Era escuro e frio. Um pânico subia-lhe a espinha, ao passo que ela recuperava a consciência. Elisa sentiu uma parede de pedras ao correr a mão, e eram meio úmidas. Uma parte emadeirada e uma fresta acima, um trinco. Elisa girou, e ao abrir a porta, pessoas dançavam, outras debruçadas no balcão da taverna, bebiam enormes canecas de cerveja. Uma dama de vermelho, sensualizava para um velho, mostrando-lhe seus fartos seios. Os homens se afundavam em prazeres e vícios.
Elisa se viu no espelho da pilastra. Aqueles seus cabelos negros e curtos até o pescoço. As pessoas a encaravam e via-se alguns cochichos aos ouvidos, de certo falavam de suas roupas, aquele jeans, com uma camisa branca e uma camiseta de manga cumprida aberta, xadrez azul, e uma mochila marrom. Ela mesmo percebia como destoava. Elisa se apressou logo em sair daquele lugar, antes que fosse confundida com as prostitutas dali, que pretendiam lucrar com a fraquezas dos homens.
Ao sair, sentiu aquele frio da noite, quase uma carroça de transporte puxada por um cavalo preto a atropelou. A menina estava tão confusa, com a mão na cabeça tentava aliviar sua tontura, não havia nada em sua mente, só um vazio e alguns fleches de um grave acidente. Não era fácil identificar onde estava, a arquitetura era uma grande mistura medieval com seculo XVIII, e aspectos orientais com árabes. Mas uma coisa era certa, havia destruição. Muitas construções demolidas, mendigos nas ruas, um caos dominava aquele lugar. Varias pessoas se amontoavam em volta de uma carroça, onde um homem encapuzado entregava pães.
Em meio aquele alvoroço, onde a menina tentava organizar seus pensamentos, uma leve vibração no solo, formigava a ponta dos dedos dos pés dentro dos sapatos. E percebeu a multidão, que antes tentava puxar um pedaço de pão, parar. Estagnados, sentiam a vibração se tornar um tremor aos sons de correntes e barulhos amedrontadores.
A multidão rapidamente se dispersou entre becos e todos os buracos que encontravam, janelas se fechavam, luzes se apagavam. Um velho de uma perna só, que se apoiava numa muleta e vestia roupas rasgadas, gritava: "Os demônios estão vindo! Salvem suas crianças! O mal se aproxima, esta noite as mãe chorarão sobre o sangue dos seus filhos." No meio da confusão, Elisa acompanhou o fluxo para nao ser pisoteada pela multidão.
Foi parar entre os escombros de um casebre, entre vigas de madeira. O tremor aumentou e os gritos eram aterrorizantes. Num Fleche, Elisa viu pelas frestas dos escombros, eram como uma manada de búfalos ferozes e famintos passando. Mas antes fosse isso, o que ela viu foi muito mais aterrorizante. Esqueletos humanos correndo com espadas e tochas, carruagens puxadas por cavalos deformados, alguns sem cabeça. Todos estavam mutilados com os olhos flamejando uma chama azul.
Haviam vários animais, tigres com dentes enormes, homens com cabeca de touro, de bode, de porco. Criaturas horrendas e indescritíveis. Pareciam hordas vindas do inferno. O velho ainda gritava, "Demônios!!", do meio da rua, ate ser pisoteado pela horda demoníaca. Entre a horda que passava, um humanóide chifrudo montado num cavalo sem cabeça parou, desceu do cavalo e se abaixou perto do velho. Retirou de dentro de uma lanterna, um fogo azul, pôs dentro do peito do velho e voltou a correr sobre seu cavalo.
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Guardiões entre mundos [RASCUNHO]
FantasyUm mundo dentro de outro mundo, em que nivel estamos? Desde antes de Adão e Eva ao fim do mundo. O livro conta a história de varias pessoas com um ancestral em comum, a matriarca, que graças ao desenvolvimento de uma determinada região cerebra...