Capitulo Dezenove

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           Ashley Angels

      Penny Stone estava encarando o teto, sem dizer palavra alguma. Jillian estava preparando a poção que faria de Penny uma Dark eterna.
        E a missão de impedir isso era minha.
        Meu nome é Ashley, e sou uma Fusion. Logo após a morte de minha rainha, e da irmã dela, fui destacada para me infiltrar no grupo das Darks e cuidar para que nenhuma das filhas da minha rainha se tornassem Darks.
       Bom, na teoria parecia fácil. Na prática já não estava. Penny não sabia a verdade sobre ela ou sua família. Suas origens.
        Isso fez com que ela acreditasse quando Jillian disse que Penny era sua sobrinha. Mentirosa.
       Encarei Jillian, que preparava a poção mortal para a garota. Vossa Alteza. Eu precisava tirar aquela menina dali, mas como? E a que preço?
— Temos que fazer isso logo, ou será tarde demais — James sussurrou em meu ouvido.
— Eu sei. Mas nem tudo é tão  fácil quanto parece — eu retruquei zangada.
— Faltam cinco horas para o amanhecer — ele observou.
       Olhei para o grande relógio de parede, James tinha razão. Quando o sol finalmente nascesse, Penny beberia o líquido que a tornaria uma delas.
— O que faremos?
— Eu não sei...
       Naquela hora a porta do salão se abriu violentamente. Aluísia, braço direito de Jillian, entrou parecendo um furacão e foi até esta.
— Tem um vampiro entrando em nosso jardim de moto — falou.
— O quê? — Jill berrou.
— Albrey — ouvi Penny sussurrar.
        Ela o conhecia. E ele estava arriscando a vida para tirar ela dali.
— James, vem.
       Puxei James comigo porta afora, ignorando o contigente de bruxas armando arrapucas para esse vampiro misterioso.
— O que houve?
— É isso — falei. — Vamos ajudar esse vampiro a tirar ela daqui.
— O quê?
— James, eles se conhecem. E se ele a levar, podemos continuar aqui como espiões, para ajudar Vossa Majestade e Vossa Alteza.
— Por quê ele aceitaria nossa ajuda?
      Olhei para James.
— Pois somos a única que ele tem.
  
      Escondida nas sombras, olhei para o prédio. Se tudo corresse bem, a uma hora dessas James já estava com Penny em algum lugar.
       O barulho da moto começou a se aproximar, e me agachei, pronta.
       Tive dois segundos, antes de saltar sobre o vampiro. Ele perdeu o controle, e caímos no meio das árvores, longe dos olhos curiosos, assim como eu havia planejado que fosse.
       O vampiro Albrey já se levantou com as presas expostas, uma arma apontada. Ergui as mãos, torcendo para que ele não acabasse com a única chance de Penny se salvar.
— Espere! Eu quero a sua ajuda — sibilei.
        Ele hesitou.
— Que ajuda?
— Para tirar Penny daqui.
— Está...
— Eu sou uma espiã — eu sussurrei. — Sou uma Fusion, fui contratada para espionar as Darks. E se você não cooperar, Penny irá se tornar uma Dark assim que amanhecer.
— Cadê ela?
— O meu cúmplice deve ter ela a salvo, por enquanto. Preciso que você espere em um local, e a traremos para você.
— Por que eu confiaria em você?
— Porque eu sou a única bruxa até hoje que você já viu oferecendo ajuda para um vampiro.
      Ele ficou em silencio por alguns segundos.
— Me diga o que fazer.

       O vampiro estava esperando na área das árvores.
       Com a ameaça de um vampiro nas imediações, Jillian havia mandado Penny para seu quarto, e ordenado que alguém ficasse de vigia na porta.
        Albrey também avisara que ela e ele não se deram tão bem, então as chances dela não querer ir com ele eram grandes.
       Quanto à isso, não haveria grandes confusões.
       Entrei no quarto dela, com uma bandeja de comida e suco, que coloquei sobre a mesa de cabeceira.
— Está com fome?
— Hum, na verdade, não.
       O sorriso dela foi preocupado, enquanto seus olhos esquadrinhavam a escuridão do gramado.
— Preocupada?
       Penny desviou os olhos para mim.
— Talvez.
       Assenti. Ela se virou novamente, dando-me a oportunidade perfeita.
      Enfiei a seringa com sedativo em seu pescoço, segurando-a pela cintura enquanto seu corpo desfalecia em meus braços.
        Coloquei-a sobre a cama, e comecei a fazer uma corda com os lençóis do armário. Tranquei a porta, bloqueando com uma cadeira, e derrubei o amontoado de cordas lá para baixo, onde James já esperava.
       Joguei Penny sobre o ombro, usando um feitiço de levitação para suportar seu peso, e comecei a descer pela corda. Ao me alcançar, James pegou Penny, para que eu pudesse descer.
       E foi aí que uma luz forte caiu sobre nós.
— Impostores!
       Tiros choveram de todas as direções, assim como feitiços variados. Usando meu poder criei um escudo forte o bastante para nós três, e corremos.
        Estávamos quase chegando ao lugar onde Albrey esperava quando um carro preto parou cantando pneus ao meu lado.
— Entra!
        Albrey estava ao volante, e James jogou Penny no banco de trás, onde entrei também. James subiu no carona e o vampiro acelerou.
— Carros legais vocês tem...
        Ignorei o comentário dele, ajeitando Penny no banco e colocando o cinto.
— Falta uma hora para o amanhecer — James falou.
      Um par de olhos azuis me encarou.
— Parece que teremos que trocar de lugar.
       Assenti, enquanto o esconderijo das Darks ficava cada vez mais distante.

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