A cada jogada sua de cabelo eu me via mais envolvido na fala, mais atraído por sua escolha de palavras, aquelas referências de mitologia que só eu entendia, as metáforas tão particulares vindo bem de seu ponto de vista ocular: um marginal.
Por mais que o significado havia tornado-se banal, marginal é quem vive à margem da sociedade, não um assassino ou algo mais cabeludo.
Escrevo hoje logo após chegar em casa, em companhia da voz de Jack White e da luz de meu monitor, tentando com estes, criar um diálogo com meus pensamentos enquanto entrançam minhas memórias.
Curiosamente, planejamento não mais cauteloso de que uma gravidez de surpresa no Carnaval, nos pego ficando sozinhos. Todos os nossos amigos vão para o que quer que seja mais atraente e ficamos ambos marginalizando em conjunto. Você faz aquela piada esquisita ao Hank Pym e eu sorrio. Eu faço aquela referência questionável ao Zack Snyder e você completa com uma piada com o J. J. Abrams e mesmo eu não vendo tanta graça nem na piada nem no trabalho dele, eu rio mais uma vez.
Você era um dos melhores amigos de meu melhor amigo e me pergunto como ele nunca havia compartilhado comigo seu interesse em mitologia. Finalmente descubro alguém para discutir a dualidade de Hel, a cordialidade de Ares ou a plenitude de Punga.
Eventualmente nossa resenha vira um debate de questões filosóficas. E a teoria do multiverso? E simulação? Será que os Estados Unidos planejaram o ataque às Torres Gêmeas? Por que o homem é corrupto? E pela primeira vez te vejo falar em alto e bom som por mais de cinco minutos. Me apaixono por cada palavra e gaguejo.
Como alguém com um ponto de vista tão único e especial priva o mundo de ouvi-lo?
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HOWL // poesia
Poesiea forma mais crua de tudo que fui. (C) ITMEANSWAR, art on the cover "Saturno devorando a un hijo" (1819-1823), by Francisco Goya.