xxxiii. as grades que me separam da cidade

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pelo jeito que o sol nasceu

considerei que o culpado não era eu

afinal de contas minha mãe não fez na maldade

ela tentou segurar as pontas mas quem me criou foi a cidade

meu pai sumiu cedo

só me deixou o sobrenome "macedo"

já a dona francisca se virou na dela

abandonada e sozinha nas viela da favela

fiquei assim por falta de opção

ou tu era traidor ou tu era ladrão

decidi ter dinheiro pra comprar mortadela pro pão

mal sabia que não teria como depois pedir perdão

pelo barulho do sapato dos guarda

soube logo que era uma quarta

quarta era dia de visita

e ficávamos nas grades como iscas

mas nesse dia foi mais especial

iria acontecer algo digno do jornal nacional

o presídio pertencerá a bandidagem

e quem for contra vai levar sacanagem

enquanto via meus parceiro

apontando a pistola na cara do porteiro

eu queria defender e falar

"libera aí pra nós ninguém nasce pra matar"

é difícil nascer às margens da cidade

e tentar de fora pra dentro uma chance na sociedade

os playboy te olha de cima pra baixo

e as mulher te trata como fosse capacho

não escolhi não senhor

quem olha de perto vê que ainda teve quem tentou

e os cara ainda teoriza sobre o problema

nas faculdade como se preto e pobre tivesse entrada no sistema

no crime não nasci mas aqui me criei

o único conforto que encontrei

foi transgredindo a lei

HOWL // poesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora