Capítulo V - Parte II - Extra

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Por Adam

Isabella caiu desacordada e coberta de sangue, o carro fugiu sem prestar socorro. Scott saiu de seu carro já discando o número da emergência, enquanto eu e Clara corremos até onde a garota estava. Ela parecia sem vida, senti um desespero tomar conta de mim, não sabia o que fazer, não conseguia pensar. Alice chorava, Clara agora amparada por Scott pedia para amiga acordar. Foram 5 minutos de tortura até a ambulância chegar, os cinco e mais longos minutos da minha vida. Eles colocaram Isabella na ambulância e dirigiram-se ao hospital mais próximo. Seguimo-nos chegando lá poucos minutos depois.
Foram mais de 12 horas de cirurgia, por culpa do batizado os pais de Scott estavam em Londres e ficaram com Alice e Petter , Clara se negava a sair da sala de espera, não comia ou bebia nada e tinha constantes crises de choro, Scott tentava consolá-la e garantir-lhe que tudo ficaria bem, mas conseguia ver o medo em seu olhar. Eu sentando ao seu lado não sabia o que dizer, queria poder ver Isabella bem e mais que isso, poder ver ela junto com nossa filha, sabia que a culpa era minha, jamais deveria ter me aproximado de Alice e como sempre, tudo que eu toco desmorona.

- Por que você ainda está aqui? – Clara me perguntou no meio da noite.
- Porque estou preocupado. – Respondi encarando os olhos vermelhos de tanto chorar.
- Não precisa se preocupar, nós vamos cuidar da Alice enquanto a Bella se recupera. – Ela respondeu fria.
- Eu quero ajudar de alguma maneira. – Respondi baixo, sabia que ela me odiava e ela tinha total razão em ter esse ódio.
- Ajuda não atrapalhando. – Disse com raiva.
- Amor, eu sei que não é um bom momento, mas ele só esta preocupado e é bom ter alguém aqui. – Scott defendeu.
- Ele está se sentindo culpado, ficar aqui ou não, não vai mudar isso.
- Eu sei que não vai mudar, mas ficar em casa sem noticias é ainda mais angustiante, eu prefiro... – Ia falando quando finalmente um médico entrou onde estávamos.
- Bom noite. – Ele disse assim que nos aproximamos.
- Como ela está? – Clara perguntou em seguida.
- A cirurgia foi um sucesso, mas seu estado de saúde segue grave, houve muitas fraturas e uma batida forte na cabeça, manteremos ela em coma induzido por 36 horas.
- Isso significa que ela não vai acordar agora? – Scott perguntou.
- Não, não temos previsão para isso, o que podemos fazer é viver o hoje, vou liberar a visita de um de vocês na UTI, será rápida e depois disso aconselho a irem para casa e descansar, qualquer alteração no quadro nos ligamos.
- Mas ela vai ficar bem? – Clara perguntou quase em súplica.
- Não podemos afirmar nada, infelizmente o quadro é grave. – O médico disse e em seguida se retirou, liberando a entrada de Clara onde estava.
- E agora? – Perguntei para Scott assim que ficamos sozinhos.
- Eu não sei cara, eu nunca imaginei que alguma coisa pudesse acontecer com a Bella, a Alice é tão novinha. – Ele disse e desmoronou em seguida.
- Eu, a culpa foi minha. – Falei abraçando meu amigo.
- Não foi sua culpa, era pra acontecer, não adianta se culpar Adam , as coisas acontecem porque tem que acontecer, agora temos que pensar em como segurar isso tudo, em como apoiar a Clara e principalmente a pequena Alice. Acho que ela vai precisar de um pai.
- Eu não sei se posso... – Tentei falar.
- Você pode, você só precisa se permitir amar e ser amado Adam , aquela menininha é encantadora e eu sei que ela ocupa um lugar ai dentro. – Apontou para meu peito.
- Ela é perfeita, eu não quero fazê-la sofrer. – Respondi sincero.
- Você não vai. – Ele me abraçou novamente. Ficamos um tempo em silêncio, digerindo tudo que aconteceu e depois vimos Clara voltando.
- Ela parece calma, parece dormindo. – Respondeu abraçando Scott .
- Vamos pra casa, você precisa descansar um pouco. – Scott respondeu pra Clara , que concordou com a cabeça e se dirigiu até o carro.

Após me despedir de Clara e Scott entrei em meu apartamento e finalmente me permiti chorar. Tranquei a porta e sentei no chão olhando para minha sala que estava escura sem iluminação. Ali eu via o quanto era sozinho e como sentia falta de ter alguém com quem contar ou me preocupar. Esse alguém já existia, mas eu nunca fui bom o suficiente para poder conviver com ele. Chorei por pensar em todos os momentos que Bella viveu sozinha, chorei por saber que a alguns minutos de onde eu estava uma menininha de um mês se via sozinha, sem sua mãe que era sua única família, chorei pela família que eu não tive, pela felicidade que afastei de mim, pela garota que agora em coma estava lutando pela vida, lutando para que não faltasse amor a sua filha. Chorei por saber que tudo poderia ser evitado, mas que fraco eu não consegui evitar nada. Fui até a janela e encarei o céu sem estrelas, olhei para baixo e senti vontade de me jogar dali, aquela não era a primeira vez que sentia aquilo, minha vida não parecia ter um sentido, e quanto mais eu tentasse me afastar das pessoas que amava, para não feri-las, mais eu errava e machucava todos em minha volta. Pensei se não seria melhor acabar com tudo logo de vez, queria poder fazer uma troca, dar minha saúde para Bella e passar pelo que ela estava passando, eu merecia aquilo, não ela.
Encarei novamente a janela em minha frente e absorvo em pensamentos demorei para ouvir o telefone tocando, quando o alcancei e pensei em atender, a ligação finalizou. Era Scott , resolvi ligar novamente.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei assim que ele atendeu.
- Não, a Clara dormiu e resolvi te ligar pra saber se estava bem. – Respondeu cansado.
- To bem pai. – Tentei brincar. – Como está a Alice?
- Ela ta bem, ta dormindo agora, depois vem aqui ver ela. – Respondeu deixando notória a ansiedade pela minha resposta.
- Vou sim, amanhã eu vou ai. – Respondi já ansioso.
- Ok, boa noite dude.
- Boa noite. – Falei finalizando a ligação.

Mentiria se falasse que havia tido uma noite de sono, porque a única coisa que fiz foi rolar na cama e pensar em Alice. Pulei da cama por volta das 9 horas da manhã, tomei um banho rápido e fui até a cozinha, Ruby e Ruth estavam sentadas tomando café da manhã, me juntei a elas e contei os últimos acontecimentos. As duas eram verdadeiras mães pra mim, cuidavam da minha casa e viviam me bajulando, não vou mentir, sempre amei ser bajulado por elas. Elas ficaram eufóricas quando contem da Alice, e falaram que fariam terços pedindo pela saúde de Bella.
Depois de mais conversar do que tomar café da manhã, fui até o hospital, lá me informaram que não havia alteração no quadro clínico e me deixaram ver ela pela primeira vez.

Entrei em uma sala bem iluminada, lá estavam vários pacientes entubados, separados por uma cortina verde Clara . Na maca mais próxima a porta estava Bella, ligada a alguns aparelhos. O silêncio do lugar só era interrompido pelo bip constante dos aparelhos ligados a ela.
- Oi Bella. – Falei encarando a menina que parecia dormir. – Acho que não é um bom momento para te pedir desculpas, mas não sei, talvez você me escute e de algum lugar consiga me perdoar. Sabe, ontem fiquei pensando em tudo que fiz e doeu demais perceber o quanto idiota eu fui, eu te fiz sofrer de um jeito que ninguém merece e o pior, afastei de mim aquela coisinha doce que hoje está com saudade e precisando de você. Volta logo Bella, volta pra nossa filha, ela não merece perder alguém tão especial. – Falei sentindo as lágrimas escorrerem em meu rosto.

Ela não esboçou nenhum gesto, conversei com uma enfermeira que estava verificando os aparelhos e ela disse que aquilo era normal, que eu não deveria me preocupar, de alguma forma acho que ela tentou me consolar e me fazer ter esperanças, de fato acabou conseguindo isso, mais esperançoso sai do hospital e dirigi até o apartamento de Scott, que já me esperava com uma Alice acordada e chorando desesperada sem ter um motivo aparente.
- Oi cara, entra. – Ele disse abrindo a porta.
- Eu não sei mais o que fazer, acho que vamos ter que levá-la pro hospital. – Clara apareceu na sala com um ar preocupado, em seu colo estava Alice chorando.
- Posso tentar segurar ela? – Pedi quase em desespero ao ouvir minha pequena chorar.
- Acho melhor não. – Ela respondeu com raiva.
- Amor, ele é o pai, não custa deixar... – Scott pediu calmo.
- Ok, mas é só até eu arrumar uma bolsa e irmos para o hospital. – Falou me entregando Alice.
- Eu não sei pegar direito. – Falei observando Scott nanar o pequeno Petter .
- É fácil dude, olha como eu estou fazendo. – Ele se aproximou mostrando.
O observando tentei imitá-lo, mesmo que desajeitado, e aquilo acabou funcionando. Quando Clara voltou com a bolsa arrumada Alice já se encontrava dormindo em um sono tranqüilo no meu colo. Naquele momento senti algo diferente, era como se minha vida ganhasse um novo sentindo, eu agora sabia o significado de ter uma família e um real motivo para levantar da cama todos os dias. Prometi em silêncio que cuidaria dela e que faria de tudo para ver Bella bem e feliz novamente. 



NOTA DA AUTORA: Para quem me acompanha no grupo, eu havia dito que feria um capítulo extra contando um pouco da forma que o Adam lidou com o acidente da Bella, aqui está o capítulo, perdão pela demora, pré-férias sempre são bem cansativos, mas para me redimir um pouco, prometo postar o capítulo especial de Natal dia 24 ou 25, fiquem ligadas, logo tem fofura pra vocês! E por favor, comentem o que acharam desse capítulo, estou curiosa!

O clipe que está aqui em cima de chama Untitled do Simple Plan, e é uma música que acho se encaixar nas cenas! 


Ps, quem quiser saber mais e curtis spoilers, add meu grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/ficsjeh/

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