My brother

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_ Você lembra de mim?! - Isso não podia ser real, meu irmão havia morrido, simplesmente sumido, evaporado aos três anos de idade. Mas agora eu via ele a minha frente, ele estava bem, era bonito, mas no seu rosto eu não via tristeza, remorso ou raiva. Não havia um sentimento para descrever o rosto de meu irmão.
_ É claro que eu lembro. Quer dizer... Descobri hoje que eu tinha um irmão. - Eu disse um pouco s graça ao ver ele triste.
_ Agora?
_ Antes.
_ Prove, - ele disse ameaçador, mas as lágrimas em seus olhos estavam nítidas.
Eu também estava chorando mas de felicidade, acabará de ver meu irmão, meu irmão que eu achava que havia morrido por minha causa. Retirei a carta de minha mãe da bolsa e o entreguei. Ele deu um passo a frente e me olhou desconfiado, mas pegou a carta e começou a ler. Imediatamente as lágrimas presas em seus olhos se soltaram e depois de um tempo ele me devolveu a carta.
Não consegui conter e lhe dei um sorriso, ele olhou para mim confuso.
_ Por que isso? - Ele perguntou olhando para mim.
_ Por que você está aqui, vivo. - Respondi sorrindo, ele me deu um pequeno sorriso em resposta.
Ele avançou e me abraçou, eu não imaginava que ele fizesse isso, mas fiquei feliz e o abracei de volta.
Não sei quanto tempo depois ele se afastou.
_ Vamos para um lugar melhor? Um cemitério não é o melhor lugar para colocar quinze anos em dia, - ele fofo. É triste saber que eu não sou fofa como ele.
_ Vamos. - Respondi sorrindo. Começamos a andar em direção a um bar lá perto.

...

_ Vamos fazer um jogo: nós vamos conversar e falar e fazer perguntas sobre a nossa vida, quando o assunto ficar delicado nós bebemos, - ele disse quando sentava-mos nas cadeiras em frente à ao balcão.
_ Onde aprendeu isso?
_ Já começou?
_ Sim, - suspirei.
_ Fuji do orfanato ao quatorze, conheci uns caras bem mais velhos, tipo de uns trinta anos, daqueles que ficam bêbados ao pleno meio dia de segunda feira. - Eu me sentia mal por ele, fiquei pensando nos momentos mais felizes que já tive, e em outra parte do mundo, meu irmão não tinha o que comer, - minha vez. Como mamãe e papai morreram?
_ Uma dose de vodca por favor, - pedi ao balconista.
_ Já? - Ele perguntou rindo.
_ Sim. Acabei de voltar do enterro deles. Eu vou beber, - eu respondi virando a vodca de uma vez, eu nunca havia ficado bêbada antes, mas parecia legal ser capaz de falar tudo o que vem em sua mente lenta. - A policia disse que a casa explodiu por causa de um vazamento de gaz, mas naum é verdade. Eles já shabiam que iriam morrer. Quem te achou no aeroporto? - Eu já quase conseguia falar certo.
Ele levantou outra dose de vodca de uma vez e respondeu:
_ Eu fiquei procurando vochês por um tempo. Eu estava cansado, ai eu deitei em um banco e dormi, no dia seguinte acordei em um orffanato. Com quantos anos se mudou para Campo Grande?
_ Quatorze. Como me achou?
_ Depois de fujir e juntar dinheiro, consegui o suficiente para ir ao Brasil, eu já tinha dezoito. Achava que vocês ainda estavam no Rio. Uma shenhora me acolheu lá, eu soube pelo esscritório que mamãe trabalhava que vochês estavam em Campo Grande, até me deram o endereço, mass naum tinha coragem de ir até lá.
_ Aiiiii. Que dóoo. - Eu deveria falar aquilo?
Ele começou a dar gargalhada, comecei também, só não sabia porque.
_ Vochê vai ficar? - Perguntei virando outra.
_ Eu possho? - Ele disse bebendo mais.
_ Deve! - Respondi levantando os braços, depois abaixe-os e os bati na mesa, eu definitivamente não estava bem, - achho que devvemos paraar de beber, e vochê.
_ Também achho, - ele abaixou a cabeça e a encostou no balcão, - do que esstavamoss falando?
_ Eu naum faço ideia! - Respondi rindo.
_ Vamoss beber maiss?
_ Vamos! - Respondi brindando.
Depois de mais umas duas horas bebendo e conversando de algo que eu não me lembro mais eu liguei para Cassie.
_ Vochê vem buscar achente? - Perguntei a ela do outro lado da linha.
_ Você está bêbada? - Ela perguntou, parecia brava.
_ Naumm, - respondi.
_ Katerina, estou tentando falar com você a uma horrível, onde raios você está?
_ Onde achente tá? - Perguntei ao Henrique
_ Com quem você está?! - Ela estava nervosa.
_ Com o meu irmãozinhoo. - Respondi.
_ O quê? Você não tem irmão!
_ Louco né?!
_ Eu estou indo aí. Não beba mais!

Alguns minutos depois os gêmeos apareceram de carro em frente ao bar, Cassie estava olhando com cara de demônio para mim, desceu do carro para empurrar eu e Henri para dentro, em quando Dani ficava no volante.
Cas me empurrou com raiva para o carro.
_ Eu não vou levar ele, - ela disse se referindo a Henrique.
_ Mas ele é meu maninho, - protestei mas bêbada que o "Capitão Jack Sparrow"
_ Não. Ele não é seu irmão. Você que é estúpida para acreditar em um cara bonito que te embebedou! - Henrique seu um sorriso torto quando Cas o chamou de "bonito".
_ Põe logo o cara no carro. Depois resolvemos isso! - Daniel disse do banco da frente.
Henrique estava de frente para Cassie, a mesma o empurrou com força e tropeçou caindo no banco de trás em sima de Henri.
_ Você também é muito gata, se quiser ficar nessa posição, por mim tudo bem, - Cassie se levantou no mesmo instante e bateu a porta nervosa e se sentou no carona ao lado de Daniel que lhe dava um sorriso.
_ Fez bem, - ele disse.
_ Fiz o que? - Ela perguntou.
_ Só faça amor com um bêbado se você também estiver bêbada, e nunca em um carro, ainda mais o do papai.
_ Eu vou te matar Daniel, e você também Katerina, esperem só.
Logo depois da frase ameaçadora de Cassie, fechei os olhos e apaguei.

Acordei no dia seguinte no colchão ao lado da cama de Cas com uma horrível dor de cabeça. Não vi ninguém. Levantei e fui em direção ao banheiro.
Quando abri a porta levei um susto: Henrique estava deitado na banheira de Cassie.
_ O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! - Gritei assustada.
_ Se eu estivesse pelado, talvez tomando um banho, mas com roupa sou só um cara de ressaca que teve que dormir na banheira da amiga gostosa da irmã caçula.
_ Aí meu Deus! - Eu estava louca. Só pode. Aquilo ainda era um sonho. Sem dúvida. Comecei a bater em mim mesma para acordar.
_ O que você está fazendo sua louca?! - Ele perguntou se levantando e indo em minha direção. - Calma. Katerina respira tá bom? - Ele dizia vindo em minha direção, andei para trás e bati minha cabeça na porta, o que piorou minha dor. Cassie e Daniel entraram logo em seguida abrindo a porta bem atrás de mim, levei outro susto e gritei.
_ Mas que porra é essa?! - Dani disse me tirando do banheiro.
_ Saia da minha banheira agora! - Ouvi Cassie gritar com o garoto, - saiam os dois daqui, agora! - Henrique acompanhado de Daniel saíram do quarto e a porta foi fechada no mesmo instante por Cas.
Pude ver no rosto dela que ela estava nervosa. Muito nervosa. Respirou fundo e gritou:
_ Por onde eu começo? Ah, vamos ver, que tal pelo fato de eu e Daniel pegarmos o carro dos nossos pais escondido por que achamos que você tinha sido sequestrada! E o que você estava fazendo quando te achei?! Bebendo, com um cara que diz ser seu irmão.
_ Eu não lembro, - respondi baixo.
_ É claro que você não lembra, por que você estava bêbada!
_ Me desculpa, me desculpa por favor.
_ O que aconteceu lá Kat? - Ela perguntou mais calma.
_ Eu não sei... - Decidi começar pelo pior: - um ano atrás, depois que voltamos do show, eu sonhei com esse ele, sonhei um menininho brincando comigo, eu era uma bebê, ele estava me ensinando a falar seu nome, - eu já tinha começado a chorar me lembrando do sonho, agora eu sabia: não era minha imaginação, aquilo havia acontecido realmente. - Ai, veio o bilhete, faz todo o sentido, a herança que recebi era para ser dele. Depois a carta de meus pais, eu tinha um irmão que desapareceu em um aeroporto na França. - Parei e suspirei pensando no jogo, essa seria a hora que eu viraria duas doses de uma vez, - aí, no enterro dos meus pais, vi o menino do sonho, tipo, eu achei que tinha perdido toda a minha família, mas eu não perdi, entende? Ele é Henrique Delevingne. Eu tenho certeza.

Contei tudo a Elizabeth e Felipe, que insistiram em fazer um exame de DNA em Henrique. Era verdade. Tudo.
Eu e meu irmão ficamos no quarto de hóspedes dos Martin que fizeram questão de que cuidassem de nós, Henrique era ótimo, engraçado, educado e extremamente inteligente, era como se meus pais não estivessem partido, como se eu sentisse a presença deles quando estava com meu irmão. O presente estava maravilhoso.

Uma noite, já de tarde na cama, finalmente pensei no futuro.
_ Henri? - Perguntei me dirigindo a parte de cima do beliche do quarto de hóspedes, - você está acordado?
_ Sim.
_ Você completou o Ensino Médio não é?
_ Completei, - ele respondeu de cima com a voz curiosa.
_ Vamos para a faculdade ano que vem? No Oregon?
_ O que? - Dessa vez seu tom de voz aumentou um pouco.
_ É... Vai ser legal. Vamos recomeçar. Papai e mamãe queriam que fossemos.
_ Eles queriam que você fosse. Para não morrer com eles. - Ele respondeu um tanto rude.
_ Mas eles queriam que eu recomeçasse, iriam querer isso para você também.
_ Kat... Eu não sei...
_ Vai! Cas e Dani também vão.
_ Com uma condição: termine o Ensino médio.
_ Não! Eu já tenho pontos o suficiente para passar e cair fora.
_ Sim! Vai. Por mim, quero ver sua formatura.
A preguiça que eu tinha de completar o Ensino médio era enorme. Mas aí pensei no Henri, eu praticamente havia roubado tudo o que seria dele, quase que a vida dele.
_ É... Tá bom. Você venceu.
_ Temos um trato?
_ Temos um trato.

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