The weird

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Levantei-me pensando no novo ano que eu tinha pela frente, “é o seu primeiro dia, se você quiser ir para escola pelo resto do ano com aparência de dopada você vai, mas pelo menos hoje saia de casa arrumadinha”.

Tirei a roupa e entrei no banho lavei o cabelo pois o mesmo, na hora em que acordei parecia mais um ninho de passarinhos. Demorei uns cinco minutos apenas parada em baixo do chuveiro vendo se a energia negativa ia embora junto com a sujeira. Infelizmente não foi. Sai do banho me enrolei na toalha e comecei a desembaracei meu cabelo, peguei minha jeans preferida e uma regata vermelha, coloquei uma gargantilha preta e um colar de pedra da lua que tenho desde pequena, acredito que me da sorte. Pus também meu all star branco que ganhei de aniversario.

_ Bom dia! – Era meu pai, aquele cara grandão que passa medo em todo mundo mais no fundo é mais criança que eu.

_ Bom dia Kat, pronta para seu primeiro dia? – E lá vem minha mãe com aqueles olhos azuis e um sorriso gigante que só ela para ter em uma segunda-feira.

_ Claro! – Tentei fingir animação, mas pelo não consegui, meu pai, por trás de minha mãe já me olhou com aquela cara de quem deveria se esforçar mais porque isso poderia vir mais tarde com a bronca.

_ Seu pai irá te levar, mas guarde bem o caminho porque não temos como ir te buscar na volta.

_ OK. – Eu respondi tomando o café com pressa e pegando minha mochila.

Chegando na escola reparei que eu não era a estranha lá, o Ensino Médio tinha de tudo, desde nerds jogando xadrez até casais se pegando no meio do corredor, como se ninguém visse que a mão do moleque não deveria estar onde esta! “Calma Kat, apenas disfarce, só finja que você não viu o que viu.”

Foi direto para a sala com uma pequena placa indicando o primeiro ano do Ensino Médio, abri a porta da sala deserta e me sentei na ultima carteira. Logo o sinal tocou e entrou aquela manada de alunos na sala, em seguida, atrás de todos, um professor com cara de cu.

_ Hummm, parece que temos uma aluna nova, – diz o desgraçado olhando o maldito caderninho da chamada – Katerina Delevingne! Venha se apresentar!

Eu falei! Minha intuição nunca erra! Além de ter cara de cu também sai bosta pela boca!

_ Meu nome é Katerina... – “Ava!” Diz um idiota do outro lado da sala, só fingi que não ouvi – Tenho 14 anos e... – “Da onde você veio?” Era o idiota de novo, “da minha mãe que me pariu”, tive vontade de dizer. – Rio de Janeiro. – “E cadê o shortinho curto?” – Ficou lá, assim como a sua língua que deveria, para o bem de todo mundo, ter ficado da boca da ultima sirigaita que te beijou!

A aula começou, historia. Eu gosto da matéria, pena que eu odiei o professor, depois geografia (sono...), logo após, matemática, gosto de matemática acho interessante, para mim é como entender a letra de uma canção de ninar  e a professora, Claudia, ate que é legal, depois, o recreio, fiquei sentada em um canto entediada esperando o sinal, o recreio é chato quando não se tem amigos. Após o sinal ainda com a mesma professora, desenho geométrico, felizmente amo desenhar.

Eu não sou antipática nem antissocial, pelo o contrario, me acho simpática, mas eu não sou daquelas pessoas (que eu admiro muito), de ir e fazer amizades sozinhas, eu sou daquelas que ficam isoladas em um canto esperando algum milagre acontecer, por que quando se trata de amizades, eu definitivamente não tenho sorte, acabo me iludindo e confiando nas pessoas erradas.

Quando finalmente sai da aula que parecia ter parado no tempo assim que começou, fui a pé a uma lanchonete que vi no caminho de casa e aproveitei a caminhada para colocar os fones e ouvir música.
O dia estava bonito, com o céu sem nenhuma nuvem. A lanchonete era bonita, como eu não estava com fome e também não era final de semana para eu me jogar na Coca-Cola, pedi um suco natural.

Eu acabei me distraindo e me desligando do espaço-tempo devido a música que tocava em meus ouvidos, quando me toquei já haviam se passado duas horas de minha saída da escola.

Sai da lanchonete e aquele sol radiante tinha ido, no lugar dele e do céu, tinha uma nuvem. Preta. Ameaçando tempestade. Aí lá veio o destino para me castigar de novo: começou a ventar, mas não era brisa, era aquele frio que gela até o cu. E depois a chuva, mesmo com pressa minhas roupas e meu cabelo ficaram ambos encharcados, meu tênis também eu ouvia a agua dentro dele a cada passo que eu dava.

Conforme fui andando a sombra de uma pessoa na neblina foi ficando cada vez mais nítida e aos poucos um menino tomava conta de meus olhos, ele era lindo, seu cabelo era castanho escuro repicado batendo na nuca, e quando a imagem do garoto finalmente ficou nítida, seus olhos encontraram os meus e eu simplesmente não conseguia desviar o olhar, eram lindos, azuis, mas não eram só azuis, quando eu os encarava eram tão profundos quanto uma galáxia ou um universo.
_ Posso te ajudar? - O estranho perguntou, sua voz era linda e majestosa, - onde você vai?
_ Não te interessa. – Respondi tentando ser séria, mas a tremedeira não deixou e fiquei mais parecida com aquelas meninas que gostam de seduzir o primeiro em que aparece.

_ Espera, – ele tirou a jaqueta e a pôs sobre meu ombro arrepiado, - ao menos me deixe evitar que acorde gripada amanhã.

_ Obrigada, mas não preciso. – dessa vez minha voz saiu séria, a jaqueta era tão quentinha.

_ É mesmo? Diz isso para os seus dentes que agora não estão mais tremendo. – eu o olhei com raiva, - desculpe, eu sei o que você esta pensando, mas eu sou legal, - após dizer isso ele deu um sorriso encantador.

_ Pessoas legais aprendem a não falar com estranhos quando crianças – eu disse dando um sorriso tímido para não parecer tão chata.

_ OK, para te provar que não sou um estuprador pedófelo vou me apresentar: meu nome é Erick e tenho 15 anos.

_ Katerina, tenho 14. - Estendi a mão o cumprimentando, - obrigada pela jaqueta.

_ Imagina, não foi nada, - disse ele respondendo ao meu comprimento – bom, esta chovendo e você já esta voltando a tremer, infelizmente não tenho outra jaqueta, então eu posso te acompanhar?

Eu ri e aceitei.

_ Você é nova na cidade, estou certo? - Ele peguntou curioso.

_ Sou sim, - eu respondi, - como sabe?

_ Bom, seu nome é diferente e você também. - Ele concluiu.

_ Minha família é francesa e eu também. Não gostou do meu nome?

_ Gosto de coisas diferentes, - ele disse sorrindo para mim.

_ É aqui, – eu disse um tanto triste tirando a jaqueta e lhe devolvendo – muito obrigada pela companhia.

_ Fique com a jaqueta para se lembrar de mim – ele respondeu ainda mais triste.

_ Que dramático Erick! Eu posso te ver amanha.

_ Não pode... Eu não fui à escola hoje porque vou me mudar, meu pai foi promovido e vamos sair do país.

A única pessoa legal que eu gostei naquela cidade iria embora, eu não era importante e eu sabia que logo aquele garoto misterioso esqueceria de mim, então peguei meu colar de pedra da lua, me estiquei e coloquei em seu pescoço e acrescentei:

_ Então fique com isso, para você se lembrar de mim também.

_ Eu não iria esquecer, - Ele disse olhando para mim e sorrindo. - Posso te dar outra lembrança?

Concordei cm a cabeça. Erick me beijou delicadamente. Era quase um suspiro. Eu respondi ao seu beijo, me dissolvendo em seus braços. Nada mais fazia diferença agora, o tempo parou. A chuva se tornou agradável e o frio... Não havia mais frio.

Alguns segundos, talvez minutos depois ele se afastou com os olhos azuis ainda fixos em mim. Depois ele sorriu. Mas era um sorriso triste.

_ Adeus Kat.

_ Adeus Erick... – Eu disse tentando sorrir, mas eu estava chorando.

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