Epílogo

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All my life all I ever did was try and try
I never meant to be your problem child
Your problem child, yeah
I don't know why I always find the way to make you cry
I never meant to be your problem child
Your problem child, yeah

Os versos cantados por Adam durante aquela música falavam sobre um passado que nos fez aprender muito em relação a tudo, parecia mentira que hoje conhecíamos a felicidade plena, que tínhamos uma família feliz, dois filhos lindos e saudáveis.
Noah sentado em meu colo, acompanhava o pai com os olhos, ele admirava Adam e o via como um espelho a ser seguido. Alice também na beira do palco, de mãos dadas com Petter, ria de algo que o menino havia falado. Clara estava radiante em sua segunda gestação, ela esperava um casal de gêmeos, para desespero de Scott, que só sabia fazer as vontades – agora estranhas – da mulher.
- Esses dois não se largam. – Clara comentou sentando ao meu lado.
- Logo alguém nota e vai separar. – Eu ri observando Noah com o olhar atento, procurando a irmã.
- Foi só falar... – Clara riu ao notar que Noah havia saído de meu colo e dado as mãos para Alice, separando-a de Petter, que fez uma bela careta para o mais novo.
- Ele segue a risca os ensinamentos de Adam.
- São dois ciumentos! - Ela gargalhou. – Só eles pra não me fazerem chorar com essa música. – Disse limpando os olhos.
- Também tenho vontade de chorar com Problem Child.
- Deve passar um filme em sua cabeça, né?
- Vários, ainda bem que o final desse filme é feliz. – Constatei.
- Tinha que ser, vocês mereciam um final feliz. – Ela sorriu. – Já contou pra ele?
- Ainda não, vou deixar pra contar hoje, já que as crianças não vão dormir em casa.
- Isso, aproveita pra transar e já conta a novidade.
- Hey, você já foi mais pura.
- São os hormônios da gravidez, amiga, que calor. – Ela riu.
- Nem me fale. – Ri também, observando os pequenos.
- Pelo menos dessa vez ele vai apagar teu fogo.
- É, vai ser melhor que na primeira. – Sorri triste.
- Desculpa, que cabeça a minha te fazer lembrar daquilo, desculpa. – Pediu.
- Não precisa pedir desculpas. – Eu sorri. – Está tudo bem, você não disse nenhuma mentira. – Falei por fim.
- Então, por que você não parece bem?
- Acho que estou um pouco nervosa. Ele sempre falou em ter mais filhos, mas está cedo pra isso, a Alice só tem três anos e o Noah recém fez dois, nem se limpar no banheiro sozinho ele sabe ainda. – Sorri encarando meu menininho ciumento.
- Vocês conseguiram dar conta de dois bebês em casa, agora eles estão maiores, não vai ser tão difícil.
- Ah, é mais fácil que gêmeos né... – Eu ri e fiz um carinho em sua barriga.
- Com certeza, aqui dentro eles tem feito revezamento de chute em costelas, ai vamos torcer pra ser bem preguiçoso. – Ela riu e fez um carinho na barriga.
- Tomara, já estou conversando desde agora. – Ri e toquei minha barriga, observando Adam pular em cima do palco e tentar beijar Scott.
- Teu marido quer roubar o meu. – Ela disse fazendo careta para Adam, que gargalhou ao perceber isso.
- Acabou. – Falei observando os meninos agradecerem a presença de todos e se dirigirem ao camarim, não antes de passar por nós e roubar os pequenos.
- Às vezes queria ser um polvo. – Adam disse me dando um selinho, segurando Alice e Noah nos braços.
- Quero minha mamãe. – Noah fez careta, pulando em meu colo.
- O papai é só meu. – Alice falou manhosa, ganhando vários beijos de Adam.
- O papai e a mamãe são dos dois. – Falei e beijei a bochecha de Noah, que me abraçou com sono.
- Nós vamos dormir na casa do Petter, acorda Noah. Pode "codando". – Falou autoritário.
- Eu to "a-col-da-do". – Noah soletrou impaciente.
- Quer ir dormir no dindo? – Perguntei pra ele assim que entramos no camarim.
- Quer sim, você quer né, filhão? – Adam interrompeu e me olhou com duplo sentido.
- Eu vou cuidar da Lice e do Petter. – Ele disse cruzando os braços.
- Meu filho é um adolescente. – Falei comovida e logo enchi ele de beijos.
- Também quero mamãe. – Alice pediu manhosa e veio para meu colo, ganhando beijos em seguida.

Ficamos mais algum tempo esperando os meninos se trocarem e concederem algumas entrevistas sobre o novo álbum. Eles estavam com os ingressos da tour praticamente esgotados, em todos os continentes e, dessa vez, com as crianças maiores, iria junto com ele. Seriam 4 meses de tour, depois uma pausa de dois meses para o nascimento dos gêmeos, nesse tempo eles produzirão o material do novo álbum e fechariam uma nova turnê.
- Vamos pra van? – Adam disse me roubando um selinho.
- Vamos, será que o Noah vai dormir longe da gente?
- Amor, só vamos saber se deixarmos ele tentar. – Adam respondeu me encorajando. Verdade era que Noah sempre foi uma criança mais delicada, ficava doente muito fácil, diferente de Alice que sempre foi muito saudável. Noah tinha crises fortes de cólica e abstinência devido às drogas que Emma usava durante a gestação. Não era fácil ver meu menininho chorar e não poder fazer muita coisa para amenizar sua dor. Com o tempo Noah foi melhorando e ficando mais resistente, contudo ele segue com o sono agitado, e se me perder de vista costuma chorar. Alice é mais independente, grudada no pai e autoritária. Ela é a líder nas brincadeiras e tem um poder de persuasão enorme, Adam e suas sessões de maquiagem que o digam.
Durante o caminho até a casa de Scott, as crianças brincavam e pulavam dentro da van, animadas com o aniversário de Petter, que seria no dia seguinte. Adam alisava minha perna e observava os pequenos.
- A Alice domina até o Scott. – Ele disse observando Alice contar alguma história mirabolante para Scott, que atento prestava atenção em todos os detalhes.
- Até? – Perguntei rindo.
- É, acho que ela me domina um pouco também. – Ele deu risada e me roubou um beijo.
- Minha mamãe. – Noah riu sapeca, me abraçando e fazendo Adam parar o beijo.
- Minha mamãe. – Adam respondeu debochado.
- Para crianção. – Eu ri e dei um tapa fraco no braço dele.
- Meus amores. – Falei abraçando Noah e Alice, que assim que viu o irmão em meu colo correu para disputar território.
- Meus. – Adam nos abraçou rindo.
- Chegamos! Festa do pijama! – Scott gritou animado, chamando atenção das crianças.
- O que vai ser da minha pessoa com quatro crianças em casa? – Clara disse descendo da van e fazendo-nos rir.
- Ele – Adam apontou para Scott. – é o pior deles. – Falou rindo.
- Como se você fosse muito diferente. – Disse o abraçando.
- Ah amor, mas hoje não quero festa do pijama. Quero festa sem pijama. – Concluiu, me fazendo querer matá-lo, enquanto Scott gargalhava e Clara colocava as mãos cobrindo os ouvidos e dizendo que ela deveria se manter pura, por conta dos gêmeos.
Não demoramos muito para nos despedir das crianças, pedi para ficarem de olho em Noah, Alice já havia dormido lá outras vezes e estava acostumada, mas ele seria a primeira vez. Depois de algumas recomendações fomos para o carro.
- Amor, vai ficar tudo bem. – Adam disse calmo.
- Eu sei, amor, só fico um pouco apreensiva. – Menti, na verdade estava nervosa, não só por Noah, mas também pela notícia que daria em breve.
- Vamos aproveitar essa noite sozinhos, depois de tanto tempo. – Ele colocou a mão em minha coxa e subiu em direção ao meio das minhas pernas.
- Cuidado, o trânsito. – Eu adverti, tirando sua mão da minha coxa.
- São três horas da manhã, que trânsito? - Ele riu debochado.
- Pode aparecer um. – Justifiquei.
- Hey, dá pra ficar calma? – Ele disse sério.
- Eu to calma.
- Bella, eu te conheço muito bem, sei que quando fica estralando os dedos e mordendo os lábios você está tudo, menos calma.
- É, acho que você me conhece. – Ri nervosa.
- Não é só em relação ao Noah seu nervosismo né?
- Não, mas melhor falarmos disso quando chegarmos. – Falei sem o encarar.
- Droga, agora eu estou curioso. É coisa boa? Se fosse coisa boa você já tinha falado. O que aconteceu? O que eu fiz? Olha, amor, eu prometo que não dou mais aquele teu batom pra Alice, prometo.
- Que batom, Adam? – Eu ri do desespero dele.
- Ah, aquele que ela queria e você disse que era novo...
- Você não deu pra ela...
- Ela queria passar na boneca, poxa amor, ela disse que precisava.
- Eu vou te matar! Era o último da loja!
- Mas ela usou bem pouquinho.
- Então onde ele tá? Você me viu procurando ele e não me disse nada. – Falei saindo do carro.
- Então... Ela usou bem pouco, eu até supervisionei... – Ele sorriu no canto dos lábios. – A porta pra você não ver, mas supervisionei. – Ele riu me fazendo rir também, logo depois lembrei que ele merecia uma bronca.
- Continua. – Respondi o encarando séria, tentando não rir imaginando a cena.
- Então que o Noah apareceu e disse que ia te contar tudo, ela ficou nervosa e acabou passando o batom muito forte e quebrou.
- O meu batom, novo, edição limitada! Você deixou ela quebrar meu batom! – Falei furiosa. – E por que o Noah não me contou?
- Bem, digamos que assim, talvez, só talvez sabe? Alguém tenha prometido uma caixa de chocolates, se ele esquecesse do que viu.
- Ah, você me paga! Subornando meu filho? Uma semana sem sexo. – Falei saindo do corredor.
- Amor, não, tudo menos isso.
- Se reclamar vai ficar duas! – Disse ainda brava, indo em direção ao quarto.
- Vamos fazer um acordo, amor? Você pode pedir qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, e eu faço, sem nem reclamar, mas não me deixa sem isso, por favor.
- Qualquer coisa? – Ri maliciosa.
- Isso, qualquer coisa. Pode anotar o nome daquele batom, que já descansa em paz, que eu saio à procura de outro igual, eu compro dez iguais, dez, amor, o que acha?
- Não vamos falar do meu batom! – Falei brabinha.
- Amor, você ta naqueles dias? – Perguntou desconfiado.
- Não, por quê? – Perguntei sem entender.
- Porque já mudou de humor umas 10 vezes hoje.
- Ixi, se acostuma que isso só vai acabar daqui 9 meses. – Respondi sem pensar.
- 9 meses de TPM? Em nove meses até um bebê nasce. É por causa da troca do remédio?
- Digamos que eu ainda não tenha trocado ele.
- Hum, então vai trocar mês que vem? Ah, amor, deixa pro próximo, eu detesto usar camisinha. – Pediu manhoso. Havia avisado ele que trocaria meu anticoncepcional e por isso teríamos que usar camisinha um tempo, mas antes disso acabei ganhando mais um presente de Deus.
- Não vamos precisar usar camisinha, amor.
- Ah, que bom, eu detesto usar camisinha. – Ele sorriu convencido e me roubou um beijo.
- Hey, que isso?
- Isso é um homem com saudade, com muita saudade. – Ele disse colocando as mãos por baixo do meu vestido, me fazendo arrepiar.
SEXO
Resolvi aproveitar que Adam havia ido até a cozinha pegar chocolate e peguei a pequena caixa contendo dois testes de gravidez (um de farmácia, outro de sangue), e dois sapatinhos vermelhos de bebê. Coloquei-a em cima da cama e sentei lhe esperando.
- Amor, o Noah está desesperado chamando por nós. – Adam disse nervoso entrando no quarto e vestindo a primeira bermuda que encontrou.
- Como assim? A Clara ligou?
- Sim, eu fui na cozinha e seu celular estava tocando, então atendi quando vi que era o Scott e dava pra ouvir o choro dele.
- Ele deve ter tido outro pesadelo. – Falei já vestindo um vestido e indo com ele.
- Vamos lá buscar eles. – Ele disse apreensivo. Ainda era cedo para afirmar, mas os psicólogos que havíamos consultado diziam que esses pesadelos e momentos de agitação era o organismo dele ainda sofrendo os efeitos das drogas que ela havia usado na gravidez.
- Vamos, amanhã ele tem consulta de novo, vou falar com o médico.
- Está diminuindo, amor, nós temos que ter paciência.
- Eu odeio ver meu filho sofrendo. – Falei segurando o choro.
- Vai ficar tudo bem, nosso pequeno vai ficar bem. – Ele disse me abraçando, enquanto esperávamos o elevador.
- É o que eu mais quero. – Respondi indo com ele.
As ruas estavam vazias, então Adam logo chegou ao apartamento de Scott. Lá estavam todos acordados, Noah estava mais calmo, mas ainda chorava. Quando me viu correu para os meus braços dizendo que estava sentindo um aperto na região do peito. O abracei forte e sentei com ele em meu colo.
- Mamãe, eu quero dormir com você. Eu posso dormir com você? – Ele pediu manhoso.
- Claro que pode, meu amor, nós vamos pra casa e você vai dormir agarradinho com a mamãe. – Falei dando um beijo em sua testa.
- Vamos? – Adam perguntou se aproximando.
- Você quer dormir aqui no Petter ou com a mamãe? – Perguntei pra Alice que me encarava com sono.
- Acho que eu vou dormir com a mamãe, pra cuidar do Noah. – Ela disse parecendo uma mocinha, mesmo bocejando. – Amanhã eu venho no teu "neversário". – Alice disse para Petter, antes de lhe dar um beijinho na bochecha. Petter imediatamente corou, para alegria de Scott e olhar sério de Adam, fazendo todos rirem.
Ao voltarmos para casa, Noah se acalmou e pareceu esquecer o pesadelo, Alice definitivamente perdeu o sono, tagarelando sem parar e Adam, ainda preocupado com o filho, tentou se distrair ouvindo nossa pequena.
- Vamos pra cama do papai! – Alice disse e saiu correndo de mãos dadas com Noah, que tentava seguir a irmã, mesmo tropeçando às vezes.
- Mamãe tem presente! – Noah gritou do quarto.
- Presente? – Adam me olhou sem entender.
- Era para você, mas se você não correr acho que eles vão abrir antes. – Falei nervosa, assistindo Adam correr em direção ao quarto. Caminhei até eles, parando na porta para observá-los.
- Ajuda papai.- Noah disse segurando a caixa, enquanto Alice tentava abrir.
- É assim ó. – Adam ajudou, observando curioso. Alice olhou surpresa para os pequenos sapatinhos, enquanto Noah pegou o teste de farmácia e colocou no braço, achando ser um termômetro. Gargalhei observando a cena, tentando conter algumas lágrimas que se formavam em meus olhos. Adam levantou me encarando e não respondeu nada, apenas se ajoelhou e abraçou minha barriga, distribuindo beijos nela.
- Obrigado, obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo. – Falou por fim, levantando-se e me dando um beijo calmo.
- Você gostou do presente? – Perguntei insegura.
- Tá brincando? É o melhor presente do mundo, eu te amo tanto, mas tanto, que não cabe em mim. – Ele sorriu nervoso. – Você me deu uma família, me fez acreditar no amor, você transformou essa criança problemática em um homem capaz de construir uma família. Obrigado, obrigado meu amor. – Disse me dando outro beijo, dessa vez ainda mais apaixonado.  



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