xxxvii. caos foi a primeira criatura da mitologia grega, por que não da minha?

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TODA VEZ QUE ALGUÉM ME PERGUNTA o que quero ser quando crescer penso em caos. O caos cor de sangue no nó em meus dedos. O caos cor de fumaça da massa do meu cérebro. O caos incolor de tudo que sou. 

Cresci em meio ao caos, nunca esperei nada diferente de mim. Eles, embora, esperaram tudo diferente. Viam em mim aquela menina esperta que tinha o CPF dos pais e o CEP de casa decorado aos sete anos, viam aquela menina de pensamento rápido que participava de campeonato de xadrez, mal sabiam que a menina mesmo era míope e não via um palmo à frente. 

E com essa realização exerço minha função no universo: colorir o nó branco de meus dedos de vermelho.

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