Time is the enemy of hasty

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Eu nunca pensei em como seria difícil esquecer alguém que eu mal conheço.

Agora, repassando cada um dos momentos daquela noite em minha mente, eu poderia dizer que foi uma eternidade, pois cada gesto, cada toque, que eu sentia, cada um dos detalhes, por mais fúteis que fossem, poderiam ter sido uma vida. Mas ao mesmo tempo poderia também ser apenas um milésimo de felicidade que eu havia tido. Como um sonho.

Mas eu não queria acordar e pensar que aquilo não foi real, pois assim eu desejaria esquecer, não era o caso. Por mais triste que tenha sido no final eu não iria me permitir esquecer ele.

Assim cada dia foi uma eternidade. Eu só queria que acabasse. Quando acabava eu me sentia vitoriosa, mas lembrava de que iria começar tudo de novo quando eu acordar.

A escola estava uma chatice. Amigos? Não, não havia ninguém, quer dizer, ninguém que parecia gostar de mim, a não ser é claro, minha professora de matemática o que é com certeza muito deprimente! Um dia depois da aula ela me chamou.

_ Kat, o que esta acontecendo com você? Suas notas não caíram, mas aquela aluna que levantava a mão para perguntar e comentar sobre a matéria no primeiro dia de aula mudou.

_ Eu não sei. Talvez você tenha se iludido professora. Talvez tivesse depositando sua confiança em mim atoa.

_ Não Katerina. Eu depositei sim minha confiança em você, mas não foi atoa. Menina acorda! Se você não fosse uma boa aluna não tiraria só notas de 8,5 a 10 na minha matéria.

_ Não aconteceu nada. Você me viu no primeiro dia de aula achando que eu seria a típica aluna perfeita que todo professor sonha em ter e se iludiu – Eu disse saindo da sala.

Cheguei em casa e corri para o meu quarto. Joguei a mochila no chão e sentei na cama me arrependendo de cada palavra que eu disse para uma das únicas pessoas que pareciam se importar comigo.

Coloquei meu fone de ouvido e deitei na cama ouvindo musicas tão tristes e melosas que acabei dormindo.

_ Sua mãe me deixou entrar, - era o Erik, tirei o fone dos ouvidos fui a sua direção e o beijei, ele respondeu ao meu beijo e sorriu.

Aquele sorriso me acordou para a realidade me dizendo que aquilo não era real, era muito perfeito para ser. Abri os olhos e senti uma lagrima escorrendo pelo meu rosto. E então ouvi uma batida em minha porta, enxuguei a lagrima e peguei o exemplar de “O morro dos ventos uivantes”, para fingir que estava lendo.

_ Entre – respondi a batida

_ Precisamos conversar. – Era minha mãe com aquela cara de que eu não tinha a opção de negar a afirmação dela. – Dessa agora Katerina.

Desci a escada quieta. Meu pai me esperava de pé com os braços cruzados e com cara de que pode matar alguém a qualquer momento. “Vai dar merda”

_ QUE RAIOS ESTAO ACONTECENDO COM VOCÊ?! – Era meu pai, que já começou em um tom não muito legal, - você não fala mais nada, não come direito e parece que tudo que faz é forçado, como se estivesse sendo obrigada a fazer... Parece outra pessoa. 

Minha mãe olhou para mim acho que esperando que eu dissesse alguma coisa. Foi o que eu fiz.

_ Eu estou bem. – “Putz Katerina parabéns”! Se eu alguém chegasse para mim e dissesse isso igual eu disse seria motivo o suficiente para chamar o mesmo de depressivo.

_ ESTÁ BEM?! ESTA BEM?! VOCÊ NÃO ESTA BEM! Filha você esta usando alguma coisa? – No começo pensei que era ironia, mas depois descobri que a pergunta foi séria.

_ Eu não estou usando nada. – eu respondi séria. Caramba eu não estava bem mesmo.

_ Então o que aconteceu? – minha mãe já não estava mais brava, quando eu olhava para ela só conseguia ver preocupação.

_ Nada. Não aconteceu nada. Por favor, me poupem da bronca. Eu vou melhorar eu prometo só me deem mais uma chance. – Foi aí que eu me toquei de que estava chorando.

Minha mãe se aproximou de mim e me abraçou. Deitei a cabeça em seu obro e continuei a chorar.

_ Eu quero voltar a ver aquele sorriso no seu rosto e quero que converse mais comigo e com sua mãe. Filha nós entendemos, acabamos de nos mudar e isso está sendo difícil para você, mas se você se esforçar mais vai conseguir ser feliz aqui também.

Olhei para o meu pai e concordei. Minha mãe que ainda me abraçava com força me soltou. Dei um sorriso para ambos, não foi um sorriso verdadeiro, mas foi um sorriso.

_ Tudo bem. Eu vou subir e arrumar meu quarto. Boa noite

Subi as escadas, pesando no que havia acontecido. E no quanto eu estaria decepcionando as pessoas que eu amo. Meus pais tinham razão.

Cheguei ao meu quarto peguei a jaqueta e joguei no fundo da ultima gaveta. “É só esquecer, você vai conseguir.”

Eu passei o resto do dia me esforçando para ser legal e normal e acho que consegui. Mas anoite, quando eu ficava sozinha no meu quarto, eu lembrava e então meus sonhos voltavam a se confundir com a realidade e me iludir no final. E chorava. Simplesmente por que eu não queria esquecer.

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