Esses dias tive dando uma folheada em um livro, daqueles que incluem resumões de algumas páginas de pensadores contemporâneos, e deparo-me com o "idealismo kantiano" primeiramente proposto por Kant, e mais importante ainda (para a reflexão que gostaria de encaminhá-los): Fichte com seus complementos.
O conceito de idealismo de Kant alega que o homem cria os elementos do conhecimento, as categorias pelas quais entendemos que o mundo existem "a priori", a partir disto e em consequência nossa condição de seres com experiências, conhecemos o mundo. Também diz que "somente aquilo que está em nós pode ser imediata e diretamente percebido e somente minha própria existência pode ser objeto de uma mera percepção". A partir disso temos que a percepção de um objeto real fora de mim nunca pode ser dada direta e imediatamente percebida, mas pode ser acrescentada em pensamento à percepção, o que constitui alteração no sentido externo (há consequência real). :. temos o mundo fora do sujeito x que tem as coisas de fato e temos outras coisas que dependem da experiência do mesmo sujeito x.
Meio século depois foi quando Fichte abriu a boca: ele tentou sistematizar o idealismo de Kant. Fichte foi uma criança prodígio saxã, o que é bem impressionante. Ele desenvolveu uma doutrina científica com um nome complicado em alemão (que eu esqueci, perdão) e foi aí que trouxe o idealismo kantiano. Afirmava que o conhecimento dependia da consciência; essa consciência era chamada de ego absoluto (E.A.) e também chamada de sua consciência de Deus. Deste E.A. cresce/emerge os egos individuais (E.I.) dependentes de nossa experiência; o objetivo dessa doutrina científica com um nome complicado em alemão é descobrir o E.I. a partir do E.A. :. a partir da sua fonte de fé/consciência do celestial. [E.A. + ? = E.I.]
Agora eu chego onde pretendia: proponho a reflexão sobre o E.I. de um sujeito cético.
Se o "condutor" de conhecimento é apenas acionado por o que está em nós e pode ser diretamente e imediatamente percebido, isso se esconde em nossa existência, que por sua vez é objeto de mera percepção. Uma mera percepção (existir) é uma experiência "registrada", que aciona um conhecimento e é percepção de objeto real a ser diretamente notado; isso ocasiona o E.A. de um ser e o E.A. nos leva a E.I., temos que nossas experiências são nosso "Deus". Então sem Deus, sem E.I.; porém se você é um ser com experiência mesmo se for cético, adquires E.I. como consequência natural da percepção de sua própria vida. Você conduz seu conhecimento: você é seu próprio Deus ou consciência do mesmo em razão à suas percepções (seja elas de sua existência ou de objetos que "causaram" conhecimento - por serem experiências temos uma consequência real).
Creio que devo concluir que o maior objetivo da vida enquanto ser empírico é existir. Queria muito saber o que acham disso, e caso alguém tenha lido até aqui, obrigada.
(queria também deixar esse parágrafo para agradecer Fichte pela brilhante ideia de trazer o nacionalismo alemão, que sabemos como terminou, e por subir no bonde da Hannah Arendt quando ela afirmou que judeus são desleais e que a única maneira de judeus merecerem direitos civis seria se "cortar fora todas as suas cabeças em uma noite e colocar sobre seus ombros novas cabeças, que não deveriam conter sequer uma ideia judaica", que a gente certamente também sabe como terminou. Minha família agradece.)
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HOWL // poesia
Поэзияa forma mais crua de tudo que fui. (C) ITMEANSWAR, art on the cover "Saturno devorando a un hijo" (1819-1823), by Francisco Goya.