coisa, só de uns policiais e de ter ido morar com meus avós paternos. Foi complicado, meus pais eram meus heróis, e meus avós tiveram que lidar com um adolescente rebelde, sem merecerem isso. Acabei encontrando na música uma forma de me distrair, mas prometi que eu nunca mais iria amar mulher nenhuma, não ia me apegar, muito menos ter filhos... Até você aparecer e colocar minha vida de ponta cabeça. Depois dos meus pais e da decepção que eu tive, achava que só amaria meus avós, os dois acabaram morrendo cedo, logo depois que eu fiz 18 anos,minha vó me deixou, parece que ela esperou sabe, eu completar maior idade, pra não precisar ir para nenhum orfanato e me deixou sozinho. Quando eu comecei a gostar de você, pensei que você fosse fazer o que ela fez, desgraçar minha vida. Quando Alice veio ao mundo lembrei dos meus avó e senti um medo absurdo de perder ela, como se tivesse um imã aqui dentro, que atraia coisas ruins. – Ele falava segurando o choro, nunca vi Adam tão serio em toda minha vida, ao mesmo tempo nunca senti ele tão verdadeiro e leve.
- Eu não sei o que falar. – Falei baixinho, percebendo que ele esperava alguma resposta minha.
- Eu fui um idiota Bella, por causa dessas coisas no passado, me afastei de ti, mesmo sem saber que o que eu estava sentindo, era alguma espécie de amor a primeira vista. – Falou fofo, segurando minha mão. – Quando eu vi o vídeo da Alice, acho que foi um dos dias mais emocionantes da minha vida, queria tocar nela, conhecer, dar colo, queria ser pai. Na verdade quis ser pai desde o começo, então pedia pro Scott ajudar você de alguma maneira, porque aquele misto de querer e medo me dominavam. Acho que o querer só foi maior que o medo quando eu conheci ela pessoalmente, estava disposto e ensaiando a maneira de falar com você, tentar te convencer a me deixar vê-la, mas então foi tudo tão rápido, você ficou em coma, não acordava, eu... Fiquei desesperado. – Falou soltando as lágrimas que estava segurando desde o principio.
- Hey, eu, desculpa Adam, eu não imaginava. – Fui tudo que consegui falar antes de abraçar forte e sentir as mãozinhas de Alice tocando as nossas, que estavam entrelaçadas.
- Eu quero parar de ser idiota Bella, quero parar de errar com você, mas é tudo tão difícil.
- Você não é o único culpado Adam, poxa, ás vezes sou meio infantil. – Sorri delicada, selando nossos lábios, surpreendendo-o.
- Queria poder voltar no tempo e ter feito tudo diferente.
- Nós não podemos voltar, mas podemos recomeçar.
- Você quer recomeçar comigo? – Perguntou surpreso.
- Sabe, acho que eu te amo desde o dia que vi uma foto sua em alguma rede social, então sim, eu quero.
Foi a vez dele me beijar, e beijar novamente, até sermos interrompidos por um choro conhecido de alguém que queria atenção.
- Desculpa meu amor, mamãe fica me roubando de ti, briga com ela ó.
- Não to gostando desta preferência ai. Espero que pelo menos na hora de falar, chame meu nome primeiro.
- Com certeza vai ser papai, ó, pa-pai, p-a-p-a-i, papai. – Disse soletrando para Alice que gargalhava sem motivo.
- Convencido! – Falei novamente rindo.
- Já está tudo pronto?
- O que? Perguntei sem entender.
- Ué, aquelas coisas que você colocou na mala? Olha, se não estão é melhor arrumar logo, nossa casa está nos esperando.
- Aquela casa é sua e nada mudou. – Disse séria.
- Mas você disse que estaríamos recomeçando.
- E estamos, isso não significa que em um recomeço eu vou dormir na tua casa no dia seguinte.
- Não é no dia seguinte, é no mesmo dia. – Falou debochado.
- Odeio sua capacidade de persuasão, então por favor, se você gosta mesmo um pouquinho assim ó de nós duas, vamos com calma. Eu fico aqui, vamos nos falando, você me ajuda a encontrar um apartamento pra eu e Alice e sem fazer planos, seguimos...
- Ok, eu já tenho um apartamento, mas se você não quer... Tem um cara no meu prédio que quer alugar o dele, o que acha?
- Que cara?
- Um lá, não é o meu ta? É outro apartamento.
- Sei, por que será que não confio em você?
- Olha, não entendo... – Sorriu roubando um beijo. – Mas amanhã te busco para darmos uma olhada e se der certo a Poppy fica um tempo contigo, assim você não fica sozinha e não precisa morar com a chata da Clara, ou com teu sexy e gostoso namorado.
- Namorado?
- Sim, o que mais seria? Não te pedi em casamento para sermos noivos...
- Nem em namoro para sermos namorados.
- Ah, achei que isso tinha ficado entendido nas entrelinhas.
- Pois não ficou.
- Hum, então Isabella, você quer namorar comigo?
- Nossa romântico e imprevisível você.
- Sou mesmo. – Sorriu divertido. – Viu agora somos namorados.
- Não somos não, eu não aceitei.
- Hum, aceite então.
- Só daqui um mês, no lugar especial que você vai me levar para comemorarmos meu aniversário.
- Que lugar? – Perguntou curioso.
- Não sei, mas tem que ser especial e você vai me levar.
- Hum, entendi, pode apostar que vai ser muito especial – Disse me dando mais um beijo.

Ficamos mais um tempo conversando até Scott e Clara voltarem do mercado, e contamos que estávamos nos dando uma chance, para comemoração dos dois. Almoçamos juntos e depois fui com Adam até o prédio que ele mora, para ver o tal apartamento. Era muito bonito, ficava no terceiro andar, tinha dois quartos, sala, cozinha, banheiro... Enfim provavelmente ¼ do de Adam, pois naquele andar, tinham 4 apartamentos. O aluguel não era muito caro, mesmo assim não conseguiria todo o valor alugando o meu, o que me causou receio, porém Adam dizia que era sua obrigação, e insistindo bastante aceitei a ajuda dele, acabamos fechando contrato ainda naquela semana e mudei com Alice pra lá. Como não podia ficar sozinha, Poppy ficou responsável de passar boa parte do tempo comigo, embora não fosse preciso, já que Adam não desgrudava.

O mês literalmente voou, Adam dormia comigo quase todos os dias, ás vezes no sofá, outras no quarto comigo e Alice, que tinha o berço de enfeite, pois pouco usava ele. Voltei a tocar e ganhei um teclado de Adam, sempre que Alice dormia e ele me deixava sozinha, treinava um pouco, pois sentia vergonha de tocar na frente de alguém. Não comentávamos sobre Emma, não queria pensar na existência dela, sentia sim muito ciúmes e lutava contra esse sentimento.
Finalmente meu aniversário chegou, já havia respondido alguns parabéns, Clara foi a primeira, como sempre fazíamos, já passavam das 10 horas da manhã e Adam ainda não tinha aparecido. Pensei em ligar pra ele, mas assim que peguei o celular um número desconhecido apareceu na tela.
Atendi e uma voz desconhecida perguntou se era a mulher de Adam Brown. Meu coração gelou e com voz falha perguntei o que estava acontecendo.

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