Travel

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Era sexta feira, uma sexta comum se não fosse pela grande e épica viagem no dia seguinte.
Hoje não haveria aula devido a reunião, era a entrega das notas do segundo trimestre, eu ia bem, tinha muita facilidade nos estudos. Gabaritei em matemática e história nas demais as notas também foram boas. Cassie era ótima nas notas também, era mais estudiosa que eu. Já o Dani deveria se esforçar mais se quisesse ir para faculdade conosco, por isso eu e sua irmã ultimamente eramos como aulas extras para ele.
Acordei com ligação de Cassie:
_ Oi... - Eu disse sonolenta ao atender o celular.
_ Não me diga que estava dormindo, já são onze da manhã.
_ Não digo, - respondi rindo.
_ Já arrumou as malas?
Eu odiava arrumar as malas,  coloco de tudo e quando fecho sempre tenho a impressão de que esqueci alguma coisa.
_ Ainda não. Calma Cas, só vamos de madrugada, descansa um pouco.
_ Não vou descansar, acordei às cinco e não consegui dormir mais.
_ Achei que eu fosse a ansiosa. - Eu respondi rindo.
_ Se ansiosa significar um estilo zumbi de voz rouca...
_ Tá, tá, tá... Vou desligar, tenho que tomar café da manhã; quero dizer, almoçar.
_ Tá bom tchau. - Ela respondeu rindo.
Desci para as escadas, e me surpreendi ao ver meus pais lá em baixo, geralmente estavam trabalhando essa hora. Meu pai era engenheiro e simplesmente não parava, fazia diversos trabalhos e minha mãe advogada, passava o dia em um escritório da cidade.
_ Vocês não vão trabalhar hoje?
_ Ah, não... Decidimos tirar uma folga, - meu pai respondeu de pressa.
_ Por que? É sexta feira.
_ Você irá viajar essa madrugada, pensamos em passar um tempo com você. - Minha mãe respondeu pelo meu pai rapidamente.
_ Hummm, ok. - Isso era definitivamente estrando, meus pais voltavam por volta das seis ou sete horas em casa, mesmo assim ainda teríamos muito tempo juntos, mas seria bom passar um tempo com ambos, então eu não fiz mais perguntas quanto a isso.
_ Quer tomar café da manhã ou almoçar?
_ Café da manha mesmo.
Minha mãe esquentou alguns pães com queijo enquanto eu fazia o café e meu pai já se adiantava para o almoço, tirando eu e minha mãe o que ele mais amava na vida era comer.
_ Vamos ver um filme depois? - Meu pai perguntou.
_ Claro!
Mandei uma mensagem para Cassie lhe dizendo que iria passar o dia com meus pais, mais tarde iríamos dar carona aos gêmeos pois Elizabeth e Felipe tinham um casamento para ir. Teríamos que estar no aeroporto às duas da manhã, seguindo a previsão de as cinco horas o avião decolar.
Acabei tomando 3 xícaras de café, para mim, umas das únicas qualidades no Brasil, "aproveite enquanto pode Kat, não é tão bom nos Estados Unidos". Comi também um pão com queijo derretido.
Depois jogamos Banco Imobiliário do qual fiquei mendigando e dependendo da "sorte ou revez", mesmo assim perdi feio para o meu pai que acabou com mais dinheiro que o presidente.
Mais tarde assistimos a um filme clássico e um tanto trágico chamado "A sociedade dos poetas mortos", o mesmo acabou eram oito da noite, foi então que lembrei de arrumar a mala.
_ Mãe preciso de toalha. - Eu pedi a minha mãe enquanto enchia a mala de coisas possíveis e imaginárias.
_ Vá buscar Kat. Está no armário  do quartinho.
O quartinho era um cômodo que ninguém usava a não ser para guardar coisas como toalhas, lençóis e travesseiros, nunca entendi o porquê dele na casa.
Abri a porta do armário procurando uma toalha boa para levar, comecei a remover várias montes até achar uma toalha que me agradasse, quando a retirei do meio das outras eu senti uma coisa dura em baixo da mesma, peguei e vi em minhas mãos uma pequena fronha de travesseiro cheia de aviõezinhos, mas quando abri para ver o que havia dentro, deparei com uma arma, levei um susto e encolhi as mãos me afastando, ela caiu mas felizmente ninguém ouviu. Eu sempre pego coisa ou outra naquele armário e nunca vi a arma.
Voltei a mesma na fronha e a coloquei no armário com cuidado, não sabia o que era, mas não havia motivo para esconde-la comigo. Peguei minha toalha e fui ao meu quarto um tanto apavorada voltando a arrumar a mala.
Comecei a abrir as gavetas procurando alguns casacos, blusas e calças, até que vi a jaqueta de Erik, não me senti mal, mas a lembrança se repassou de novo, fechei o olho e suspirei não sei porquê mas joguei a jaqueta na mala.
Quando acabei eram dez horas. Desci as escadas e com pipoca começamos a assistir novamente uma boa parte da primeira temporada de friends.
Acabamos por volta da uma, subi, entrei no banho, desembaracei o cabelo e coloquei uma jeans, uma blusa e um moletom. Depois liguei para Cassie.
_ Alô... - Ouvi ela resmungando do outro lado da linha.
_ Cassie você estava dormindo?
_ Sim...
_ Perdeu a decolagem? - Perguntei irônica.
_ Há, há, há... Muito engraçado. Já estão vindo ou me acordou só para fazer piadinha? - Ela disse rindo sonolenta.
_ Estamos indo, prontos?
_ Eu dormi de roupa. Estou pronta des das onze. Vou chamar o Dani, esperamos por vocês.
_ Ok, tchau. - Eu disse finalizando a chamada.
Peguei minhas malas e desci as escadas, meus pais já me esperavam lá em baixo, saímos de casa a uma e meia para buscar os gêmeos.
Cassie e Dani já esperavam na escada em frente à porta de entrada da casa deles. Quando nos viram ambos foram em direção ao carro e colocaram as malas no porta-malas entrando no banco de trás junto comigo.
Fomos ao aeroporto em silêncio esperando para virar loucos ansiosos no aeroporto depois da despedida.
Quando chegamos vimos que o mesmo estava lotado, devido as férias eu acho.
Passamos pelo raio-x com as bagagens de mão sem problemas, depois fomos a agência de viagens que conferiu nossas passagens, eu e Cassie iríamos sentar juntas e Dani logo atrás de nós.
Agora teríamos mais duas horas de espera até a decolagem.
_ Podem ir, sou oficialmente uma adulta lembram? - Eu disse sorrindo.
_ Não, vamos ficar aqui até a decolagem, - Meu pai respondeu sério olhando em volta como se procurasse alguém.
_ Ok então...
Anunciaram a decolagem depois de um bom tempo esperando.
Colocamos o resto das malas na esteira e eu me virei para me despedir de meus pais, me assustei ao ver que minha mãe chorava muito, a mesma me abraçou com força.
_ Ei... Tá tudo bem... Prometo que te ligo todos os dias, - eu disse respondendo ao seu abraço e em seguida me afastando para abraçar meu pai.
_ Prometa que vai tomar cuidado, - ele disse enquanto me abraçava exageradamente forte, não entendi o porque da insistência dele mas respondi "Eu prometo". - Estou orgulhoso de você filha, - ele falou assim que me afastei.
_ Obrigada pai.
Assim nós três fomos em direção a pista de vôo ainda nos despedindo com acenos, entramos no avião e nos sentamos nos devidos lugares. Logo um menininho moreno com cabelo crespo e encaracolado preencheu o lugar ao lado de Dani, o mesmo parecia ter uns oito anos.
_ E aí moleque, qual o seu nome? - Daniel perguntou sendo amigável.
_ Tobias, - o menininho respondeu com uma voz tímida.
_ Eu sou Daniel.
_ Seu irmão é assim bonzinho com crianças? - Eu perguntei a Cassie.
_ Ele é imaturo, se duvidar mais que o menino.
_ Daniel para onde você vai? - O pequeno Tobias perguntou.
_ Conhecer uma faculdade garoto, e você?
_ Ver minha prima.
_ Ela é gata?
_ Daniel! - Eu e Cas dissemos em uníssono.
_ Ela tem dezoito anos, - o menino respondeu.
_ Wow! Melhor ainda!
_ Daniel!
_ Ta bem... Parei. Muda de assunto garoto.
Cassie logo pegou no sono e eu fiquei olhando a cidade que ficava cada vez melhor conforme íamos subindo, depois eu e Dani assistíamos a um filme pela pequena tela em frente ao meu banco, logo eu também peguei no sono devido ao filme incrivelmente entediante.
Depois de um dia inteiro, de vôo atravessando o oceano pacífico  quase quinze horas de viagem Cassie me acordou, havíamos  chegado ao aeroporto de Portland.

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