Capítulo XIV - Parte I

1.4K 108 1
                                    

Por Isabella

Ele definitivamente conseguia passar dos limites, agradeci mentalmente a Deus por ainda ter quase duas semanas de tour, precisava desse tempo para assimilar as últimas novidades e pensar no meu relacionamento com Adam. O amava, fato, mas eram tantos erros, tantas falhas, que minha vontade era que ele sentisse exatamente o que eu estava sentindo, queria conseguir devolver na mesma moeda. Não bastasse ter mentindo pra mim em relação a Emma e ainda se achar no direito de ficar brabo por eu não querer transar, ele ainda tinha que passar a noite fora jogando videogame? Estava com raiva, de cabeça quente e não esperei o dia amanhecer para sair daquele hotel, como seu sono era pesado e Alice não havia acordado, consegui sair em silêncio, sem acordá-lo. Desliguei o telefone em sua cara para evitar mais uma briga, e decidi que não ligaria para ele, apenas acompanharia na internet todas as notícias sobre o New Band e principalmente sobre Adam Brown.
Não seria muito difícil descobrir caso Adam ficasse com alguém, e com certeza seu comportamento após nossa briga, decidiria o rumo de nosso relacionamento.

Dois dias se passaram e ele não tornou a ligar, perguntava para Scott sobre eu e Alice, e Scott contava para Clara, que me contava tudo.
Ele tentou me ligar algumas vezes, então enviei uma mensagem pedindo para que não ligasse, precisava de um tempo para assimilar tudo e falando com ele, talvez não conseguisse isso. Mesmo a contragosto Adam aceitou, mas ainda sim me enviava mensagens contando tudo que estava acontecendo.
Ele não me traiu ou ficou com alguém, pelo contrário, pediu para não atender fãs em um dia, provocando reclamações de várias, justificou no twitter que não estava bem e que sentia muito por não poder atende-las, ao ler que ele estava doente me preocupei e liguei em seguida.
- Alô. – Atendeu na segunda chamada.
- O que você tem? – Perguntei preocupada.
- Não é nada grave, só estava com dor de cabeça e sem paciência, o produtor do show é um mala, acha que somos bonequinhos e temos que fazer tudo que ele quer, então pra não arrumar briga vim pro hotel.
- Hum, mas você tem que pensar nas fãs. – Falei tentando passar calma, era nítido em sua voz que ele estava irritado.
- Eu sei, mas os caras ficaram lá, amanhã vou atender normal. – Falou tendo uma crise de espirros ao final da frase.
- Você não sabe mentir.
- Só omitir?
- É, omitir você sabe, mas me conta logo o que tem?
- Acho que é gripe, não dormi direito, imunidade ta meio baixa, estava com febre lá, mó merda. – Falou manhoso.
- Tadinho. – Sorri e enviei convite para ligar o skype, ele desligou a chamada e aceitou imediatamente.
- Que saudade pequena. – Falou olhando para Alice que estava em meu colo, assim que viu o pai, ela deu um sorriso gostoso e tentou pegar a tela do notbook.
- Acho que é recíproco. – Sorri tentando segurar nossa filha.
- Desculpa pequena, eu fui um idiota. Volta pra cá. – Pediu fofo.
- Não faz essa cara, eu não resisto. – Sorri encarando a tela em minha frente.
- Queria estar pertinho de vocês agora.
- Eu também meu amor. – Sorri e ouvi a campainha tocar. – Já volto. – Disse e peguei Alice indo atender a porta. Já passavam das 23 horas, e estávamos sozinhas.
- O que você quer aqui? – Disse encarando Emma na porta da minha casa.
- Acho que você já sabe que eu moro aqui agora, como não deu nenhum escândalo, achei que pudesse não sentir tanto ódio e me ajudar. – Ela disse ainda parada na porta.
- Ajudar em que? – Falei permitindo que entrasse no apartamento.
- Eu, caramba está doendo muito. – Ela disse se curvando na porta, com as mãos na barriga.
- Você está... – Me apavorei ao observar melhor seu vestido, coberto de sangue na região das pernas.
- Por favor, me ajuda. – Ela pediu entrando no apartamento.
- Senta aqui. – Pedi indicando o sofá e ligando para emergência.
- Eu nunca senti tanta dor na minha vida. – Ela chorava.
- O que aconteceu? – Perguntei assim que desliguei o telefone. Me aproximando dela com Alice em meu colo e discando o número de Ruby.
- Eu, droga! Eu tomei alguns remédios sem querer e quando vi já era tarde demais, começou a doer e sangrar, eu odeio sangue, está doendo muito.
- Calma, já chamei os médicos. – Pedi nervosa. Ruby por sorte logo atendeu o telefone e correram até meu apartamento. Deixei Alice com ela e Poppy e acompanhei Emma até o hospital.

- Confesso que tentei separar você e ele, fiz de tudo, mas ele não gosta de mim, e realmente ama você. – Ela disse dentro da ambulância.
- Shiu, é melhor você ficar quieta, pelo bem do bebê. – Pedi, não precisava ouvir aquelas coisas, já sentia uma raiva infinita daquela mulher, não queria ouvir o que sempre soube e Dan negava.
- Acho que minhas chances são poucas. – Ela falou parecendo mais fraca, ainda perdendo sangue. Os médicos tentavam estabilizar, mas parecia complicado.
- O que está acontecendo? – Perguntei para o médico que nos acompanhava.
- Precisamos chegar ao hospitar para avaliar o caso. – A enferimeira respondeu.
- Salva o meu bebê e por favor, cuida bem dele, não culpa ele pelas merdas que eu fiz, eu sei que você é uma boa mãe, lembra que ele é filho do cara que você ama, por favor, não deixa... – Ela ia falando e então entrou em convulsão.
Foi a pior cena que eu vi na vida, Emma se debatia em cima daquela maca, chegamos ao hospital em seguida e me tiraram de dentro da ambulância, lotando o lugar com mais pessoas da equipe médica, retiraram ela de dentro desacordada e levaram diretamente para o centro cirúrgico, não sabia o que fazer, queria noticias, mesmo odiando aquela mulher, não desejava o mal para ela, queria apenas ter paz junto de Dan e nossa família. Ela já tinha completado 8 meses de gestação, Dan falava pouco, mas notava que ele estava ansioso para conhecer o filho, seria difícil para ele perder a criança, e para criança perder a mãe. Rezei por Emma, pelo bebê e por Dan, pedi a Deus para que tudo desse certo e no final todos fossemos felizes e pudéssemos viver em paz.

Algumas horas se passaram e na pressa de acompanhar Emma acabei esquecendo meu celular em casa. Perguntei se poderia usar o telefone da recepção que prontamente permitiu que fizesse uma ligação, liguei para casa, Ruby atendeu, então falei que havia esquecido o telefone e ela disse que Dan já tinha ligado várias vezes e estava preocupado. Claro, esqueci que estava conversando com ele e nunca mais voltei, não sabia como dar aquela notícia para Dan, mas precisava falar urgentemente com ele. Poppy ficou com Alice, enquanto Ruby pegou um taxi me levando o telefone e minha bolsa até o hospital, ela queria ficar comigo, mas já passavam das 2 horas da manhã e achei melhor elas ficarem em minha casa com Alice.

Assim que Ruby saiu liguei para Dan e contei tudo que havia acontecido desde então.
- Você está no hospital com ela? Vou ligar pros pais dela. – Ele disse nervoso.
- Sim, fica tranquilo, eu não vou sair daqui.
- Bella, eu não queria te fazer passar por isso, mas, por favor, me mantenha informado, eu vou avisar os moleques e estou indo pra Londres no próximo vôo.
- Tudo bem, vai ficar tudo bem.
- Espero que sim. – Confessou.
- O médico está vindo aqui, depois te ligo. – Falei desligando o telefone e indo acompanhar o doutor até sua sala.
- Você é parente da paciente? – Ele perguntou sentando-se em minha frente.
- Não, na verdade, é meio complicado. Ela estava esperando um filho do meu noivo.
- Hum, e você sabia que ela fazia uso de remédio proibidos durante a gestação?
- Não, nós não tínhamos contato, morávamos perto, meu noivo está viajando então ela passou mal e foi até minha casa e eu liguei para ambulância pedindo ajuda.
- Ela era minha paciente, por sorte estava da plantão, mas ela apresentava problemas de depressão e dupla personalidade, já havia conversado com o pai da criança sobre isso, ele parece um bom homem, mas ela nunca quis ajuda, pelo contrário, sua única preocupação era com o corpo. Ela tomou um mix de remédios que provocaram isso, mesmo sendo atendida com rapidez, infelizmente não podíamos mais fazer muita coisa, mas conseguimos salvar o bebê, infelizmente, apenas ele.
- Meu Deus! – Falei em choque. – Ela? A Emma...
- Ela faleceu. Teve duas paradas cardíacas e quase não conseguimos salvar o bebê.
- Mas ele está bem? Eu posso ver ele? – Pedi sem saber o que fazer.
- Pode, preciso que alguém assine os papeis liberando o corpo. Ela tem algum parente na cidade?
- Eu não sei. – Respondi sincera. – Mas meu noivo já está vindo pra cá.
Ele concordou com a cabeça e chamou uma enfermeira, pedindo que me acompanhasse até a UTI, para ver o pequeno Brown.
Encarei o pequeno em uma incubadora, como era a responsável por Emma, me tornei responsável por ele também, assim que entrei no hospital, ao conversar com a enfermeira ela disse que apesar de muito pequeno, parecia bem, ainda fariam alguns exames e que se tudo ocorresse dentro do normal, em menos de dois meses poderíamos levar o pequeno para casa. Ao ver ele senti algo diferente, senti vontade de protegê-lo. Me perguntei como ficariam as coisas e embora não saber como lidar com tudo, decidi que apoiaria Dan em qualquer decisão, era um pedacinho dele, assim como nossa Alice e rezei para que esse pequeno sobrevivesse e nos enchesse de alegria.
As enfermeiras já conheciam Emma, ela não tinha um bom histórico no hospital, não se alimentava, desejava a todo momento tirar a criança alegando que estava deixando seu corpo deformado, não havia comprado nada para o pequeno e só se desesperou e pediu ajuda, por ter sentido dor e visto o sangue.
Não sei quanto tempo se passou, mas quando sai de dentro da UTI neonatal tentei ligar para Dan, mas ele não me atendia, então sentei na sala de espera do hospital, pois sabia que assim que ele chegasse em Londres iria diretamente para lá.
Aproximadamente duas horas depois meu telefone tocou, era ele. Falamo-nos rapidamente e esperei que ele chegasse para falar sobre Emma, apenas disse que o bebê havia nascido e estava na UTI neonatal.   

Problem ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora