8- dangerous now

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Harry acordou-se devagar. Seu corpo estava gelado pelo frio que passara durante a noite. Sentiu suas mãos duras e ao tentar move-las sentiu algo empoeirar-se ali. Seu cenho franziu e ele abriu os olhos preguiçosamente, encarou as mãos vermelhas de sangue seco esfarelando. Em um pulo ele levantou da cama e correu para o banheiro, encarou-se no espelho e seus lábios carnudos despencaram ao chão ao ver sua roupa suja com sangue desconhecido. Desesperado, arrancou a camisa depressa a jogando na pia do banheiro e esfregando-a junto à água que saia da torneira  que ele ligou. Jogou sabão liquido por cima e suas mãos tremulavam nervosas e apertavam o tecido molhado na esperança de que aquele vermelho desaparecesse. Ao molhar o sangue, o cheiro salgado de ferro proferido do mesmo se dissipando pelo ambiente entrando em contato com os pulmões do encaracolado fazendo-o gorfar na vontade de disparar vomito, mas segurou-se até alcançar o tampo do sanitário onde, depois de conseguir abrir, vomitou tudo de seu estomago suando frio e com a visão embaçada.

Depois de liberar tudo, sentou-se de frente ao sanitário encostando suas costas nuas na parede gelada arrepiando-se. Respirando pesado começou a lacrimejar e chorar murmurando fracos e repetido “o que eu fiz?”, completamente desesperado. Ouviu sua pia transbordar água rosada e levantou-se rápido para conter o vazamento desligando a torneira. Ergueu a camisa manchada e deixou a água ir embora pelo ralo.

               Despiu-se por completo largando as roupas pelo chão, entrou então em baixo do chuveiro lavando seus braços sujos e manchados e seus cachos onde havia sangue endurecido. O chão de azulejos claros tornou-se rosado e casquinhas de sangue impregnavam nos rejuntes. Passou shampoo adocicado em seus cachos e ensaboou-se, enxaguando-se depois. Pegou uma toalha no suporte e secou-se. No pequeno guarda-roupa pegou uma Boxer e roupas limpas. Apesar de ter se acalmado e agisse como nada estivesse acontecido certo medo tomava conta de seu coração que parecia endurecer a cada segundo e com cada pensamento. Ele forçava sua mente a lembrar da noite passada, mas ela o traía com um borrão negro.

               Quando vestido, voltou ao banheiro e puxou a descarga. Depois pegando as roupas sujas e as levando até a maquina de lavar que enchia. Voltou outra vez ao banheiro, mas agora com um rodo e um pano encharcado de produto de limpeza com cheiro de eucalipto. Secou o chão e dentro do Box e depois limpou a pia. Quando tudo parecia limpo ali e sem cheiro de sangue, ele seguiu para a cama onde estavam os lençóis ensanguentados. Suspirou pesado e criou coragem de desfazer a cama tirando primeiro a colcha e depois os lençóis. Quando o ultimo lençol era removido, a arma do crime da noite anterior, até então perdida, caiu aos pés dele fazendo-o arregalar os olhos e tremer.

               Seu coração disparado o fez fechar os olhos e inspirar profundamente. Ele tinha levado um susto. Abaixou-se devagar e pegou a faca pelo cabo, segurando firme com suas juntas já esbranquiçadas. Levou até a pia da cozinha e lavou-a com detergente, fazendo bastante espuma. O cheiro o pegou desprevenido outra vez, mas ele forçou-se a ignorar. Depois colocou os lençóis na maquina de lavar e esperou para estendê-los.

               Por algum motivo ele estava agindo com normalidade. Era como se ele tivesse molhado a cama ou passado mal e estivesse limpando o apartamento. Ele estava agindo normal demais para quem tinha sangue por todo apartamento.

               Na hora de buscar algo para almoçar, viu seus tênis próximos a porta e sujos também, mas ignorou e buscou seus coturnos pretos bem lustrados. Vestiu-os junto com uma skinny preta e uma camisa branca coberta por uma pesada jaqueta de couro. Pegou a carteira que estava na bancada da cozinha e o celular que ele tinha, mas que não servia para nada. Trancou a porta e desceu pelo elevador, dando um aceno ao porteiro como um bom dia. O porteiro apenas sorriu terno e abriu a porta que estava fechada por causa do vento.

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