HOWL // poesia

xliii. peixinho fora d'água

em meio aquela lanchonete
corpos bronzeados torneados coloriam
os meus olhos como
o oceano coloria a areia da praia de Itacoatiara

até que por fim
um tecido que envolvia ossos
da cor de papel (o tecido e os ossos)
manchou a pintura cor de chocolate

era um alguém não muito alto
vestindo preto dos ombros aos joelhos
óculos deslizantes por causa do suor

depois de cumprimentar um conhecido
a realização de estar manchando esse mosaico brasileiro foi demais

e saí correndo -- o papel de minha pele enxugou minhas lágrimas.