Quebrantado Por Seu Amor

Capítulo 13

-Alicia Povs.

—Sempre depende da nossa perspectiva... O modo como O vemos vai influenciar o modo como a gente se vê. - Tomás continua. Todos estavam concentrados com a palavra daquela noite. Eu mesma só não errei o fundo musical da pregação porque tocava mais "Oceans" do Hillsong do que qualquer outra música. - Você precisa ter a consciência de que é filho. E que do céus Deus olha pra você e diz "Esse é meu filho amado, em quem tenho grande alegria". Se eu ver Nele um velho chato e extremamente bravo, nunca vou estar seguro o suficiente pra chegar perto e ter intimidade, um relacionamento de amor. Se eu vê-lo só como um Senhor, vou ter o peso de ser um bom servo, e daí as frustrações. Porque meu bom, algo que não dá pra ser sozinho é ser bom. -sorri e a maioria ri, reconhecendo nas suas próprias vidas o quanto é difícil ser bom. - Mas muda totalmente quando O vejo como Pai. Pais não precisam de motivos pra amar os filhos, eles só amam. Do momento em que descobrem que serão pais, até o dia em que morrem e ainda depois... Só o fato de saber que Ele me ama e ponto, muda totalmente quem sou, o que acho de mim. Os medos, as inseguranças, a preocupação com o que vão achar, se tornam nada. Porque se eu tenho o amor maior do mundo, qualquer coisa menor que esse amor, é nada! Amém? -Ele ri e todos explodem em alegria e aleluias. A atmosfera do Céu era clara e quase palpável, e todos pareciam imersos na presença do Abba.

— Pra mim isso é meio complicado de aceitar, mas gosto de pensar nisso, em quem sou. Não o que outros pensem, não o que eu penso, mas o que Ele sonhou. Porque é tão fácil imaginar Deus como um juiz irado, mas tão difícil imaginar Ele sonhando com a gente em cada detalhe, planejando filhos diferentes na sua criatividade e plantando em cada um deles um pouco Dele... E quando estou Nele, Ele não vê as minhas falhas e mazelas, Ele vê Ele próprio em mim, e o sonho Dele se cumprindo. E daí, Ele fica cheio de alegria e diz pra mim como disse sobre Jesus "Esse é meu filho amado, em quem tenho grande alegria". Sabe, hoje o Pai quer firmar a certeza no meu e no seu coração de que somos aceitos pela graça, pela fé em Jesus, somente. Não por quem eu sou, mas por quem Ele é. Não pelo que faço, mas pelo o que Ele fez no Calvário! Somos aceitos pela graça de Deus! E quanto mais imerso Nele você está, mas vai descobrir quem Ele diz que você é, quem Ele te criou pra ser.- Ele conclui.

—Filha amada. - Rebecca sorri abraçando a si mesma.
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Sentada sozinha em um jardim, a moça abraçava suas pernas, tentando achar alento em si mesma. Não parecia triste, parecia confusa. De vez em quando, olhava ao redor vendo a paisagem do jardim. Estranhava o fato de não ver muitas flores e cores naquele jardim, já que era primavera. Mas logo mergulhava novamente em seus próprios pensamentos.

Pouco distante dali, Ele a observava atentamente, esperando seu chamado. Seus olhos viam a situação completamente diferente: ela via confusão, e o Pai via Ele mesmo tecendo uma história onde Ele era exaltado.

O coração da menina estava em Suas mãos. Cada vez que ele se retraia em dor, em medo, em insegurança, Ele sentia em Seu próprio coração a angústia da filha. Mas nada pode tirar de Seu coração a alegria do amor que tinha e tem por ela. Quando mais sentia suas dores, mais Ele sonhava -e determinava- coisas belas a respeito dela.

Quando ela suspirou fundo, Ele pode ouvir o sensível sussurro de sua alma clamando "Abba, Papai". Então, se levantou e foi. Sentou ao seu lado silenciosamente, e a menina só percebeu Sua presença quando este pegou sua mão. 

Ela queria dizer algo, mas não havia sons, nem palavras. Queria de alguma forma expressar tudo o que sentia, mas por fim, somente olhou nos olhos do seu Pai e desejou que Ele compreendesse tudo aquilo, porque ela mesma não entendia nada daquilo. 

—Eu entendo, filha.

Aquelas palavras acertaram seu coração em cheio. Medos, fortalezas, dúvidas, forças... Tudo começava a desmoronar diante do doce som de Sua voz. Então, jogou sua alma no colo de Seu pai. 

—Eu conheço cada milímetro da confusão de sentimentos e emoções que há em você. E por mais que não entenda, eu entendo, filha. Pois todo o céu tem visto a sua perseverança, cada vez que escolhe não se render as dores, mas se lançar em meus braços. O vento soprou  forte, eu sei, e você perdeu seus sentidos. Tenho escutado seu choro durante as noites clamando a mim não por riquezas e honras, mas por uma identidade. Pra saber quem Sou e quem você é em Mim. E eu me alegro tanto em você, menina. Pois você decide continuar caminhando e confiando em mim mesmo sem entender nada. Continue esperando em Mim. Logo, você verá que tenho o controle de tudo em minhas mãos.

—Abba, aumenta minha fé. Me ensina a esperar em Ti. Eu quero ter prazer e alegria em amar Você, ainda que eu não tenha as respostas que preciso. Eu sei que se estiver perto de Você, já é o suficiente pra mim.

—Eu sempre estou perto, até a consumação dos séculos. -Ele responde. O silêncio reina por um tempo, até a menina suspirar.

—Pai, você sabe o que tem no meu coração, não sabe?

—Sim, sei de tudo. Inclusive a sua vontade de conhecer Meu coração.

—Isso é lindo. -ela sorri. E naquele momento, admira a expressão alegre do rosto do Pai. Os olhos ternos e brilhantes, o sorriso calmo e feliz. O Pai, da mesma maneira, admirava Sua filha. Sua própria glória que refletia em seu rosto, a beleza de Sua criatividade em cada detalhe dela. E lembra-Se, então, da alegria que sentia quando sonhou com ela na eternidade; quando o coraçãozinho começou a bater naquele ultrassom; no primeiro "Papai do céu" balbuciado aos 11 meses e poucos dias... Ele é seu Pai, ela é Sua filha. E nada a separará do amor Dele.

—Então filha, quer sonhar meus sonhos?