Capítulo 9 - O Portal

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  O fogo negro ja navegava suntuosamente pelos céus, as nuvens pareciam o mar, e os golfinhos eram cavalos alados, na escolta, voando cortando as densas nuvens. Seguiam na direção sudeste, a uma media de 80km/h, uma distância de cerca de 1500km em linha reta, para encurtar a distancia, rumo à montanha dos gigantes. A vista era fantástica. Um mar branco, com abismos enormes, e o navio passando por esses abismos, e deles podia se ver tudo minusculo lá em baixo.
- Vamos para os convés, o frio já está ficando insuportável.- Falou o príncipe para Elisa, e desceram por escadas verticais.
     O capitão Beiruque, que com roupas muito grossas e pesadas para suportar o frio, segurava o leme, gritava:
- Inflem as balonetas! - As balonetas eram balões menores que ficavam dentro do grande balão de gás hélio. Eles inflavam com oxigênio do próprio ar, que é mais pesado, para que estabilizasse, pois os ventos estavam a favor. Nas bordas do navio, ficavam soldados com espadas embainhadas e lança nas mãos, para proteger contra criaturas aladas, como harpias e grifos.

                           .....

     Um dos sacerdotes da irmandade da deusa matriarca, caminhava pelas redondezas do castelo de Lienór, com seu habito marrom e capuz na cabeça. Seus pés congelavam sobre o solo frio. O sol não era suficiente para diminuir aquela sensação térmica. Os guizos amarrados em sua cintura, se agitavam a cada passo. Era um cenário bucólico, camponeses cultivavam legumes, usando magia para proteger a plantação do frio. Quando o sacerdote passou, um camponês, que fazia seu trabalho na terra, o cumprimentou.
- A benção da mãe, irmão.- Mas o sacerdote, não manifestou reação alguma, continuou andando apático. Chegou numa certa distância, avistou o lugar exato para o ritual. Eram duas arvores centenárias, com uma distancia de cerca de 4 metros entre elas. O sacerdote se posicionou na frente, apanhou os guizos da cintura e estendeu a mão. Começou a falar palavras magicas, numa lingua antiga, anterior ao latim.
- Spirito de praula sorĉistoj stangojn. Donu al mi vian potencon. Malfermita trairejo al via soldatoj.- repetiu varias vezes enquanto balançava os guizos. Então uma grande parede gigante de fumaça densa se formou entre as arvores, era um portal. Da fumaça saiu um homem com aparência humanóide em cima do esqueleto de um cavalo. O cavalo trotou para fora e o humanóide apontou sua espada avante. Uma horda de criaturas demoníacas começaram a sair do portal. Figuras que pareciam humanas, mas altas e magras, monstros com dentes enormes, criaturas de 6 braços, gigantes, eram horrendas. Todos carregando armas nas mãos, como espadas, lanças, tochas de fogo, massas, machados. A horda se espalhou correndo, passando ao redor do sacerdote, sem feri-lo. Era uma grande massa monstruosa destruindo tudo que viam pela frente. Ao entrarem na cidade, as pessoas começaram a correr desesperadas, umas era pisoteadas. As criaturas invadiam casas, tiravam as crianças de dentro e as assassinavam junto com suas famílias. Alguns monstros mais ágeis corriam por cima dos telhados, outros voavam com suas asas de morcego. Os gigantes arremecavam pedras enormes. As hordas corriam por entre becos e vielas, indo em direção ao castelo. Do alto da torre, as corujas de vigia lançaram seus alarmes. Os soldados se organizaram em posição de defesa.
     - Fechem os portões. - Gritou um dos comandantes de tropas. Rapidamente moveram as engrenagens, fechando o Grande portão e as grades de ferro. As pessoas que moravam fora dos portões, se prensavam para conseguir passar antes que eles fechassem. Um dos comandantes correu pelos corredores do palácio, ao encontro do rei, que ainda lamentava a morte do seu filho Ario, sentado em seu trono.
- Majestade! A cidade está sendo atacada. São enumeras criaturas do fogo azul.- Falou o comandante. O rei se levantou do trono, apanhou sua espada e correram para as muralhas internas.
- De onde estão vindo?- Perguntou o rei.
- Do sul senhor. - Respondeu k capitão.
- Mas por que do sul? Se Flea fica ao norte.
- Ainda não sabemos.
     O comandante Déspota. Um dos mais respeitados, abaixo do general Killian, comandava as tropas de cima das muralhas.
- Organizem os cavalos alados! Atenção! - Gritou o comandante Déspota. O líder dos cavaleiros aladas deu a ordem, gracas aos treinamentos intensivos, em poucos minutos, os cavaleiros já estavam com suas armaduras de batalha, e os cavalos devidamente armados, com lanças horizontais presas a armadura. Os carros de batalha, saiam pelo portão norte do castelo onde estavam seguros. Eram carros de ferro e madeira, com lanças e laminas giratórias no entorno do carro, puxados por grandes rinocerontes de pedra. O portão norte se abriu e os guerreiros saíram em marcha. O comandante Déspota, subiu em um dos cavalos alados e desceu voando para o portão norte. De encontro aos guerreiros para lidera-los.
     Algumas das criaturas menores e mais ágeis, como animais zumbis, outros que saltavam com grandes pernas e as aladas chegaram primeiro às imediações do castelo. Os cavaleiros alados os interceptaram. As lanças dos cavalos mataram muitos antes que chegassem aos cavaleiros que os cortavam com suas espadas. Em solo, as criaturas devoravam na ponte, as pessoas que não conseguiram entrar nos portões antes que fechassem. As pessoas se defendiam com enchadas e picaretas, mas estavam sendo trucidadas. Dando a volta nos muros do castelo, o comandante Déspota liderava seus homens, rumo ao portão sul. Entraram em confronto com as criaturas, e estavam obtendo sucesso, devido suas armaduras e espadas bem afiadas. Do alto dos muros, os arqueiros lançavam flechas com palavras magicas entalhadas na madeira, que ao acertarem as criaturas, explodiam, e os mestres da pólvora, atiravam de canhões e lançadores de granadas. Em solo,  no confronto direto, havia certa facilidade, os soldados lutavam contra criaturas que eram mais ossos que carne. No castelo, inflavam os balões com gás Hélio, que subia com 3 tripulantes, carregado de granadas, armas e canhões de pólvora. Em solo, aos poucos, o fluxo de criaturas traziam seres mais fortes, aumentando a dificuldade dos guerreiros. Muitos homens foram abatidos, mas o exercito estava de pé, e chegavam mais homens, para compor o segundo pelotão, sob as ordens do comandante Axel, um homem leão de dois metros e meio. Vinham abertos como um arco, contornando as criaturas por fora. Os carros de guerra, puxados por rinocerontes, acompanharam o segundo pelotão, fazendo um circulo ao redor das hordas, formando um cerco, matando-as com suas laminas giratórias. E continuavam chegando mais demônios, das ruas e vielas.
     A princesa Selene e a rainha se protegiam dentro da fortaleza do castelo, junto com a Elite de Lienór.  - será que Elisa, meu irmão e os outros estão bem? Lá fora.- Falou Selena com um dos conselheiros.
- Tem que está! Não vou suportar perder mais um filho.- A rainha Tertuliana começou a fazer escândalo, chorando alto.
- Se acalme minha mãe.- Tudo vai ficar bem.
     Uma duquesa falava com o duque. - Como se já não bastasse toda essa confusão, o que um rainha louca pode fazer por nós?
- Se acalme meu amor. Sabemos que ela sempre teve uma mente oscilante, a perda de um filho desestabilizou ela ainda mais.

                           ......

     No povoado próximo a onde foi aberto o portal, morava uma bruxa que vivia afastada da cidade, proibida pelos sacerdotes da matriarca, de usar seus poderes sob pena de morte. Observando por trás das arvores, a bruxa via a destruição no vilarejo, causada por aqueles monstros. Crianças mortas e casas destruídas. As plantas apodreciam por onde as hordas passavam. A bruxa era inimiga dos sacerdotes e contra tudo que viesse deles. Ela foi para trás do portal e usou um encantamento para que os guizos na mão do sacerdote pegassem fogo, os guizos caíram no chão e o portal começou se enfraquecer. O sacerdote ainda assim pegou os guizos em chamas, mesmo gemendo de dor, continuou balançando os guizos e pronunciando as palavras mágicas. A dor ficava insuportável, as mãos já estavam virando carne queimada. A bruxa aumentou a intensidade do encantamento e o sacerdote não conseguiu segurar os guizos. O portal se fechou. A ultima criatura a sair, foi um monstro horrendo com armaduras, e uma espada enorme e pesada. Olhou para a bruxa, soltou um grande rugido e avançou contra ela, enquanto o sacerdote se contorcia no chão de dor. A bruxa lançou um encantamento de auto proteção contra criatura das trevas e o monstro parou. Recuou e seguiu para o castelo.

                            .....

     No castelo chegavam gigantes de 6 metros. O chão tremia a cada passo. Nos céus, algumas criaturas furavam o bloqueio dos balões e cavaleiro alados, e conseguiam voar sobre os muro do castelo agarrando soldados e civis de dentro do castelo. Podia se ver algumas criaturas aladas voando com pessoas presas em suas garras e soltando do alto. Os gigantes com grandes troncos rebatiam vários guerreiros pela frente ate chegar aos portões do palácio. Um dos gigantes agarrou no portão de ferro, sacudindo-o, para arrancar. Entre as hordas vinham homens toros enormes, cheios de armaduras e machados nas mãos. Entre os guerreiros do reino, também haviam homens de dois metros e meio, com armaduras reforçadas e grandes espadas. Um deles agarrou nos chifres do homem touro e o derrubou no chão. O comandante Axel, o homem leão. Lutava usando a espada na mão direita, as garras e os dentes afiados. O segundo gigante de cerca de 6 metros chegou aos portões de ferro e começou balançar também. As grandes dobradiças ja estavam sedendo. Do alto das muralhas atiravam flechas, mas pareciam nao surtir efeito. Os canhões foram destruídos por criaturas aladas. Não podiam lançar explosivos para não danificar os portões. O terceiro pelotão chegava pelos contornos do castelo, saindo do portão norte. Fazendo a mesma estrategia, os carros puxados por rinocerontes armaram o cerco em volta das hordas, preparando a chegada do terceiro pelotão, liderado por Órion, um velho nórdico, brutalmente valente. Que ao chegar a frente do pelotão, ja bateu de frente com Bároum. Uma criatura repitiliana, muito ágil, que vivia nos pântanos dos sussurros. Tinha o tronco de uma figura humanóide com pele de réptil, e o corpo de serpente. Foi morto pela feiticeira, e reviveu com o fogo azul para cumprir suas ordens. Órion correndo, apertou sua espada e aprontou para golpear o homem cobra, que usava uma espada em cada mão. Quando Órion o atacou, ele se esquivou. Num giro, Bároum envolveu Órion com sua calda, e com facilidade, cortou sua cabeça. O pelotão sob o comando de Órion, ficou desnorteado, mas continuaram o ataque. O pelotão de Déspota estava perecendo, quando os homens de Órion, chegaram em fila, perfurando as hordas. O dois gigantes arrancaram as grades e socavam os portões de madeira. Ao perceber, Axel, o homem leão correu e saltou sobre as costas de um dos gigantes. Axel era ágil e os gigantes tinham a força. O gigante se balançava, mas não conseguia se livrar do guerreiro, então se jogou de costas contra a parede. Axel apoiou os pés na parede e resistiu ao impacto. Com muito esforço ele impulsionou contra a parede, caindo da ponte para o rio junto com o gigante. As hordas estavam em imensa minoria, mas haviam de pé ainda, monstros muito poderosos. Bároum, o homem cobra enquanto atacava um guerreiro, Déspota cortou lhe a cauda próximo a cintura. O homem cobra perdeu o equilíbrio e mesmo tentando se defender, Déspota o decapitou. O gigante conseguiu destruir o portão. E quando o fez, havia um canhão imenso dos mestres da pólvora. O disparo do tiro perfurou o peito do gigante. E o último pelotão que guardava o interior do castelo saiu, e venceram a batalha.
    

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