Lisa Stone
O silencio enchia meus ouvidos, a calma lutando contra minhas lembranças desconexas da noite anterior.
Abri os olhos, e dei de cara com Percy dormindo calmamente sob mim. Eu estava deitada sobre seu peito nu, a coberta sobre nós como se fôssemos amantes de longa data.
Me ergui, olhando para mim. A única coisa que eu usava era a calcinha e uma camisa de manga longa branca, provavelmente de Percy.
Quando o olhei, fiquei pasma com tamanha beleza. Seus cabelos claros estavam bagunçados, o rosto sereno de quem dorme.
Incapaz de acordá-lo, deitei novamente sobre meu braço e fiquei ali, absorvendo sua beleza inigualável.
O sol aos poucos foi sumindo, até só restar uma leve luz através da cortina. Eu já havia adormecido, e despertei com um movimento ao meu lado.
— Olá.
O sorriso que ele abriu quando ergui meu rosto para o dele me estonteou. Então, pisquei feliz.
— Oi.
— Como se sente?
Respirei fundo.
— Bem, eu acho — respondi com incerteza. — Eu devia estar mal.
— Não necessariamente. Você é metade vampiro, e nós não somos influenciados pelo álcool, então — Percy me olhou divertido. — Eu tenho certeza de que você não terá a famosa ressaca.
— Me parece bom — sorri com suavidade. — Eu não me lembro bem de quando cheguei aqui.
Percy franziu a testa, parecendo ao mesmo tempo chateado e revoltado.
— Erick trouxe vocês.
— Você não gosta dele?
— Ele e eu temos... Digamos, uma rixa de longa data.
— Bem, eu não sou você, e nem sua propriedade para que possa dizer com quem devo ou não andar — eu afirmei com um sorriso.
— Na verdade, você já é mais minha do que gostaria de admitir — ele olhou dentro dos meus olhos.
Meus lábios se entreabriram, soltando o ar preso em meus pulmões. Eu podia passar o dia olhando em seus olhos verdes, mergulhando em suas águas profundas. Senti meu coração se apertar.
Sim, todo o meu ser ansiava por ele. Todo o meu ser o reconhecia. Sua voz, seu olhar, seu sorriso. Sua mera presença já era notada pelo meu corpo, em um sentimento quase empático.
— Ou, pode ser que na verdade talvez eu seja sua dona — falei corajosamente.
— Tenho certeza de que é, Lisa — ele segurou meu rosto nas mãos. — Você já é dona do meu ser, minha existência e meu destino.
Seus lábios pressionaram os meus, movendo-se delicadamente em um beijo calmo e tenro.
— Não sou sua dona...
— Sim, é — ele sussurou em meus lábios.
— Não quero ser — neguei.
Percy se afastou alguns segundos, os olhos sofridos.
— Então... Não entendo.
Segurei seu rosto em minhas mãos, sentindo a maciez de sua pele. Percy fechou os olhos por um breve momento, suspirando antes de me fitar, curioso.
— Não posso ser sua dona, pois não quero mandar em sua vida — falei. — Quero que você me deseje por perto. Quero que me busque.
Ele me encarou.
— Então, você me ama?
Abri a boca, pronta para negar tal afirmação, longe de mim ter algo tão profundo com um monstro. Mas não pude. Não pude olhar em seus olhos e dizer não.
— Sim, eu te amo. Mesmo que você seja um ser da noite, maldito e temível, abominável — uma pequena lágrima me escorreu pelo rosto. — Mesmo que sua sede por meu sangue seja tão forte quanto o que sente de bom, eu ainda tenho a coragem de amar sua pequena parte boa.
— Me perdoe. Sinto-me miserável por fazer isso. Sei que sou um monstro, mas não sou forte o bastante, ou para te matar, ou te libertar das minhas garras. Já não sei se me ama pelo que sou de bom, ou pelo encanto que mesmo que eu não queira estou usando em você.
Dei um sorriso em meio as lágrimas.
— Toda garota sonha com seu príncipe encantado... Bom, você não é exatamente um príncipe, mas mesmo assim, chega mais perto do que a maioria.
— Mesmo com meu lado sombrio?
— Até com ele.
Percy sorriu com o canto da boca, dando-me mais um de seus doces beijos, e me abraçou em seu peito, suspirando.
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Alma Indomável
VampirCapa feita pela talentosíssima e excelente profissional @daniihs Elisabeth Stone é uma assassina mercenária de aluguel que trabalha para uma Sociedade nomeada Sociedade Sombria. Percy Potter é um policial diferente, que trabalha em um departamento...