naquela noite de sábado
nossos corpos iluminavam a luz do luar,
corpos cor de mármore que irradiavam mais que
bombas nucleares em mundos apocalípticos
e realidades sírias que nunca viveremos;
seus cabelos longos lutavam com garras
com as partículas atômicas do ar,
mas a vitória era certa:
ventos levavam casas
e vidas, afinal de contas.
suas palavras bonitas falavam por nós dois
porque você conhecia demais sobre
literatura europeia e eu sou descomprometido
demais para me comprometer a ler mais de um livro escrito
com a mesma ideologia
(e talvez eu não estivesse falando tanto
porque estava tentando não deixar
areia entrar na minha bunda).
lembro de colocar um cigarro daqueles de menta,
o mesmo que mata milhares todos os anos,
na boca e escutar
você falando tudo aquilo que eu
já sabia sobre cigarros e bocas e saúde
e menta e sabotagem.
e também lembro de guardar o cigarro
e pensar em tudo aquilo sobre cigarros e bocas e saúde
e menta e sabotagem como se fosse a primeira vez.
você é bom com palavras.

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HOWL // poesia
Poetrya forma mais crua de tudo que fui. (C) ITMEANSWAR, art on the cover "Saturno devorando a un hijo" (1819-1823), by Francisco Goya.