Capitulo Quatorze

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             Lisa Stone

       Eu estava flutuando, à deriva em algum lugar vazio e sem clima. Apenas flutuando. Seria isso estar morto? A não sensação vinha junto com o vazio?
        Mas, de repente, uma mão tocou a minha. Foi um toque leve e sentimental, que me fez respirar mais forte, até eu perceber que não estive respirando nos últimos momentos.
       A mão apertou meus dedos levemente, e algo tocou minha testa, talvez em um beijo, talvez um toque muito delicado.
        Eu queria acordar, mas também queria ficar ali. Uma parte queria voltar para Penny, e outra queria deixar o mundo de dores e decepções de lado.
       O controle do meu corpo voltou progressivamente. Primeiro eu pude mexer meus pés. Depois tinha controle sobre meus joelhos. Logo a cintura também se movia, assim como as mãos.
         E então, os ombros e a cabeça. Simplesmente faltava abrir meus olhos.
         Estava escuro, com luzes apenas no abajur do lado da minha cama... E que cama. Enorme, com dossel vermelho, e lençóis do tipo chique. O quarto era enorme também, com várias poltronas e um divã preto.
        As paredes eram de uma cor ouro envelhecido, com algumas pinturas de anjos e paisagens bonitas. De frente para a cama ficava uma janela de parede inteira com cortinas brancas, revelando uma varanda.
        Suspirei, atordoada, e uma figura se mexeu no divã. Estava escuro, mas meus olhos superpotentes foram capazes de distinguir os cabelos louro-escuro, olhos verdes e traços delineados dele.
— Olá — ele sorriu sem jeito, ficando distante.
— Onde estou? — ignorei os bons modos dele, olhando em volta.
— Ainda na mansão dos Potter. No meu quarto.
       Olhei para minhas roupas. Vestido azul-claro, acima do joelho.
— Quem colocou essa coisa em mim?
       Ele me olhou, constrangido. Sacudi a cabeça, descrente.
— Você estava suja de sangue, eu imaginei que seria melhor...
— Onde está Penny?
        Ele parou de falar, e dessa vez pareceu nervoso.
— Ela foi embora.
— Como assim?
— Depois que você meio que morreu, ela culpou todos os vampiros por existir. E resolveu sair caçando qualquer um que pudesse matar — ele falou.
       Tapei meu rosto com as dua mãos. Eu não podia nem morrer sem que os outros cometessem loucura. Penny era muito jovem. Qualquer vampiro mais forte a mataria em segundos.
— Preciso encontrar ela e...
        Assim que levantei, o mundo girou sobre meus pés. Segundos antes de eu quebrar minha cara no chão, os braços dele me seguraram, me puxando para seu colo.
— Você ainda está muito fraca, acho melhor ficar...
       Ele parou quando percebeu que eu o estava encarando. Ele era lindo, é claro. Seu queixo meio quadrado, com lábios sexys.
        Mordi meu lábio inferior, incapaz de me conter. Os olhos dele flagraram esse pequeno gesto, e sua lingua serpenteou para fora, acariciando o canto da boca.
       Meu coração estava palpitando, pulsando dolorosamente em meus ouvidos, e o dele devia estar do mesmo jeito. Ou talvez eu estivesse fantasiando tudo aquilo em minha mente.
— Percy...
        A porta abriu de uma vez, revelando um rapaz de olhos azuis, que estacou onde estava ao nos ver.
— Me desculpe... Eu posso voltar outra hora...
— Espere aí fora, Albrey. Eu só estava acomodando a Srta. Potter, pois ela está fraca para levantar.
      Albrey me olhou, provavelmente notando no quanto eu estava vermelha. E assentindo, se retirou.
      Percy — então esse era o seu nome — me levou até a cama, onde me colocou sentada, com as costas apoiadas na guarda da cama.
— Vou pedir a alguém que traga algo para você comer. Tem algo que goste mais?
— Pizza e batata-frita.
       Ele sorriu com o canto da boca, em um daqueles momentos insanamente sensuais e idiotas.
— Vou fazer o pedido. Algo mais que você queira? Está confortável?
— Eu preferia roupas de verdade, sabe. E se puder chamar o Vladimir para mim... Por favor.
— Eu chamo sim. Até mais.
        Observei ele se levantar, e sinuosamente caminhar até a porta. Antes de fechá-la, ele me olhou novamente e sorriu levemente.
       Coloquei a mão sobre o peito, respirando fundo várias vezes. Até ter certeza de que não ia ter um ataque.
       Merda.
       Eu nunca notei homem nenhum, não atrativamente. E agora, o único que me chamou a atenção provavelmente sugaria meu sangue na primeira oportunidade.

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