3 - accident

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Harry estava dormindo. Ele ama dormir. Se pudesse escolher um esporte favorito com certeza seria dormir. Ele piscou devagar e voltou à consciência. Seus olhos claros arderam um pouco, mas logo se acostumaram à claridade. Ele achou que talvez seu telefone estivesse tocando, mas isso soava ridículo, pois ninguém nunca ligava para ele. Até porque não tinha motivos nem quem ligar.

Levantou-se e tomou uma ducha morna, deixando seus cachos ficarem encharcados e seu corpo relaxado. Ficou lá por algum tempo e saiu vestindo boxers pretas e uma camisa velha de banda. Na cozinha fez algumas panquecas e café. Sentou-se à mesa e degustou tudo somando cobertura de mel. Ele amava aquela calmaria. Silencio. Paz. Solidão.

Levantou-se da mesa e como era sábado nem se importou em vestir calças. Sentou-se no sofá e caçou algum canal interessante. Programa de sobrevivência no Discovery. Ele escolheu, mas nem prestou atenção, sua mente vagava em Louis. Porque um garoto rico moraria na rua? "motivo ridículo...". Qual seria esse motivo?

Bufou e voltou para a cama, ligou uma musica em seu laptop e deitou-se entre os edredons. Qualquer vontade de sair que ele pudesse ter tido sumiu. Pela frustração talvez.

Enquanto Harry adormecia em sua cama macia, Louis vagava pelo Green Park. Ele se sentou em um banco e divagou em seus pensamentos sobre qual motivo levaria Harry a ajuda-lo. Sendo que nem o conhecia. Louis agora olhava para o céu que estava escurecendo, mas não era noite. Era chuva se aproximando e um medo tomou conta de seu peito. O que ele faria? O homem da padaria deixou claro que não queria mais vê-lo ali e ele não saiba para onde ir. Era cedo, as pessoas estavam andando apressadas de loja em loja em busca de suas compras e uma volta tranquila e rápida para casa, sem tem que se molhar.

Tomlinson então andou até a marquise de uma loja e ficou por ali por um tempo, logo a chuva começou a cair sem vigor. Ele estava protegido e seco, por enquanto. Sentou-se ali mesmo depois de um tempo em pé. Era tão ruim morar na rua... Ele estava tão cansado de ser olhado como um vagabundo sem futuro, como se estar na rua fosse uma opção ou qualquer coisa deste gênero.

A chuva acalmou um pouco, mas ele não tinha motivos para sair dali. Ele não tinha para onde ir. Então escorou a cabeça na parede do edifício e fechou os olhos, aproveitando o aroma da chuva e o som dos carros que iam e vinham também liberando cheiros nada agradáveis.

Quando seu corpo amortecia e ele entrava na inconsciência, uma luz forte tomou seus olhos e um som alto de freios foi ouvido naquela rua. Tomlinson não teve tempo de muita coisa, apenas abriu seus olhos sonolentos e viu que um carro chegava sem controle em sua direção. Seu coração parou e ele sentiu seu corpo ser atingido por aquele automóvel. Pedaços do edifício se multiplicaram em milhares de pedaços, machucando aquela pele dourada. Viu a morte chegar e se entregou a ela, como se essa fosse a ultima esperança e como se ele não se importasse em morrer.

Quando seus olhos receberam iluminação novamente e ele percebeu que havia muita movimentação á sua volta. Seus olhos estavam loucos a procura de algo que conhecesse. Ele não se movia seu corpo não correspondia aos seus comandos. O que estava havendo? Por um momento começou a pensar "quem sou eu?", mas isso o apavorou e ele forçou-se a lembrar. Então em sua cabeça agora estava à repetição de "Louis Tomlinson; 17 anos; 24/12/1991; Doncaster; Johannah e Mark; expulso de casa; sem família agora".

- Garoto você pode me ouvir? - um homem fardado chegou a seu campo de visão, estava tudo embaçado, mas ele conseguia ver.

- Sim - não sabe como, mas a resposta saiu de seus lábios juntamente com um gemido angustiado de dor.

- A ambulância está chegando, fique calmo. Você tem algum responsável ou alguém para que possamos ligar? - os olhos do acidentado arregalaram, ele não tinha ninguém. Quando começou a mover a cabeça negativamente, lembrou-se de Harry. Ele poderia ajudar, claro que sim. Louis não sabia se estava abusando da boa vontade do cacheado, mas ele mesmo disse "para qualquer coisa". Era uma coisa importante.

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