TODA VEZ QUE ALGUÉM ME PERGUNTA o que quero ser quando crescer penso em caos. O caos cor de sangue no nó em meus dedos. O caos cor de fumaça da massa do meu cérebro. O caos incolor de tudo que sou.
Cresci em meio ao caos, nunca esperei nada diferente de mim. Eles, embora, esperaram tudo diferente. Viam em mim aquela menina esperta que tinha o CPF dos pais e o CEP de casa decorado aos sete anos, viam aquela menina de pensamento rápido que participava de campeonato de xadrez, mal sabiam que a menina mesmo era míope e não via um palmo à frente.
E com essa realização exerço minha função no universo: colorir o nó branco de meus dedos de vermelho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HOWL // poesia
Poesiaa forma mais crua de tudo que fui. (C) ITMEANSWAR, art on the cover "Saturno devorando a un hijo" (1819-1823), by Francisco Goya.